terça-feira, 31 de março de 2015

Novo modelo de transporte aéreo e a procura interna e externa de turismo

Foto - Madalena Pires
Consta por aí que existe uma grande procura nos voos das 4 transportadoras aéreas que operam entre Lisboa e Ponta Delgada e Ponta Delgada Lisboa. Importaria saber se nesta primeira fase, de alguma euforia é certo, a procura é maior em Lisboa ou em Ponta Delgada. O dado é importante para aferir do sucesso do modelo, sei que é cedo mas … se quem ler esta publicação tiver essa informação e ma queira ceder ficava muito agradecido.
É que andam por aí algumas línguas viperinas a afirmar que o novo modelo de transporte aéreo está a levar mais passageiros dos Açores para Lisboa do que os que vêm de Lisboa para os Açores, digo Ponta Delgada. Considerando, é claro que os voos de Lisboa para Ponta Delgada incluem os passageiros que regressam à origem e como tal não devem ser contabilizados como forasteiros. 
Não quero acreditar que assim seja pois, o modelo desenhado pelo Governo Regional e pelo Governo da República foi concebido para trazer turistas, muitos turistas. Se os residentes começam a sair para passar o fim-de-semana fora e a Região (9 ilhas) não é compensada com a perda que se vai registar no turismo interno, então ficamos como um problema a juntar a muitos outros.
E a coesão pá

Love, Rosie - uma sugestão cinéfila






É um filme ligeiro para um daqueles serões ou mesmo tardes em que descontrair é o melhor remédio.
Depois tem a jovem atriz Lily Collins que me quer parecer tem um brilhante futuro nesta e noutras artes.

Não deixem de ver Love, Rosie

SAMBA - uma sugestão cinéfila





Será uma história como tantas outras histórias de migrantes ilegais, em França ou em qualquer outra parte do Mundo, mas nunca é de mais para ganhar consciência social e, sobretudo, consciência política.

Conta com a interpretação de Omar Sy e Charlotte Gainsbourg o que só por si garante o tempo que dedicarem a SAMBA.

segunda-feira, 30 de março de 2015

Dia de S. "low cost"

