sábado, 29 de abril de 2017

... dos sonhos

Foto by Aníbal C. Pires





Fragmento de um trabalho em permanente construção





(...) Vamos lá meninas, agora vão dormir. E tu, ficas connosco. Sim fico. Fico aqui para guardar o vosso sono e os vossos sonhos. (...)

das manhãs amarguradas

Foto by Madalena Pires






Fragmento de um texto em construção
















(...) Amargurado procuro o silêncio.
E vou ao encontro ao sossego do vento, ao clamor da terra, ao som da água que corre no riacho, ao crepitar da fogueira. Despojo-me da impermeabilidade urbana, entrego-me e, a osmose acontece. Somos agora um só elemento. 
E acontece a viagem. 
A harmonia da fusão do corpo com o espírito e a mãe Terra. 
Os tormentos calam-se. 
A serenidade chega, instala-se.
Enfim, respiro a liberdade. (...)


Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 08 de Fevereiro de 2016

terça-feira, 25 de abril de 2017

Ler ou não ler, Eis a questão

Foto by Aníbal C. Pires
Por resolução da UNESCO o dia 23 de Abril, data da morte de Cervantes e Shakespeare, é consagrado ao livro. Para os amantes da leitura o Dia Mundial do Livro é apenas mais um dia com livros, como são todos os outros dias de viajem pelas palavras. Ler é uma escolha, uma opção. Mas ler é, sobretudo, um prazer. Um prazer indiscritível.
Pode o leitor estar descansado que não vou fazer a apologia dos benefícios e da importância da leitura. Podia e, sendo professor, talvez devesse fazê-lo, mas não vou por aí. A lista está elaborada é longa e conhecida, e está, sem dúvida, completa. Cada um fará livremente a escolha que mais lhe aprouver. Opção que quem sabe ler pode fazer porque há quem não tenha o direito de escolher entre ler e não o fazer.
O que me preocupa é que há quem não pode optar, entre ler e não ler. Porque há, ainda, quem o não saiba fazer. Há os que juntam letras para soletrar palavras, e outros nem mesmo isso. E estes, quer uns quer outros, não podem optar, alguém já optou por eles e remeteu-os para um estado de privação.  Privação de um direito que devia ser universal, devia ser de todos. E não, não estou a exagerar, lido diariamente com quem só sabe soletrar palavras ou, nem mesmo isso, mas que ficam encantados quando ouvem ler textos poéticos. Textos de autores como Antero de Quental, Fernando Pessoa, Sophia de Mello Breyner Andresen ou, de Vinícius de Moraes. É estranho, dirão, Pois é, eu também achei, mas foi o que constatei, e constato a cada dia em que essa experiência se repete. Se isto tem significado, tê-lo-á. Não me cabe a mim descodificar esse comportamento, deixo isso para quem o possa fazer com a devida sustentação científica.

Foto by Aníbal C. Pires
Como cidadão e docente incomoda-me a opção de quem é detentor de uma competência, neste caso a leitura, e não a exerça, e se deixe invadir por leituras que não são as suas, invasão feita massivamente pela linguagem audiovisual. Comunicação que sendo, quase sempre, servida pronta a consumir é, também, por isso, mas não só, que tem muito mais consumidores que a comunicação escrita.
Como cidadão e docente incomoda-me de sobremaneira que outros cidadãos continuem impedidos de aceder à comunicação escrita, à leitura. Impedidos de fazer uma opção porque não são detentores dessa competência. Por responsabilidade própria, Talvez. Mas as estórias de vida são diversas e as responsabilidades divididas e, por consequência, não me cabe a mim, nem a ninguém, fazer generalizações e atribuir responsabilidades individuais quando existem um conjunto de variáveis que escapam ao controle do indivíduo. E assim é quando falamos de crianças e jovens, alguém optou por eles e os encaminhou para uma situação de injustiça que os priva de aceder ao saber e ao conhecimento.
A responsabilidade é, mais do que individual, coletiva. É aos pais, à escola, à comunidade ao poder político que cabe prover as condições para que nenhuma criança fique privada do direito à educação e ao sucesso.
Uma nota final, mas não à margem, sobre a realização, nos dias 20, 21 e 22 de Abril, em Ponta Delgada, do Fórum do Livro. Esta iniciativa da Publiçor e da sua chancela editorial Letras Lavadas, inserida nas comemorações do aniversário do grupo empresarial Nova Gráfica, assinalou de forma inédita e louvável o Dia Mundial do Livro. Esta iniciativa teve lugar na Biblioteca Pública e Arquivo Regional e juntou livreiros, editores, autores, críticos literários e muitos leitores. Foi uma excelente forma de comemorar o Dia Mundial do Livro e só posso endereçar os meus agradecimentos, enquanto leitor, aos organizadores do Fórum do Livro.
Ponta Delgada, 23 de Abril de 2017

