quinta-feira, 18 de julho de 2019

Até sempre André (1970-2019)

André Bradford by Rui Soares
Terá sido em 2007 ou 2008, nos estúdios da TSF Açores, que aconteceu o meu primeiro debate político com o André. Para além de nós o Paulo Simões, a moderar, e o António Soares Marinho em representação do PSD.
O tema não vem agora ao caso, muitos outros debates se lhe seguiram. Não nos ficámos apenas pela discussão política em diferentes palcos.

Ao longo dos anos foi-se instituindo o respeito mútuo, a proximidade e algumas cumplicidades. Evitei a palavra amizade, mas o André sabia-o. Sabia que podia contar com a palavra e o compromisso institucional, sabia que comigo nunca haveria lugar a outra atitude que não fosse a de cultivar o respeito, proximidade e admiração mútua. Se isso é amizade, então que o seja.

Não se pense que os nossos diálogos públicos e privados eram, como poderá parecer do que até então foi dito, formais e desprovidos de humor. Quem conheceu o André, mas também quem me conhece sabe que isso não era, de todo, possível.
E é assim que quero recordar o André.
Um homem culto e com um apurado sentido de humor com quem partilhei alguns bons momentos. Momentos de confronto de ideias, momentos de boa disposição e onde riso despontava com naturalidade.

Não posso deixar de endereçar algumas palavras a quem fica, a quem lhe é próximo por afinidade política, afinal o André era um dos mais proeminentes dirigentes e quadros políticos do PS Açores, mas também algumas palavras a quem, por amor e laços de sangue, sente como ninguém a sua precoce partida.

Ao PS Açores endereço as minhas sentidas condolências pelo falecimento do Dr. André Bradford.

À Dulce, sua mulher, e aos seus filhos direi que a consternação e o pesar pela súbita partida do André invadiram o meu dia. Dia que tinha despertado azul luminoso e, ao fim da manhã de chumbo se acinzentou.
Para ti Dulce e para os filhos do André fica todo o meu carinho e solidariedade neste momento de  dor,

Até sempre André!

Ponta Delgada, 18 de Julho de 2019

segunda-feira, 15 de julho de 2019

As ondas da modernidade - crónicas radiofónicas

Foto by Aníbal C. Pires


Do arquivo das crónicas radiofónicas na 105 FM

Esta crónica foi para a antena a 16 de Fevereiro de 2019 e pode ser ouvida aqui






As ondas da modernidade

Os espaços públicos na proximidade do mar têm valor em si mesmo. Ou melhor, os espaços naturais não necessitam de adereços para serem atrativos, o seu valor é inerente à sua condição. Há quem prefira a proximidade do mar e há quem prefira passear pelos matizes de verde.
Venha dai comigo hoje. Vamos até à beira mar.
Procuramos a praia para usufruir de um banho de mar, de um pouco de Sol, de uma esplanada pela manhã, ao fim da tarde, à noite.
O encanto da beira-mar reside no que é natural, mormente, nos sons.
Como muitos outros cidadãos procuro junto ao mar alguns momentos de serenidade e de fruição do que a natureza tem para oferecer, e, diga-se que por estas latitudes ela foi bem pródiga.
Há algum tempo um visitante expressava todo o encantamento que sentiu, após uns dias de estadia nos Açores, desta forma singela: - “Deus passou por aqui”. Esta expressão diz bem como os Açores foram bafejados por um património natural invejável e singular.
Um destes dias fui à procura do sossego do fim de tarde num espaço público junto ao mar. Como companhia um livro e determinado com o enorme desejo de fruir da luz aprazível do crepúsculo, da suavidade do marulhar das ondas espraiando-se de encontro à ilha.
Ia preparado para outros sons, sons de conversas sussurradas a entrecortar as toadas do entardecer de um dia de Verão.

Foto by Aníbal C. Pires
Não ia era preparado para os ruídos que brotavam de um equipamento de difusão de música instalado naquele espaço que, julgava eu, não necessitaria mais do que a sua própria e privilegiada localização para atrair pessoas (clientes).
Olhei ao redor e não me pareceu, na expressão de quem por ali estava, que a “música” que nos era oferecida fosse do agrado de alguém, não pela “música” em si mesmo, mas por que “aquilo” estava a mais e feria de morte os naturais ruídos de um fim de tarde à beira mar.
As ondas da modernidade bacoca que varrem a Região aculturam as gentes, moldam os comportamentos e deformam a paisagem da qual os sons também são parte.
Mas isto sou eu que digo, que costumo remar contra a maré.
Não é fácil, mas eu continuo a insistir que pode ser diferente, muito diferente, e, sobretudo, um permanente desafio do qual não penso abdicar. É porque é muito mais interessante.
Foi um prazer estar consigo.
Volto no próximo sábado e espero ter, de novo, a sua companhia.
Até lá, fique bem.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 16 de Fevereiro de 2019

domingo, 7 de julho de 2019

Atividade física e saúde - "Os Porquês?, na SMTV

Foto by Paulo Melo


Para ver ou rever a edição número 27 do programa “Os Porquês?”, na SMTV.

atividade física, saúde e natureza

Foi para a antena no dia 1 de Maio de 2019







sábado, 6 de julho de 2019

De novo os transportes aéreos, Haja paciência.