Foto retirada da internet
Chegou o tão almejado dia. Realizou-se o primeiro voo de uma transportadora aérea de “baixo custo” (low cost) para os Açores, ou melhor, para S. Miguel. No aeroporto de Ponta Delgada houve “festa” para a qual não faltaram algumas personalidades que ao invés de tratarem do que é seu (nosso) promovem a concorrência. 
Mas se os responsáveis pelos transportes na Região e na República não escondem a sua enorme satisfação e apoio aos concorrentes (privados) das transportadoras aéreas (públicas) regional e nacional, já o Presidente do Governo Regional foi até ao muro das lamentações expressar os seus queixumes pela TAP ter abandonado as rotas açorianas com obrigações de serviço público. O muro das lamentações desta vez situava-se na cerimónia de aniversário da Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada (CCIPD) que também faz parte do grupo dos indefetíveis das “low costs” o que não deixa de ser, diria interessante, para não utilizar vocabulário menos próprio, pois o Grupo SATA é uma das mais representativas empresas regionais com sede em Ponta Delgada. Paradoxos ou, qualquer outra coisa que a razão desconhece. Pensei que CCIPD tinha como um dos seus objetivos a defesa das empresas regionais, e neste particular as que têm a sua sede social em S. Miguel, Equívocos meus sem dúvida.
Dizem por aí os indefetíveis das “low costs” e também os mais cautelosos, que se inicia hoje uma revolução, para os primeiros e uma reforma para os segundos, nas ligações aéreas dos Açores para o continente português. Eu não diria uma revolução nem tão-pouco uma reforma mas, tão-somente uma alteração no paradigma. E se as alterações são no modelo do transporte aéreo o princípio que lhe está subjacente é velho e bem conhecido dos portugueses. Trata-se de privatizar o lucro deixando para o setor público os prejuízos. Nada de novo e, são sempre os mesmo a arcar com os custos, os contribuintes, ou seja, todos nós.
Mas se as manifestações de satisfação, diria mesmo de êxtase, são muitas e sobretudo bem alimentadas pela propaganda privada e pública, afinal fo(i)ram o(s) o(s) Governo(s) aqui ou na capital que, finalmente, liberalizaram as rotas para S. Miguel e para a Terceira, muitas outras manifestações de desagrado (a seu tempo irão surgir mais) já emergiram, desde logo da Terceira que, como era esperado, não foi objeto de interesse de nenhuma das “low costs”, depois foi a vez dos faialenses caírem em si quando perceberam que a TAP abandonava a rota Horta/Lisboa. E eu pergunto aqui e agora, Estavam à espera de quê. As rotas com obrigações de serviço público modificado (Faial, Pico e Santa Maria) são deficitárias devido ao reduzido número médio de passageiros transportados. Se nem a Terceira foi objeto de interesse, para além da TAP e da SATA, a SATA porque tem mesmo de ser (é pública, é nossa) e a TAP porque mesmo no cenário da privatização fica com obrigações para com as Regiões Autónomas, obrigações que decorrem do caderno de encargos da privatização. Mas como dizia para além da SATA e da TAP, a rota da Terceira estando liberalizada, por conseguinte liberta de obrigações de serviço público, não é apetecível às “low costs, por que motivo é que a TAP iria voar para aquelas rotas (Faial e Pico). É o mercado, livre de obrigações que lhes serve, à TAP privatizada e às “low costs” que não querem obrigações mas não abdicam das compensações, Sim compensações que também nós, os contribuintes, pagamos. Talvez procurando saber, por exemplo, quem é que comparticipa a campanha publicitária às “low costs” para promover o destino Açores se perceba como é que com os dinheiros públicos se financiam as empresas privadas. Este é apenas um exemplo de entre outros.
O novo modelo de transporte aéreo para a Região tem alguns contornos que importa sejam devidamente esclarecidos. Já sei que para o comum dos mortais não interessa saber quem paga, pagamos todos mas alguns de nós esquecem-se disso, os custos do modelo e quais os efeitos que a prazo vai provocar na transportadora aérea regional.
A SATA Internacional para além de outras questões vai ter de assegurar as ligações entre o Faial e Lisboa e o Pico e Lisboa, tratando-se de rotas com Obrigações de Serviço Público deveria ser paga por garantir um serviço que como se sabe, é deficitário. Deveria ser compensada mas não vai ser porque o novo modelo não o contempla. Por outro lado a estratégia para as rotas liberalizadas, que nunca poderá ser por via das tarifas mas sim pela diferenciação e qualidade do serviço oferecido, está longe de se afirmar se é que já existe.
Quanto às “borlas” (encaminhamentos) para quem chega a Ponta Delgada (em qualquer das 4 transportadoras que ali operam) e quer viajar para outra ilha será paga à SATA Air Açores pelo Governo Regional. Ora sabendo-se o tempo que a SATA demora a ser ressarcida, e quando o é, pelo serviço prestado tá bom de ver o que vai acontecer.
Não se assustem é o Governo Regional que paga mas o dinheiro vem de Lisboa. Pois é, a República estabeleceu um valor um pouco superior ao que estava a pagar de indemnizações compensatórias, no anterior modelo, para suportar os custos dos encaminhamentos, das indemnizações aos passageiros (subsídio social de mobilidade, ou seja quando pagar 500 euros pela passagem, será ressarcido de 366, pois só paga 134) e da carga. A questão é, O que irá acontecer quando for atingido o montante anual (16 milhões de euros) atribuído pela República para os encaminhamentos, para o subsídio social de mobilidade e para a carga. Não sei, depois veremos qual a resposta dos responsáveis que, neste caso, são exatamente 2, o PS e o PSD.

Ponta Delgada, 29 de Março de 2015

Aníbal C. Pires, In Jornal Diário e Azores Digital, 30 de Março de 2015

sábado, 28 de março de 2015

Orações pagãs


Urgência(s)

Um tímido sorriso 
Um rubor na face
Um silêncio que fala
Uma palavra ciciada
Um olhar ávido
E acontece
Inesperado
O beijo, o abraço
E as palavras, o sorriso, o olhar e o silêncio
Acatam a vontade
Do corpo, e calam
Perante a urgência
Que desponta
Dos corpos enlaçados
Apressados pelo momento
Desnudam-se, colam-se
Agitados, quentes, suados
Fundem-se ofegantes
Num imenso frenesim
Apelam a Deus
A urgência chegou ao fim