Aníbal C. Pires, In Azores Digital, 24 de Abril de 2016

domingo, 23 de abril de 2017

...das opções

Foto by Aníbal C. Pires







Excerto de texto a publicar amanhã na imprensa regional e aqui neste blogue








(...) Pode o leitor estar descansado que não vou fazer a apologia dos benefícios e da importância da leitura. Podia e, sendo professor, talvez devesse fazê-lo, mas não vou por aí. A lista é longa e conhecida, e está, sem dúvida, completa. Cada um fará livremente a escolha que mais lhe aprouver. Opção que quem sabe ler pode fazer porque há quem não tenha o direito de escolher entre ler e não o fazer. (...)

quinta-feira, 20 de abril de 2017

140 carateres

Imagem retirada da internet
A informação regional tem sido, ela própria, comentada e objeto de alguns escritos de opinião o que pode indiciar a necessidade de refletir sobre o seu atual estado. As dificuldades empresariais são conhecidas, apesar dos apoios públicos, faltam os assinantes e a publicidade que garante receita. A concorrência das plataformas eletrónicas que suportam as redes sociais, é um facto indesmentível. A notícia produzida em direto pelos cidadãos que possuem um smartphone é, também, concorrencial. A escassez de recursos humanos nas redações e a precariedade das relações laborais no setor, condicionam a produção de conteúdos e a qualidade da informação. O Gabinete de Apoio à Comunicação Social, sob a égide e controle do Governo Regional, constitui uma outra dimensão do problema que afeta a comunicação social na Região.
A comunicação social enfrenta um conjunto de dificuldades que pode levar, a prazo, ao encerramento de alguns dos títulos da imprensa regional e, num cenário mais catastrófico ao encerramento de algumas das rádios locais. Cenário que não é desejável, mas que se nada for alterado não está, de todo, afastado da realidade.
Mas se da crise que se abateu sobre a Região e o País resultam algumas das dificuldades que pendem sobre os órgãos de comunicação social privados, não serão estas as principais dificuldades que o setor enfrenta.

Imagem retirada da internet
Um crescente número de cidadãos, quiçá os mais informados, não se revê no imediatismo da informação que é difundida pela clássica comunicação social, informação que leva à proliferação das fake news e, muito menos, na informação produzida com base nas notas de imprensa que chegam às redações provenientes dos gabinetes de imprensa das instituições, organizações e empresas.
Ir ao sabor da corrente e seguir modelos que não se adequam ao que se espera da informação, seja escrita ou audiovisual, só pode ter efeitos nefastos. Efeitos talvez mais destrutivos que os da anemia económica que resultou da crise e que, sem dúvida, afetou profundamente as empresas privadas de comunicação social.
Nem o diagnóstico se confina ao que já disse atrás, nem tenho a pretensão de ser detentor de soluções ou verdades absolutas, contudo, tenho opinião sobre o assunto e preocupo-me, pois não gostaria de assistir ao fim de mais títulos da imprensa regional. Todos ficamos mais pobres quando encerra um jornal ou deixa de ser emitido o sinal de uma rádio local.
A comunicação social precisa reganhar a credibilidade e ao mesmo tempo coexistir, sem competir, com a plataforma dos 140 carateres. Mas também não pode ter como principal fonte de informação o Twitter, deixemos isso para Donald Trump, ou o Facebook, fontes de informação quantas vezes oriunda em perfis falsos e cujos objetivos são diversos, mas quase sempre perversos.
A comunicação social impressa, radiofónica e televisiva tem de encontrar o seu espaço próprio e um novo paradigma que seja distintivo do imediatismo abreviado das redes sociais.
Ponta Delgada, 17 de Abril de 2017

Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 19 de Abril de 2017

terça-feira, 18 de abril de 2017

A Vitorino Nemésio está a necessitar de cuidados








Que a Educação na Região não tem alocado financiamento que assegure, por exemplo, a formação de professores, É sabido desde que essa competência passou a ser das Escolas, ou seja, a SREC demitiu-se da obrigação, transferiu-a para as Unidades Orgânicas, mas não lhes alocou os recursos financeiros para o efeito.










Mas a exiguidade dos recursos financeiros disponíveis para o setor da educação manifesta-se, também, noutros aspetos igualmente importantes.
Vejam-se alguns pormenores do mau estado em que se encontram as instalações da Secundária Vitorino Nemésio, na Praia da Vitória. As fotos não têm qualidade gráfica, mas nem por isso deixa de se perceber que alguma coisa tem de ser feita. E não acredito que seja incúria do Conselho Executivo da Escola.





Espera-se que a SREC deixe a propaganda e cuide do património escolar, também ajuda ao sucesso.

Celebrar 175 anos do nascimento de Antero de Quental

Pormenor das ilustrações - foto by Aníbal C. Pires
A Associação de Antigos Alunos do Liceu Antero de Quental e a Artes e Letras, com o patrocínio da Câmara Municipal de Ponta Delgada (CMPD), assinalou hoje o 175.º do nascimento de Antero de Quental com o lançamento do livro As Fadas, poema de Antero escrito para o Tesouro Poético da Infância. O livro é ilustrado por alunos da Escola Secundária Antero de Quental, sendo a conceção gráfica da professora Nina Medeiros. À professora Maria João Ruivo fica a dever-se o texto introdutório e a apresentação do livro na sessão pública que decorreu hoje no Salão Nobre da CMPD. A impressão tem a marca de qualidade a que a Nova Gráfica já nos habituou.


Pormenor das ilustrações - foto by Aníbal C. Pires
As Fadas

As fadas… eu creio nelas!
Umas são moças e belas,
Outras, velhas de pasmar…
Umas vivem nos rochedos,
Outras, pelos arvoredos,
Outras, à beira do mar…

Algumas em fonte fria
Escondem-se, enquanto é dia,
Saem só ao escurecer…
Outras, debaixo da terra,
Nas grutas verdes da serra,
É que se vão esconder…

(...)

... da credibilidade






Excerto de texto a publicar na imprensa regional e neste blogue






(...) A comunicação social precisa reganhar a credibilidade e ao mesmo tempo coexistir, sem competir, com a plataforma dos 140 carateres. Mas também não pode ter como principal fonte de informação o Twitter, deixemos isso para Donald Trump, ou o Facebook, fontes de informação quantas vezes oriunda em perfis falsos e cujos objetivos são diversos, mas quase sempre perversos. (...)

