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Apesar das dificuldades conhecidas, em qualquer dos casos, o desfecho não tinha que ser forçosamente assim. No caso da SOMAGUE os despedimentos, uma centena nos Açores sendo a maioria na ilha Terceira. Este despedimento coletivo foi justificado pela SOMAGUE com fazendo parte de uma reestruturação global da empresa. As vítimas desta reorganização foram os trabalhadores, mas os gestores e estrategas empresariais foram os responsáveis pelas dificuldades traduzidas na diminuição da atividade e, por conseguinte, da quebra das receitas que se têm verificado desde 2015. Não existe perigo de insolvência e mais mês menos mês, mais ano menos ano a SOMAGUE voltará a recrutar trabalhadores. Novos contratos, menos direitos, menos custos do trabalho. Esta é a velha fórmula que generalidade dos empresários portugueses utiliza para aumentar a sua competitividade. Entretanto a SOMAGUE continuará a sustentar a sua atividade à custa das obras públicas que lhe forem adjudicadas.
A escassez de matéria prima, as regras europeias e a liberalização do mercado internacional acentuaram as dificuldades financeiras da SINAGA, todos percebemos que era necessário encontrar uma solução, assim não podia continuar. Mas ao invés de modernizar e diversificar a atividade transformadora, como chegou a estar anunciado, a opção foi o encerramento da atividade fabril e os despedimentos.
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Vai ser construída uma nova fábrica e, ao que diz por aí, até já tem garantia de financiamento por fundos públicos e comunitários. Não deixa de ser paradoxal que uma empresa que encerra e despede todos os trabalhadores beneficie de financiamento público para voltar a abrir com a mesma atividade, embora reduzindo o leque dos produtos transformados, ou seja, a nova fábrica vai fazer, apenas, conserva de lombos de atum. Esta opção requer menos especialização e menos trabalhadores.
O processo da COFACO esteve sempre envolto numa nuvem de contradições e as respostas políticas do Governo regional esboroaram-se no limiar de 2018. E não foi a primeira vez que aconteceu, todos nos lembramos do encerramento da unidade fabril da COFACO na ilha do Faial, mas a Região continua a não exigir que a empresa cumpra as suas responsabilidades sociais e, para além disso ainda facilita o acesso ao financiamento público.
Os trabalhadores da COFACO e a população da ilha do Pico foram surpreendidos com esta decisão, por quanto o Governo Regional, sempre deu garantias de que não ocorreriam alterações que colocassem em causa a continuidade da empresa e que os postos de trabalho estavam assegurados. A administração da COFACO corroborava estas afirmações e foi desenvolvendo uma estratégia de desagregação da estrutura organizacional e do capital social da COFACO. Foi criada uma nova empresa, para substituir a COFACO no Pico, com o estatuto de PME e, é esta nova empresa que se candidata aos fundos comunitários e à comparticipação do orçamento regional para a construção da nova fábrica.
É inadmissível que o Governo Regional aceite, sem reservas, esta manipulação dos instrumentos legais, utilizados de forma pouco clara e na fronteira da ilicitude, e não tenha procurado contrariar esta estratégia empresarial que vai produzir impactos sociais e económicos dramáticos na ilha do Pico.
Horta, 14 de Janeiro de 2018
Aníbal C. Pires, In Azores Digital, 15 de Janeiro de 2018
Impacto do encerramento da Cofaco na ilha do Pico:
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