Aníbal C. Pires, Santa Cruz da Graciosa, 26 de Março de 2015

quinta-feira, 19 de março de 2015

Perfis

O inquilino do Palácio de Belém, a um ano da sua saída, brindou os portugueses com mais alguns recados. Desta vez resolveu tecer considerações sobre o “perfil” do próximo Presidente da República, não quero sequer pensar que esta intervenção do senhor Silva tenha como significado, como alguns analistas criticaram, de má-fé certamente, que a intenção representava uma indicação para a sua sucessão, embora algumas personalidades da nossa praça se tenham, de imediato, perfilado como putativos herdeiros à cadeira que Cavaco Silva ocupa. 
Pode não ter significado a indicação do “herdeiro” presidencial mas que é uma clara tentativa de condicionar a livre escolha dos portugueses, disso não tenho dúvidas. Cavaco Silva é, por vezes, acusado de não se pronunciar sobre as questões que flagelam os portugueses, pelo menos uma imensa maioria, neste caso o inquilino do Palácio de Belém perdeu uma grande oportunidade de estar caladinho. 
Outras oportunidades perdidas marcam os mandatos presidenciais do senhor Silva, seja a sua comunicação ao País sobre o Estatuto Político dos Açores, seja tantas outras intervenções já incluídas em algumas antologias do anedotário nacional. Mas Cavaco Silva carateriza-se, também, pela sua inércia quanto ao que é verdadeiramente o interesse nacional ao não exercer as competências que lhe estão cometidas, como seja, face à ilegitimidade do governo e da maioria que o suporta, a dissolução da Assembleia da República dando assim cumprimento ao seu juramento, “Juro por minha honra desempenhar fielmente as funções em que fico investido e defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa”, ponto 3 do Artigo 127 da Constituição da República Portuguesa (CRP). Cavaco Silva não cumpriu nem fez cumprir a CRP e como tal deveria ter sido alvo de uma ação de despejo, mas isso são contas de outro rosário. Regressemos ao perfil do Presidente da República e para isso nada melhor que ver o que a CRP nos diz, “São elegíveis os cidadãos eleitores, portugueses de origem, maiores de 35 anos.” Artigo 122 da Constituição da República Portuguesa. Este é o perfil, E não há outro. A livre escolha, de entre os milhões de portugueses que encaixam na norma constitucional, é da responsabilidade do Povo português, ainda que esse mesmo Povo nem sempre faça as escolhas mais apropriadas como quando escolheu, por duas vezes, o senhor Silva para Presidente da República, ou quando é levado ao engodo da propaganda ao serviço da alternância política, que tão bem tem servido os interesses instalados e, escolhe os carrascos que o zurzem.

Ponta Delgada, 17 de Março de 2015

Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 18 de Março de 2015

terça-feira, 17 de março de 2015

Percursos

Foto e aguarela de Ana Rita Afonso
A cores

Sou ilha de lava
Nascida do fogo
E do caos telúrico
Que o tempo serenou
A desordem 
Deu lugar à quietude
A escuridão à luz
E despontei verde
Enlaçada de azuis

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 17 de Março de 2015

Das cores às palavras

Aguarela e foto de Ana Rita Afonso

Retalhos da vida

Em constante inquietude
Percorro a existência
Nem sempre linear
Tantas vezes sinuosa
Guardo todos os instantes
Nem sempres a cores
Tantas vezes cendrados
Estes instantes 
São pedaços de mim
Com estes retalhos
Caminho pela vida
Com o passado presente
E o futuro no olhar

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 16 de Março de 2015

Avaliar e recriar

Foto - Ana Rita Afonso

Dos ciclos

Já o tempo foi 
Das palavras 
Inspirarem formas e cores 
Agora é o tempo 
Das palavras desabrocharem 
Das formas e das cores
Amanhã 
Será outro tempo
Um tempo 
Ainda e sempre de amor