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Segundo Hollywood

Imagem retirada da internet
A tensão internacional atingiu, na passada semana, um nível de risco muito elevado e, o perigo mantém-se. Os riscos de um conflito mundial, desta vez, com recurso a armamento não convencional são reais. Dizer que este cenário se deve à controversa personalidade que preside à administração estado-unidense, é redutor. Há outros atores e uma situação complexa, mas atentemos apenas às ações que os Estados Unidos desencadearam recentemente.
O poder e o poderio militar dos Estados Unidos não residem apenas no presidente. As decisões militares estão protocoladas e, não sendo propriamente resultado de uma decisão coletiva, não dependem de um homem só. Por outro lado, a atuação dos Estados Unidos nos recentes ataques à Síria e ao Afeganistão contraria o discurso antissistema feito por Donald Trump durante a sua campanha eleitoral, ou seja, este não é um comportamento esperado. As ações bélicas dos Estados Unidos enquadram-se no tal sistema do qual Trump se procurou demarcar durante a campanha eleitoral. Ou Donald Trump encenou toda a sua campanha eleitoral, ou o sistema já o recrutou.
Quanto às ameaças e à mobilização de meios no que à questão coreana diz respeito, não separo o Norte do Sul porque considero que o problema diz respeito a todos os coreanos, trata-se da habitual encenação anual, desta vez com um discurso mais radical, mas que o arsenal nuclear coreano tem evitado que se passem das palavras à ação.
Não é a primeira vez que teço algumas considerações sobre o atual Presidente dos Estados Unidos e, numa leitura mais superficial, poderá parecer que existe alguma identificação política com o que ele pensa e defende. Nada disso. O que procuro fazer é uma reflexão sobre a realidade face ao conhecimento que disponho, que não é muito aprofundado, da política externa e interna dos Estados Unidos, da história mundial, da geografia política e económica e, dos poderes que verdadeiramente determinam as decisões políticas estado-unidenses. Apenas isso, o que já não é pouco.
A sociedade estado-unidense foi construída e alimentada com base em representações de sucesso individual. Esta construção social produz algumas distorções da realidade e induz, dentro e fora dos Estados Unidos, leituras e análises que reduzem factos construídos por grupos a atos puramente individuais. Tenho algumas dúvidas que os assassinatos de John Kennedy, do seu irmão Robert e, de Martin Luther King tenham sido planeados e executados apenas pelo seu autor material. Outros exemplos se podem aduzir aos anteriores como seja o atentado terrorista contra edifício do FBI em Oklahoma City. Encontrado um responsável a opinião pública descansa sobre o assunto e não faz mais perguntas. Simples.
Mas os Estados Unidos na sua saga de promoção da atomização produzem também super-heróis, os da banda desenhada e os do cinema. Com ou sem superpoderes todos conhecemos as histórias de um homem só a resolver os problemas que dizem respeito a todos na eterna luta do bem contra o mal. Todos nós consumimos, em determinado momento das nossas vidas, essa doutrina da qual não é fácil libertarmo-nos.

George Clooney e Amal Alamuddin - imagem retirada da internet 
George Clooney não é um desse super-heróis a quem me refiro, mas é uma figura de referência, diria mundial e, sem dúvida, um excelente ator. E, pensava eu, um cidadão bem informado, esclarecido e imparcial. Mas eis que se deixou enredar pela propaganda, não do café, mas da autointitulada Defesa Civil da Síria cuja face mais visível são os White Helmets, uma das duas organizações presentes no cenário de guerra e ao lado dos terroristas que procuram derrubar o governo legítimo da Síria. A outra organização é o Observatório Sírio de Direitos Humanos, quer uma quer outra são organizações não governamentais financiadas pelos Estados Unidos e Inglaterra, de entre outros países. Sobre o papel, o alinhamento e as ligações destas duas organizações ao Daesh e aos seus apêndices existem muitas e diversas provas, mas isso não impede Clooney de apoiar os White Helmets, para o qual propõe a atribuição do Prémio Nobel da Paz, e, talvez na sequência do documentário de curta metragem que este ano venceu o Óscar dessa categoria, Clooney tenha anunciado a intenção de, em conjunto com a sua esposa Amal Alamuddin, produzir um filme sobre os White Helmets. Filme que fará a apologia deste grupo que não pode deixar de ser considerado um aliado do fundamentalismo islâmico. Lamentável.
E assim vai caminhando o Mundo com rumo traçado por Hollywood.
Ponta Delgada, 16 de Abril de 2017

Aníbal C. Pires, In Azores Digital, 17 de Abril de 2017

... da atomização

Aníbal C. Pires (S. Miguel, 2015) by Catarina Pires





Excerto de texto publicado hoje na imprensa regional e que mais tarde será disponibilizado neste blogue