Foto by Aníbal C. Pires

As masturbações políticas à volta dos transportes aéreos para o Faial e Pico tiveram esta semana mais um episódio.

A ALRAA, por proposta do CDS/PP, aprovou por unanimidade um Projeto de Resolução que reza o seguinte:
“A Assembleia Legislativa Regional dos Açores, recomenda ao Governo Regional que promova as diligências necessárias, junto do Governo da República, no sentido de operacionalizar o regresso daquela transportadora à efetivação da ligação aérea entre a ilha do Faial e Lisboa, bem como entre a ilha do Pico e Lisboa.”

Digamos que nada tenho a obstar, mas esta iniciática do CDS/PP que todas as bancadas mastigaram e digeriram, sem contestação, merece dois comentários, a saber:

1 – A TAP abandonou as rotas durante o processo de privatização. Privatização da responsabilidade do Governo do PSD e do CDS/PP, aliás o Ministro da Economia, que tutelava os transportes, era um destacado militante e dirigente do CDS/PP, o Dr, Pires de Lima, sendo Secretário de Estado dos Transportes um militante do PSD, o Dr. Sérgio Monteiro, ou seja, os dois obreiros do atual modelo de transportes aéreos para Região e, também com grandes responsabilidades no processo de privatização da TAP;

2 – Nos considerandos do Projeto de Resolução, proposto pelo CDS/PP, pode ler-se: “Considerando que, na sequência da reversão do processo de privatização, o Governo da República é, atualmente, acionista de 50% da TAP Air Portugal.”, ou seja, para o CDS/PP, um indefetível defensor do menos Estado melhor Estado, afinal vem aqui contrariar esse princípio e apelar à intervenção do Estado. Vá-se lá entender.

Dir-me-ão que existem imposições estatais, isto é, que outras companhias aéreas não podem operar para o Faial e para o Pico, e eu direi, Não é verdade.

Imagem retirada da internet
Se no caso do Faial não tenho memória da existência, no passado recente, de voos charters de outras companhias aéreas, estou bem lembrado de que, não há muito tempo, existiu uma operação charter da TUI que ligava a Holanda ao Pico. Digamos que chega de falta de rigor nas afirmações que são feitas a este propósito.
O que pode ser considerada uma limitação decorre da existência de Obrigações de Serviço Público (OSP), para o Faial, Pico e também, Santa Maria.


A liberalização das rotas e não a abertura do espaço aéreo, esse há muito que está aberto, é que poderá ter tornado atrativo, para outras companhias aéreas, as rotas para S. Miguel e para a Terceira. Sabemos, contudo, que nem sequer foi a atratividade que trouxe para Ponta Delgada e para as Lajes as companhias aéreas de baixo custo. Se outros dados não se procurarem, encontrem-se nas razões do abandono da rota LIS/PDL/LIS pela Easyjet e depressa concluímos que talvez não tenha sido bem a atratividade comercial o motivo da permanência de, por exemplo, a Ryanair nestas duas rotas.

Foto by Aníbal C. Pires
É um facto que as irregularidades operacionais da operação aérea que liga o Pico e o Faial a Lisboa têm, objetivamente, prejudicado o direito à mobilidade dos açorianos que as utilizam, bem assim como a atividade turística no triângulo. Mas a história é o que é, quem faz a operação é a SATA, não por vontade própria, mas porque a isso foi “obrigada”.
Ninguém quis aquelas rotas, quiçá por terem OSP. Então liberalizem-se, dirão. Sim liberalizem-se, mas não exijam à Região e ao Estado mais do que o pagamento do subsídio social de mobilidade aos passageiros residentes. É que a inexistência de OSP é isso mesmo, não existem obrigações de quem presta o serviço. Se é isso que se pretende, Então força, e acaba-se de vez com o problema.

Existem outros aspetos que merecem atenção e reflexão e a eles voltarei. Mas que se continua a atirar “areia para os olhos” dos interessados, lá isso continua. E quem a atira não é apenas quem detém as responsabilidades políticas na Região, seja o poder, seja a oposição. Por vezes são os próprios interessados que se deixam levar no entusiasmo do momento.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 06 de Julho de 2019

sexta-feira, 5 de julho de 2019

Mulheres do Mundo - a abrir Julho

Foto de Mihaela Noroc

Com os votos de um excelente mês de Julho.
A beleza feminina para lá da geografia e da idade. Um projeto fotográfico de uma mulher que procura desconstruir os estereótipos da beleza feminina que nos são "vendidos" pela cultura instalada nas corporações mediáticas.

"Mihaela Noroc é uma fotógrafa romena que passou os últimos quatro anos a fotografar mulheres por todo o mundo, mostrando que a beleza que não é apenas o que se vê nos mídia ou nas redes sociais, mas sim a diversidade!"