Aníbal C. Pires, 16 de Março de 2015

Hipocrisia e calculismo político

Foto - Aníbal C. Pires
Na passada semana o PSD promoveu um debate no Parlamento Regional subordinado ao tema, "Anemia do investimento, estagnação da economia e crise social". Nada mais oportuno, o PSD criou um espaço de discussão sobre a situação do País e da Região, num momento em que Portugal, em toda a sua dimensão geográfica e política, está mergulhado numa profunda crise social e económica e o investimento público e privado está, não diria anémico mas, em coma.
O tema proposto pelo PSD, não só decorre de um diagnóstico correto, mas também corresponde aos principais efeitos do programa que, pela sua própria mão foi aplicado a Portugal. Não, não esqueci que o PSD teve sempre o apoio do PS, com umas abstenções violentas pelo meio, e que o CDS/PP é também corresponsável pela tragédia que se abate sobre os portugueses.
Presumo que o PSD não terá promovido o aludido debate com o objetivo de contemplar embevecido a obra do seu próprio Governo, na República e, quem sabe pretendendo, mesmo, saudar os seus fiéis aliados, o PS e o CDS/PP, que nunca faltaram com a sua assinatura, voto e apoio mais ou menos assumido em todas as decisões fundamentais deste processo de ruína e empobrecimento do País, e por conseguinte das regiões insulares e autónomas.
A estagnação da economia, a crise social e o estado de coma do investimento público e privado são consequência da deriva neoliberal do PS e da União Europeia aprofundada no memorando da troika, e que o PSD e o CDS/PP não só aplicaram como aprofundaram.
O objetivo do PSD Açores não era esse, como bem se vê. O PSD nos Açores procura, a todo o custo, descolar das políticas que estão na origem crescimento desmesurado da dívida, pública e privada, e recusa da sua renegociação, do brutal corte da despesa do Estado, do monstruoso aumento da carga fiscal, da redução dos salários e do rendimento das famílias, e por consequência da diminuição da procura interna. O PSD Açores procurar, procura mas não consegue pois, em bom rigor tem as mesmas responsabilidades que o PS e o CDS/PP. A aplicação do programa da FMI do BCE e da UE é da responsabilidade exclusiva da troika nacional mas não deixam de se mostrar surpreendidos como se não fossem os grandes responsáveis. Isto não é surpresa é hipocrisia política.
Na Região os indicadores sociais e económicos são ainda mais dramáticos que no território continental o que só pode ter um significado e uma leitura. As opções políticas e económicas da governação autónoma do PS nos Açores não evitaram a histórica e crónica permeabilidade da economia regional aos contextos nacionais e internacionais desfavoráveis. Diminuir a dependência e a porosidade da economia regional a contextos internacionais adversos devia ter sido a prioridade. Não o foi e o resultado disso está a vista. Os Açores vivem hoje uma situação de profunda crise social e económica sem precedentes no histórico da autonomia constitucional. 
O Governo Regional do PS aplicou sempre, com todo o zelo e dedicação, todas e cada uma das medidas de austeridade, recusando utilizar as competências da nossa Autonomia para aliviar os sacrifícios impostos ao Povo Açoriano. 
E, para termos o exemplo mais recente e mais claro note-se que o PS Açores, com o apoio do CDS/PP, um dos parceiros da troika nacional, atrasa e recusa repor o diferencial fiscal na Região em toda a sua amplitude. Atraso injustificado pois a decisão deveria ter sido tomada aquando da aprovação do Orçamento e do Plano para 2015, ou seja em Novembro passado. E a recusa de introduzir na economia regional um fator potenciador de alguma dinâmica económica, por via da redução de custos e encargos às empresas e às famílias, diminuindo a taxa superior do IVA de 18% para 16%. Em 2016, ano eleitoral, é bem possível que o PS Açores, com ou sem o CDS/PP, venha propor essa redução, se assim acontecer então ficará confirmado que a governação é feita com base no calculismo eleitoral.

Ponta Delgada, 15 de Março de 2015

Aníbal C. Pires, In Jornal Diário e Azores Digital, 16 de Março de 2015 

segunda-feira, 9 de março de 2015

Midnight in Paris - sugestão cinéfila





Uma sugestão leve e agradável como convém às segunda-feiras.


(...) De casamento marcado, eles têm ainda algumas dificuldades em acertar agulhas no que diz respeito à vida em comum. Ele é um argumentista de Hollywood com "síndroma da Idade de Ouro" que sonha viver em Paris e escrever o romance da sua vida seguindo os parâmetros dos grandes escritores da história da literatura. Já ela é uma mulher pragmática que aspira a uma vida estável e luxuosa em Malibu, nos EUA. Uma noite, embriagado pela beleza da cidade (e algum vinho), Gil perde-se na cidade e vive a mais extraordinária experiência da sua vida num encontro com personagens que ele julgava existir apenas nos livros e que o farão reformular toda a sua existência.
Uma comédia romântica que marca o regresso de Woody Allen ao seu registo habitual, e que conta ainda com as participações de Marion Cotillard, Léa Seydoux, Carla Bruni, Michael Sheen, Kurt Fuller, Kathy Bates e Adrien Brody. (...)