(...) A sociedade estado-unidense foi construída e alimentada com base em representações de sucesso individual. Esta construção social produz algumas distorções da realidade e induz, dentro e fora dos Estados Unidos, leituras e análises que reduzem factos construídos por grupos a atos puramente individuais. Tenho algumas dúvidas que os assassinatos de John Kennedy, do seu irmão Robert e, de Martin Luther King tenham sido planeados e executados apenas pelo seu autor material. Outros exemplos se podem aduzir aos anteriores como seja o atentado terrorista contra edifício do FBI em Oklahoma City. Encontrado um responsável a opinião pública descansa sobre o assunto e não faz mais perguntas. Simples. (...)

domingo, 16 de abril de 2017

... da redundância

Imagem retirada da internet

Fragmento de texto publicado na imprensa regional em Maio de 2006



(...) Aos cidadãos, não digo às cidadãs e aos cidadãos, talvez porque não seja tão inovador, moderno e criativo como outros ou, talvez, porque não seja necessária a redundância para incluir os géneros. Tenho de verificar se isto é cientificamente correto porque, politicamente é, de certeza, incorreto. (...)

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Da escola, do ensino, da cultura


Educar para a cultura

Ver, ouvir, sentir, desconstruir, criar, recriar, aprender a aprender com liberdade, construindo e reconstruindo percursos de aprendizagem a caminho do saber e da cultura que transformam e libertam o Homem.

Aníbal C. Pires, 05 de Dezembro de 2006

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Sobre ataque dos EUA à Síria

Imagem retirada da internet
Todos nós já vimos acontecer isto, está-lhes a faltar imaginação. O esquema é sempre o mesmo. Os povos do Afeganistão, do Iraque, da Líbia, agora da Síria, isto para não recuar muito no tempo, não procurar outras geografias e outras alianças do Estados Unidos, sofreram e sofrem os horrores da guerra promovida pelos Estados Unidos e companhia.
O território de um país soberano, a Síria, foi ontem bombardeado pelos Estados Unidos. Fizeram-no à margem de qualquer decisão das Nações Unidas, o que não significa que não tenha tido o apoio tácito dos seus habituais parceiros. Qual foi a justificação para a iniciativa unilateral dos Estados Unidos, um bombardeamento, no dia anterior, com armas químicas, também na Síria.
Quem foi responsável pelo ataque com armas químicas, Não foi ainda apurado. Quem foi acusado e responsabilizado pelos Estados Unidos, O governo Sírio. Chegados aqui é altura de perguntar pelas armas de destruição massiva que, garantidamente, possuía o Iraque de Saddam Hussein. Pois. Como todos soubemos depois do ataque ao Iraque, também à margem das Nações Unidas, afinal não existiam as tais armas de destruição massiva. Mas o objetivo dos Estados Unidos tinha sido cumprido e não se relacionava nem direta nem indiretamente com direitos humanos, nem com a necessidade de libertar quem quer que fosse do fundamentalismo islâmico ou outra das nobres causas dos Estados Unidos, como também sabemos o Iraque antes da intervenção, justificada pela existência das tais armas de destruição massiva, era um estado laico.

Imagem retirada da internet
Uma outra pergunta ou mesmo duas se devem colocar face a estes acontecimentos. A quem serviu o ataque com armas químicas na Síria. E a resposta é, Ao terrorismo que o DAESH representa. A segunda questão que se pode colocar é quem promoveu o aparecimento do DAESH. E a resposta é, Foram os Estados Unidos e os seus comparsas.
O ataque com armas químicas, que algumas agências noticiosas não dão como certo, foi precedido de um atentado terrorista, desta vez em S. Petesburgo, na Rússia. Nada mais conveniente para criar um clima de suspeição, desta vez sobre os suspeitos do costume, A Rússia e a Síria. A Rússia é, para já, inatacável militarmente, então vamos atacar a Síria.
Até ao apuramento da veracidade do bombardeamento com armas químicas e da responsabilidade da sua autoria, manda o bom senso que não se façam juízos apressados. Infelizmente não aconteceram só os juízos e a condenação de um dos suspeitos do costume. Infelizmente foram desencadeadas ações bélicas como retaliação a um evento sobre o qual ainda se sabe muito pouco.
Esta escalada de violência e de terror protagonizada pelos Estados Unidos não ajuda nada a concretizar aquilo que todos nós desejamos, Viver em PAZ.
Hoje aconteceu mais um atentado, ainda não foi apelidado de terrorista pelo governo sueco, mas eu diria que sim. O terror instalou-se na capital sueca, não importa quem fo(i)(ram) o(s) autor(es) e quais as motivações. Foi, para todos os efeitos, um ato de terrorismo.
Uma nota final. Tenho estado a acompanhar o atentado em Estocolmo através dos jornais online nacionais e, não deixa de ser estranho que alguma da informação tenha como fontes os tweeters produzidos por diferentes cidadãos sobre os quais nada sabemos, sobre o atentado de Estocolmo.
Que credibilidade se pode dar a esta forma de informar. O imediatismo vai ser fatal para a comunicação social.

