O processo de globalização, assente nos notáveis avanços das tecnologias de informação e comunicação constituem o principal suporte do processo de internacionalização e interdependências, da concentração e do domínio do capital financeiro e da desconcentração da actividade produtiva relativamente ao centros decisórios. A deslocalização de empresas na procura de baixos salários e de trabalho sem direitos, a especulação financeira e a criação de paraísos fiscais são um claro exemplo dos actuais “benefícios” desta mundialização que, em Portugal e na Europa têm tido as consequências que todos conhecemos – desemprego, pobreza, exclusão social e, não menos importante, um grande desencantamento com o sistema democrático que, obviamente, se tem traduzido pelo afastamento de muitos cidadãos (demasiados) do exercício do direito de cidadania.
Mas a utilização das tecnologias de informação e comunicação abriram, igualmente, possibilidades para a resolução de muitos dos problemas que actualmente afectam a humanidade. Só o domínio e a apropriação destas ferramentas tecnológicas, por parte dos grandes grupos económicos transnacionais, têm impedido a democratização do denominado processo de globalização. O que se exige não é o fim da globalização, antes pelo contrário, exige-se mais globalização, exige-se que a globalização seja económica, social e cultural e, que os progressos científicos e tecnológicos sejam internacionalizados e postos ao serviço do desenvolvimento e da realização dos indivíduos e dos povos.
O denominado processo de globalização nos países desenvolvidos e com o declinar do século XX, nomeadamente a partir da década de 80, foi acompanhado por um conjunto de procedimentos que têm vindo progressivamente a pôr em causa algumas das conquistas civilizacionais de ordem social, conseguidas através de uma tenaz luta política, sindical e social, e que são um atributo do século precedente. O crescente desequilíbrio na distribuição do valor acrescentado, com claro prejuízo para os assalariados (os que trabalham por conta de outrem), verificando-se uma tendência crescente para a baixa dos salários reais, o aumento do desemprego e a precarização das relações de trabalho, constituem sinais claros desta investida que tem produzido uma crescente expansão da pobreza e da exclusão nos países desenvolvidos.
Mas também, garantias colectivas como a segurança social, os sistemas de saúde e educação públicos e as aposentações têm sido alvo da gula dos que, em nome de relações laborais “modernas” e flexíveis e de “menos Estado melhor Estado”, procuram desmantelar as estruturas do estado social para delas se apoderarem (porque será?) e, estrategicamente, em nome da modernidade, presenteiam-nos com a individualização das carreiras profissionais, com a consequente atomização dos trabalhadores, pondo em causa as negociações colectivas e direitos consagrados, daí resultando graves discriminações sociais e salariais, hoje já bem evidentes e sentidos pelos trabalhadores quer do sector público quer do sector privado.
Esta estratégia do grande capital financeiro, montada em nome da (sua) globalização do comércio, da eficiência económica e do fim das ideologias, visa não só a desregulação dos mercados e o regresso a formas brutais de exploração do trabalho assalariado, mas, igualmente, o enfraquecimento e desmantelamento dos sindicatos e do movimento sindical e social.
Para esta ofensiva planetária dos grupos financeiros transnacionais, a que algum poder político se tem submetido e outro tem executado, a resposta dos movimentos sociais e políticos, que consideram que esta “globalização” não é uma inevitabilidade, tem de ser mundializada, ou seja, as lutas na defesa dos interesses e direitos dos trabalhadores, das minorias, dos imigrantes, ou a defesa da Escola Pública e do Serviço de Saúde Público ou ainda, a luta contra a pobreza e a exclusão, a luta pela paz ou pela qualidade ambiental deve assumir-se, aqui ou no mais recôndito lugar do planeta, como uma contenda de todos, pois a todos interessa e diz respeito.
(*) Este texto foi escrito e publicado em Abril de 2004 e a globalização da desgraça, infelizmente, acentuou-se daí a sua actualidade e pertinência. Um Bom Ano de 2010!