A alternativa é a rutura

Não sei se pelo calendário eleitoral, se pelo resultado das eleições gregas e dos efeitos colaterais que provocaram ou, por qualquer outra razão desconhecida em Portugal o discurso do poder e da alternância contínua redondo e macio como se os portugueses não estivessem a viver uma tragédia social e económica. É certo que o povo português é de “brandos costumes”, também é certo que é “empreendedor”, a nossa história assim o comprova, somos mestres do improviso e desembaraçados, ou éramos. Na verdade as gerações do pós 25 de Abril são bem diferentes dos portugueses de antanho e, um destes dias, pode muito bem acontecer que a propaganda não seja suficiente para os manter submissos e se revoltem contra a ditadura que se instalou na democracia portuguesa. Sim, medi bem as palavras. O medo está instalado na sociedade portuguesa a maioria da população privada de direitos básicos, o poder não reside no Povo, os imperialismos dominam o nosso quotidiano. 
Mas há outros discursos e propostas de alternativa política, senão vejamos.Trinta e oito anos de política de direita e vinte e oito anos de integração capitalista na União Europeia conduziram o País para a atual situação de declínio económico, de retrocesso social, de perversão do regime democrático e de alienação da soberania nacional.
Um percurso que, ao serviço da reconstituição dos grupos monopolistas e do reforço do seu poder político e económico, conheceu novos desenvolvimentos nos últimos anos por via dos Programas de Estabilidade e Crescimento e do Pacto de Agressão que, pela mão do PS, PSD e CDS, com a cumplicidade do Presidente da República e sob a tutela da União Europeia e do FMI, foram impostos ao País. Inseparável da natureza do capitalismo, da sua crise estrutural e do processo de intensificação da exploração do trabalho que lhe estão associados, o País tem sido sujeito ao maior período de recessão e estagnação económica das últimas décadas, acompanhado pela negação de direitos constitucionalmente consagrados, pelo comprometimento do aparelho produtivo e da destruição da capacidade produtiva, pela alienação de sectores estratégicos essenciais ao desenvolvimento soberano.
Hoje, como em nenhum outro momento desde o regime fascista, coloca-se, em termos de atualidade e urgência, a concretização de uma política que liberte o País, simultaneamente, da submissão e dependência externas e do domínio do capital monopolista. A dimensão dos problemas existentes reclama a rutura com uma política determinada pela lógica do domínio do grande capital expondo o País a uma sucessão de crises destruidoras e a concretização de uma política alternativa e de uma alternativa política, patrióticas e de esquerda, vinculadas aos valores de Abril. 
A construção da alternativa é inseparável da rutura com a política de direita e da ampliação da base social e política que dê suporte a uma política patriótica e de esquerda. Só uma política que rompa com os eixos e opções da política de direita, que abandone uma orientação determinada pelos interesses do grande capital e do favorecimento da exploração do trabalho, que enfrente, com a mobilização e apoio populares, os constrangimentos e condicionamentos da União Europeia e os seus instrumentos e objetivos de usurpação da soberania, pode concretizar essa alternativa.
É no desenvolvimento da luta de massas e na ampliação da frente social, no alargamento da ação e convergência de todos os democratas e patriotas e no reforço do PCP e da sua influência que residem os fatores cruciais e decisivos para essa alternativa.
As eleições legislativas deste ano constituem um momento da maior importância. Vencendo apelos ao conformismo e à resignação, semeados para proteger o poder dominante, combatendo novas e velhas ilusões para animar falsas saídas, denunciando novas manobras para ver garantida por outras mãos a continuação da política de direita. Há alternativa, Sim, há solução para os problemas do País e uma política alternativa que coloque como objetivos garantir os direitos e condições de vida dos trabalhadores e do povo. Sim, é possível, com a luta e com o voto, assegurar um outro caminho que rompa com o continuado rumo de desastre e empobrecimento dos portugueses e de Portugal.
O PCP e a CDU apresentam-se ao País como portadores dessa política alternativa e parte insubstituível e indispensável da alternativa política que urge construir para assegurar o desenvolvimento soberano de Portugal.