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Inclusiva ou nem por isso

Imagem retirada da internet
Os sucessivos governos do PS nos Açores procuram demonstrar que o sistema educativo na Região é um sistema inclusivo. Dizem-nos que todas as crianças e jovens estão escolarizadas e obtêm certificações, não vou por em causa a afirmação. Aceito como bom. Que sim, que nos Açores não existe abandono escolar e todos os alunos obtêm um qualquer tipo de certificação. Ora estes indicadores, que como disse não contesto, não significam, necessariamente, que o sistema educativo na Região seja inclusivo.
E não é inclusivo, desde logo pelos resultados do sucesso escolar, entenda-se como sucesso a obtenção de certificações académicas que correspondem às aprendizagens e aquisição de competências definidas nos perfis de conclusão do Ensino Básico. Não incluo neste olhar o Ensino Secundário pois, embora seja obrigatório, ou melhor obrigatória é a matrícula, pelos encarregados de educação, e obrigatório é o dever de frequência, pelos alunos até aos 18 anos de idade, e não a conclusão do 12.º ano de escolaridade. A obrigação corresponde a 12 anos de matrícula e não à conclusão, com sucesso, do 12.º ano de escolaridade. Coisas bem diferentes, por sinal.
A inclusão educativa não é, por definição, apenas “armazenar” os alunos e mantê-los entre os muros da escola, e isto é, apenas, o que decorre do quadro legal, não será só mas é-o no essencial.

Imagem retirada da internet
No plano dos princípios direi que o desenho curricular e as metodologias educativas que lhe estão subjacentes têm como adquirido que os alunos, organizados por turma e ano de escolaridade, são uma massa heterogénea, logo com interesses e necessidades diversas, que necessitam de respostas educativas diferenciadas para obterem sucesso no seu percurso escolar. Mas se isto é verdade no plano dos princípios, já o não é nem nos programas das diferentes disciplinas ou áreas disciplinares, nem os princípios referidos têm reflexo nos Projetos Educativos de Escola e nos Planos Anuais de Atividade. A Escola acolhe como se todos os alunos fossem iguais, ou seja, prepara-se para cumprir a sua função apenas para alguns alunos. E os outros, Os que por motivos e realidades diversas não encontram, de imediato, o seu lugar na Escola, nem na sala de aula. Para esses que resposta tem a Escola, entenda-se aqui Escola como significando sistema educativo.
Para esses a administração educativa nos Açores encontrou uma alternativa fora. Fora do ensino regular. Não se adapta vai para uma via diferenciada sem que antes se tenham esgotado todas as estratégias de inclusão. E a exceção torna-se regra e o sistema educativo exclui, não inclui.
Para que conste nas estatísticas todos os alunos nos Açores cumprem os anos de escolaridade a que estão obrigados, não contesto.  Mas atendendo ao elevado número de crianças e jovens que não completam a escolaridade básica dentro do ensino regular, direi que o sistema educativo regional não é inclusivo e, não há “Pró-sucesso” que nos valha para tamanho fracasso da política educativa protagonizada pelos governos do PS nos Açores.
Ponta Delgada, 04 de Abril de 2017

Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 05 de Abril de 2017

terça-feira, 4 de abril de 2017

Turismo, ambiente e o desleixo

Foto by Madalena Pires

O destino Açores tem como sua principal âncora a beleza paisagística e a qualidade ambiental. Em terra uma das principais atrações, para além da conhecida paisagem do postal ilustrado, serão sem dúvida os trilhos pedestres. Trilhos onde pontificam os cursos de água, pequenos lagos e cascatas, isto para além da exuberante flora, endémica ou não, e das espécies animais que enchem o silêncio da paisagem com harmoniosos chilreios e belos voos planados.