Mas a utilização das tecnologias de informação e comunicação abriram, igualmente, possibilidades para a resolução de muitos dos problemas que actualmente afectam a humanidade. Só o domínio e a apropriação destas ferramentas tecnológicas, por parte dos grandes grupos económicos transnacionais, têm impedido a democratização do denominado processo de globalização. O que se exige não é o fim da globalização, antes pelo contrário, exige-se mais globalização, exige-se que a globalização seja económica, social e cultural e, que os progressos científicos e tecnológicos sejam internacionalizados e postos ao serviço do desenvolvimento e da realização dos indivíduos e dos povos.
O denominado processo de globalização nos países desenvolvidos e com o declinar do século XX, nomeadamente a partir da década de 80, foi acompanhado por um conjunto de procedimentos que têm vindo progressivamente a pôr em causa algumas das conquistas civilizacionais de ordem social, conseguidas através de uma tenaz luta política, sindical e social, e que são um atributo do século precedente. O crescente desequilíbrio na distribuição do valor acrescentado, com claro prejuízo para os assalariados (os que trabalham por conta de outrem), verificando-se uma tendência crescente para a baixa dos salários reais, o aumento do desemprego e a precarização das relações de trabalho, constituem sinais claros desta investida que tem produzido uma crescente expansão da pobreza e da exclusão nos países desenvolvidos.
Mas também, garantias colectivas como a segurança social, os sistemas de saúde e educação públicos e as aposentações têm sido alvo da gula dos que, em nome de relações laborais “modernas” e flexíveis e de “menos Estado melhor Estado”, procuram desmantelar as estruturas do estado social para delas se apoderarem (porque será?) e, estrategicamente, em nome da modernidade, presenteiam-nos com a individualização das carreiras profissionais, com a consequente atomização dos trabalhadores, pondo em causa as negociações colectivas e direitos consagrados, daí resultando graves discriminações sociais e salariais, hoje já bem evidentes e sentidos pelos trabalhadores quer do sector público quer do sector privado.
Esta estratégia do grande capital financeiro, montada em nome da (sua) globalização do comércio, da eficiência económica e do fim das ideologias, visa não só a desregulação dos mercados e o regresso a formas brutais de exploração do trabalho assalariado, mas, igualmente, o enfraquecimento e desmantelamento dos sindicatos e do movimento sindical e social.
Para esta ofensiva planetária dos grupos financeiros transnacionais, a que algum poder político se tem submetido e outro tem executado, a resposta dos movimentos sociais e políticos, que consideram que esta “globalização” não é uma inevitabilidade, tem de ser mundializada, ou seja, as lutas na defesa dos interesses e direitos dos trabalhadores, das minorias, dos imigrantes, ou a defesa da Escola Pública e do Serviço de Saúde Público ou ainda, a luta contra a pobreza e a exclusão, a luta pela paz ou pela qualidade ambiental deve assumir-se, aqui ou no mais recôndito lugar do planeta, como uma contenda de todos, pois a todos interessa e diz respeito.
(*) Este texto foi escrito e publicado em Abril de 2004 e a globalização da desgraça, infelizmente, acentuou-se daí a sua actualidade e pertinência. Um Bom Ano de 2010!
Aníbal C. Pires, IN AUNIÃO, 04 de Janeiro de 2010, Angra do Heroísmo
Olá, Aníbal!
ResponderEliminarMais um de tantos outros textos que tens escrito, ao longo destes anos todos. Actual e pertinente, tal como referes. 2010 começou e acho que chegou a altura de pores em prática um compromisso que vem de longe. Compromisso que tens para contigo, a tua família, os teus amigos, os teus leitores, enfim, todos aqueles que te admiram, gostam de ti e apreciam o que escreves.
Não podes fugir mais! Não adies mais!
Deixo-te com uma citação de um dos meus poetas preferidos. Pode ser que te sirva de inspiração…
“Não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação.
Não posso adiar o coração.”
António Ramos Rosa
Um abraço.
margarida
Olá Margarida,
ResponderEliminarFica aqui o compromisso público que em 2010 publico:
- A Tese de Mestrado; e
- Um primeiro volume com textos que tenho publicado na imprensa regional.
A edição do trabalho de Mestrado está em fase de conclusão. Julgo que para o fim de Fevereiro, princípio de Março poderei fazer o seu lançamento.
Beijinhos e tudo de BOM,
Aníbal Pires