Horta, 08 de Março de 2015

Aníbal C. Pires, In Jornal Diário e Azores Digital, 09 de Março de 2015 

domingo, 8 de março de 2015

Da mulher

Foto - Madalena Pires

Lado a lado

É um dia
Como são outros, todos os outros
Dias de luta
Contra a indignidade
Que discrimina
A filha, a irmã, a mãe
A companheira, a amiga
Este teu dia, Mulher
Celebra velhas e ganhas contendas
Este teu dia, Mulher
É mais do que recordar
É mais do que celebrar
É um dia
Como são outros, todos os outros
Dias de luta
Pela liberdade do teu sorriso
Por um brilho no teu olhar
Caminho ao teu lado
Lutando contra a indignidade
Que te aprisiona o sorriso
Que te entristece o olhar

Aníbal C. Pires, Horta, 08 de Março de 2015

sábado, 7 de março de 2015

Procuro e vou encontrar

Foto - Aníbal C. Pires

Sem pressa nem medo

E agora
Quero, mas não quero
Quero o futuro 
Não quero o presente
Sei, e não sei
Sei do espaço que quero habitar
Não sei que caminho andar
Tenho medo, tanto medo
Desta tormenta que me assola
Do vazio que invadiu os meus sonhos
Quantas dúvidas
Onde só havia convicções
Tenho pressa, tanta pressa
De chegar 
E não sei por onde ir
Perdi o Norte
Ou quero ir para Sul
Vou dar tempo ao tempo
Reencontrar o meu caminho
Careço do presente
Para conquistar o futuro
Vou chegar onde quero
Sem pressas nem receios
E a tempo de ser feliz