Foto by Madalena Pires









Estas imagens pretendiam inicialmente mostrar mais um dos muitos trilhos de S. Miguel, e com esse objetivo foram publicadas pela sua autora (Madalena Pires)

Quando as visualizei a primeira vez não me apercebi de que no leito da ribeira algo estava a mais. Quando vi os enormes pedaços de plástico não pude, nem posso, deixar de as divulgar de novo, agora com outro objetivo.


















Foto by Madalena Pires
Não é aceitável por razões, desde logo, de segurança das populações, quantas e quantas enxurradas não são provocadas por falta de limpeza das linhas de água, mas também ambientais e diretamente ligadas a um setor da economia regional em crescimento, que o leito de uma ribeira esteja tão contaminado por matéria plástica proveniente de uma outra atividade económica, ainda mais importante que a do turismo.



Foto by Madalena Pires

O plástico que se vê na ribeira deveria ser considerado um crime ambiental. Mas mais do que a penalização, a quem não tratou convenientemente aquele resíduo, é necessário encontrar soluções para se caminhar para a redução da utilização de plásticos e encontrar soluções facilitadoras para seu depósito e posterior recolha pelos serviços competentes.

Foto by Madalena Pires




Fica o alerta.

Da memória e da incúria

Foto by Madalena Pires
Esta e as fotos seguintes ilustram o estado de abandono de uma antiga central hidroelétrica em S. Miguel, Açores.

Foto by Madalena Pires










Tenho consciência que nem tudo pode ser conservado ou musealizado, mas quando me confronto com imagens como esta, sinto que é sempre possível fazer um pouco mais pela nossa história, preservando algumas memórias. Neste caso trata-se de uma antiga central hidroelétrica perdida na Serra de Água de Pau e em avançado estado de degradação.




















Foto by Madalena Pires
Quanto seria necessário retirar aos lucros da elétrica regional para preservar esta memória e dar-lhe uma utilidade pedagógica, mas também de reforço da atração turística de um trilho pedestre.

... da escolaridade

Foto by Aníbal C. Pires





Parte do todo. Esta e as restantes partes que dão coerência ao todo serão publicadas amanhã na imprensa regional e aqui, neste blogue.







(...) E não é inclusivo, desde logo pelos resultados do sucesso escolar, entenda-se como sucesso a obtenção de certificações académicas que correspondem às aprendizagens e aquisição de competências definidas nos perfis de conclusão do Ensino Básico. Não incluo neste olhar o Ensino Secundário pois, embora seja obrigatório, ou melhor obrigatória é a matrícula, pelos encarregados de educação, e obrigatório é o dever de frequência, pelos alunos até aos 18 anos de idade, e não a conclusão do 12.º ano de escolaridade. A obrigação corresponde a 12 anos de matrícula e não à conclusão, com sucesso, do 12.º ano de escolaridade. Coisas bem diferentes, por sinal. (...)

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Preconceitos para ultrapassar e docentes para formar