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 07 de Março de 2015

sexta-feira, 6 de março de 2015

Equívocos, ignorância, má-fé, ou dogma

Foto - João Pires
Sendo professor de profissão sou, por opção, um eterno aprendiz, Gosto de aprender mais do que ensinar, e pronto. Sou um cidadão de convicções, embora me engane e tenha muitas dúvidas. Não tenho uma visão unilateral do Mundo, sou tolerante mas não tolero a intolerância. Sou por natureza desassossegado sem ser hiperativo e, inquieto-me perante a dor e o sofrimento que a iniquidade inflige, ainda que por vezes os flagelados pela injustiça sejam os seus próprios carrascos.
Não sei bem qual o propósito do parágrafo anterior para o que vem a seguir mas já que está escrito, assim fica. Fica como introdução ao tema que continua a animar apaixonadas e extremadas discussões. Não, não se trata do discurso de António Costa aos empresários chineses, nada do que foi dito pelo Secretário-geral do PS me espantou e muito menos me surpreendeu. O PS mantém-se igual a si próprio não importa com que António. Não, também não é sobre a dívida do cidadão Pedro Passos Coelho à Segurança Social, basta lembrar o caso Tecnoforma para perceber a dimensão do personagem que preside ao Conselho de Ministros. A animada discussão a que me refiro é mais comezinha e não tem dimensão nacional, dirão alguns. Eu direi que sendo regional é uma questão nacional e que tratando-se do novo modelo de transportes aéreos para a Região não é, seguramente, um assunto trivial.
O direito à mobilidade e ao não isolamento das açorianas e açorianos está diretamente relacionado com o custo do transporte. Numa Região insular, arquipelágica e distante dos continentes o transporte aéreo e marítimo assumem-se como um fatores determinantes para garantir a mobilidade, mas também como potenciadores de um modelo de desenvolvimento sustentável e harmonioso. A reivindicação da melhoria da acessibilidade por via da diminuição dos custos do transporte aéreo associada à exigência de uma rede de transportes marítimos de passageiros, carga e viaturas são, por consequência, reivindicações antigas. As respostas face às caraterísticas do “mercado” conduziram a opções diversas e todas elas, por certo, criticáveis. Não se compreende o elevado custo do transporte aéreo dentro da Região, nem o elevado preço de uma passagem aérea para o continente português, assim como ninguém compreende que numa região insular e arquipelágica não existam ligações marítimas de transporte de pessoas e viaturas a ligar todas as ilhas, durante todo o ano.
Foto - João Pires
Mas centremo-nos no transporte aéreo e no novo modelo que no final deste mês entra em vigor na Região. Até agora todas as rotas do continente para a Região e vice-versa, para qualquer das gateways, estava obrigada à prestação de serviço público. Estas Obrigações de Serviço Público (OSP) garantiam um número mínimo de frequências, a disponibilização de lugares e carga, as transportadoras recebiam a chamada indemnização compensatória por residente transportado, sendo que a tarifa de residente tinha associada um conjunto de serviços e garantias ao passageiro, o resto ditava-o o “mercado”. É bom que fique claro que as transportadoras não recebiam indemnizações pelo serviço público mas por passageiro transportado, isto porque há por aí muitos equívocos decorrentes da ignorância ou, quiçá, da má-fé.
O novo modelo não obriga a nada nas rotas liberalizadas, ou seja, a Terceira e S. Miguel ficam por conta do “mercado”, para que fique claro nenhum residente irá despender mais de 134 euros para viajar para o continente português o que não significa que não tenha de “investir” muitas centenas de euros para efetuar a viagem, uma vez que não existe um teto máximo para a tarifa, vindo posteriormente a ser ressarcido do diferencial. Tirando o facto de que as transportadoras de baixo custo não mostraram interesse em voar para a Terceira tudo parece ir funcionar. Eu diria que não, e os sinais já começam a ser visíveis. Veja-se o caso da TAP que só não abandonou a rota da Terceira à semelhança do que fez com o Faial e o Pico porque, ainda tem algumas obrigações com os Açores enquanto transportadora aérea nacional. Por outro lado o abandono das rotas do Faial e do Pico, bem assim como o reforço das ligações a S. Miguel demonstra que nem as rotas com OSP são apetecíveis comercialmente e que, à TAP privatizada lhe interessa, sobretudo, o “mercado”.
Pelas rotas que não foram liberalizadas, ou seja, as que ficam sujeitas às OSP, nenhuma transportadora aérea privada ou a privatizar (TAP) manifestou qualquer interesse. O que não deixa de ter um profundo significado se associarmos esse facto às reivindicações de que a SATA tem de garantir o serviço com a mesma qualidade (frequências, disponibilidade de lugares, etc.). Significa desde logo a importância que têm a SATA e a TAP enquanto transportadoras aéreas públicas, a SATA porque irá garantir o serviço e a TAP porque está num processo de privatização e, como tal, está a libertar-se de obrigações deficitárias, coisa que não aconteceria se a TAP se mantivesse no domínio público.
Os dogmáticos defensores da liberalização do transporte aéreo e da privatização também vivem no Faial, no Pico e na Terceira e não deixa de ser curioso que, mesmos esses, agora bradem aos céus pelas obrigações das transportadoras aéreas públicas e pela exigência que cumpram, a qualquer preço, o seus deveres sem olhar ao “mercado”. 
Incongruências, diria.

Ponta Delgada, 02 de Março de 2015

Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 03 de Março de 2015 

É a sonhar que se faz o caminho

Foto - auto-retrato de João Pires

A foto junta deu o mote o conhecimento, a amizade e o engenho fizeram o resto, aliás o melhor é dar a palavra ao autor que no mail que me enviou dizia a certa altura: E quando um gajo começa a pensar, faz o quê? Escreve.

Escreveu e escreveu assim,

Sonho de Luz

Da inerte escuridão irrompe um olhar frio
Outrora pensamento bambo
No seu interior reluz a chama que um dia viveu
Agora desejo fervente
Será pois não a nossa existência nada mais que fruto do descontentamento?
Sempre em luta, resiliente

Despe esse teu negro véu
Os dias além de ontem também têm amanhã
Abre os braços e faz-te ao céu
Estou aqui a teu lado para o que quer que venha
E no auge das emoções eis senão que nasce um sorriso
Chegou por fim, o sonho

À vontade de seres de novo Vida
Para além da já ida
Findemos com a dor do vazio
Que tanto te engana, como te seduz

À vontade de seres de novo Alegria
Nem que por um só dia
Lutemos pela fuga desse lugar sombrio
Onde jaz agora brilho nos teus olhos, sonho de luz

Francisco Ferreira - 04.03.05

segunda-feira, 2 de março de 2015

Música em dia de aniversário



Porque é dia de aniversário do "momentos" e porque Jim Morrison e os DOORS continuam tão inspiradores como sempre.

Subjacente a esta canção está um filme que aconselho. "Apocalipse Now".

Turismo e lowcosts nos Açores

Foto - Aníbal C. Pires
Com a alteração das Obrigações de Serviço Público e a liberalização das rotas da Terceira e S. Miguel é expetável que os fluxos de passageiros para a RAA dos Açores, em particular para a Ilha de S. Miguel, venha a sofrer um aumento significativo, aliás como, num primeiro momento, se regista com outros destinos aquando da entrada no mercado das companhias de transporte aéreo de “baixo custo”. A este aumento de visitantes corresponderá, necessariamente, um impacto económico positivo no setor do turismo.
Importa, todavia, alargar a análise e aprofundar a reflexão sobre este novo paradigma de acessibilidade à RAA e, em que medida está garantida a sustentabilidade do destino e a adequação deste modelo de transporte à sua singularidade, mas também à tipologia dos alojamentos e ao serviço que o setor nos Açores disponibiliza aos forasteiros que nos procuram.
A sustentabilidade está diretamente relacionada com a competitividade e, por sua vez a sustentabilidade só faz sentido se for entendida de forma holística, sob pena de não ser sustentável. Ou seja, a sustentabilidade é desde logo ambiental, social e económica e, por outro lado, a sustentabilidade dos destinos é construída a partir de uma simples, mas não simplista, constatação do mercado e que pode ter a seguinte tradução para a linguagem comum: os turistas pagam mais caro para conhecer locais menos explorados, menos turísticos, menos massificados, onde as experiências são únicas.
Os Açores valem pela sua singularidade geográfica, ambiental, paisagística e cultural, sendo um destino único a sua massificação pode por em causa a sua mais-valia, assim sendo e após o esperado impacto inicial de crescimento do setor por via, da diminuição das tarifas aéreas, a prazo vai verificar-se o declínio dos fluxos até à sua estabilização. Quero com isto dizer ao “boom” inicial se vai seguir um período de abrandamento, diria ainda que o setor pode e tem condições para se afirmar como um destino atrativo, competitivo e, sobretudo, sustentável. E, em minha opinião, é a sustentabilidade que pode garantir o sucesso. Para tal, a Região, tem de avaliar o modelo de oferta turística e adequá-lo às caraterísticas endógenas, isto é, insistir em massificar o destino Açores, como parece ser o objetivo com a opção por um modelo de transportes aéreos atrativos para transportadoras aéreas de baixo custo e pela tipologia das infraestruturas de alojamento já instaladas e outras anunciadas. 
Esta tentativa viabilizar o setor do turismo na Região com a sua massificação, tendo como principal âncora as passagens aéreas de baixo custo é um erro que nos pode acarretar custos elevados num futuro próximo, desde logo porque o setor não está preparado para receber com qualidade que a excelência e singularidade do destino o exigem e, por outro lado, à riqueza gerada não irá corresponder um esperado desenvolvimento harmonioso pois o modelo está desenhado, imposto pelas companhias de baixo custo para centralizar os fluxos turísticos em S. Miguel. O resultado será, está bom de ver, o acentuar das assimetrias ao desenvolvimento regional.
Angra do Heroísmo, 20 de Fevereiro de 2015

Aníbal C. Pires, In NO Revista, 2 de Março de 2015, Ponta Delgada

7.º aniversário do "momentos"

Foto - Aníbal C. Pires
Este blogue nasceu à 7 anos após sugestão de um amigo e colega. Por aqui passam os textos que regularmente publico na comunicação social regional, mas também palavras soltas sobre tudo e sobre nada. Mas o “momentos” não se fica só pelas palavras. Fotos, vídeos, divulgação, informação alternativa, música e cinema também aqui têm espaço.
Com o advento de outras plataformas de comunicação e interação para partilha de textos, imagens e vídeos os blogues perderam alguma importância. Muitos entusiastas e até alguns dos pioneiros abandonaram a blogosfera, eu optei por manter este espaço e aproveitei as caraterísticas de outras plataformas, como o Facebook e o Google +, para potenciar o “momentos”. Tem dado resultado e este espaço vai manter-se, para já, com esta roupagem e sempre com a matriz pessoal que o caracteriza.


Jacqueline Bisset - a abrir Março

Para abrir Março trago Jacqueline Bisset uma atriz inglesa com um olhar magnético ao qual não se fica indiferente.












Tem uma vasta filmografia e trabalhou com vários realizadores consagrados. Aqui podem aceder ao trailer do filme À sombra do Vulcão, realizado por John Huston