Foto by Aníbal C. Pires
A Educação Sexual na Escola tem sido, desde sempre, objeto de alguma controvérsia. Ora são os pais e encarregados de educação, ora são os docentes que colocam em causa a sua utilidade educativa. Dizem que os conteúdos programáticos, trabalhados na área das ciências e da biologia, sobre o aparelho reprodutor são suficientes para a formação elementar dos alunos do ensino básico. Discordo desta visão redutora, e digo apenas redutora pois não quero fazer outros juízos sobre quem coloca em causa a Educação Sexual na Escola.
É redutora porque o sexo não se limita à reprodução da espécie. Não há reprodução sem sexo, já nem sequer é bem assim, mas há sexo, muito mais sexo, sem reprodução e, como tal, à escola, ainda que de forma transversal, cabe construir uma abordagem ancorada numa narrativa que acompanhe os tempos. Educar para evitar a gravidez precoce e as doenças sexualmente transmissíveis (DST) são dois objetivos que, só por si, justificam a Educação Sexual em ambiente escolar. Se a educação desta temática pode ser feita no seio da família, pode. Pode, mas não acontece. Todas os preceitos têm exceções e, neste caso, também se verificam e, não tenho dúvidas que no seio de muitas famílias o tema é devidamente tratado e, se o for em articulação com a Escola, tanto melhor, por outro lado para as crianças e jovens cujas famílias não cumprem esta obrigação, então ainda mais pertinente se torna a abordagem da Educação Sexual em meio escolar.
Mas a Educação Sexual não se limita apenas ao ensinamento de técnicas de prevenção, sejam da gravidez precoce ou não desejada, seja das DST, a Educação Sexual não é um conteúdo puramente biológico e existem um conjunto de outras premissas que justificam a sua inclusão na Escola, desde logo, porque a escola tem um papel importante a cumprir na formação de crianças e jovens e na articulação com as famílias, mas também porque a sexualidade faz parte da vida, do corpo, das relações interpessoais, do crescimento pessoal e da vida em sociedade.

Imagem retirada da internet
Razões às quais se podem acrescentar outras, tão ou mais importantes do que as já referidas. Como seja a sistematização e organização de conteúdos que introduza rigor e complemente a educação sexual informal existente, como se sabe, em diversos espaços e tempos, ou ainda, porque uma abordagem positiva e eficaz ajuda a crescer e a ter uma vivência responsável e saudável (física, psicológica e social) da sexualidade. Tudo isto e muito mais se pode constatar na documentação produzida pela Associação para o Planeamento da Família que, sobre a Educação Sexual na Escola, define um quadro ético e um enunciado de princípios orientadores dos quais passarei a referir alguns: i)  o reconhecimento de que a sexualidade é uma fonte de prazer e comunicação, uma potencial fonte de vida e uma componente positiva de realização pessoal e das relações interpessoais; ii) a valorização das diferentes expressões da sexualidade ao longo do ciclo de vida, iii) o reconhecimento da importância da comunicação e do envolvimento afetivo e amoroso na vivência da sexualidade; iv) a promoção de direitos e oportunidades entre homens e mulheres; v) a recusa de expressões de sexualidade que envolvam violência e coação, ou envolvam relações pessoais de dominação e exploração; vi) o respeito pelo direito à diferença e pela pessoa do outro, nomeadamente os seus valores, a sua orientação sexual e as suas características físicas.
Se outros não houvera, estes princípios orientadores julgo serem suficientes para justificar a abordagem da sexualidade na Escola. Não tenho, contudo, ilusões quanto às dificuldades existentes. A passada semana numa reunião na Escola onde trabalho dizia uma querida colega, (…) vieram aí falar com os alunos sobre sexo anal e oral, não sei para quê. No meu tempo sexo anal era uma coisa só de maricas (…). Preconceitos para ultrapassar e docentes para formar, direi eu.
Ponta Delgada, 02 de Abril de 2017

Aníbal C. Pires, In Azores Digital, 03 de Abril de 2017

domingo, 2 de abril de 2017

... da educação sexual

Imagem retirada da internet




Excerto de texto a publicar amanhã na imprensa regional e aqui neste blogue







(...) É redutora porque o sexo não se limita à reprodução da espécie. Não há reprodução sem sexo, já nem sequer é bem assim, mas há sexo, muito mais sexo, sem reprodução e, como tal, à escola, ainda que de forma transversal, cabe construir uma abordagem ancorada numa narrativa que acompanhe os tempos. (...)

Monica Bellucci - a abrir Abril

imagem retirada da internet




Não é novidade. Todos sabem que esta é uma daquelas mulheres que me fazem ter dúvidas sobre a existência de Deus. Uma mulher como ela não pode ser resultado apenas da criação humana.










Imagem retirada da internet



Monica Bellucci abre Abril, como já abriu muitos outros meses do momentos, e, tenho cá para comigo que voltará brevemente.