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Abril e Maio não! Mas então e as condições que têm sido disponibilizadas para quem utiliza os transportes públicos nas deslocações para ir trabalhar. E as condições de trabalho de todos quantos, pelas caraterísticas da sua profissão, não puderam ficar em casa.
Nas redes sociais, em particular no Facebook, existem muitas publicações cujos autores se insurgiram contra as comemorações do 1.º de Maio da CGTP. Todos têm direito à opinião, foi por esse e outros direitos que a luta organizada na oposição à ditadura que oprimiu os portugueses lutou durante a longa noite fascista, o direito não está em causa.
O que me preocupa é a estupidificação reinante. Os mesmos cidadãos que hoje se insurgiram contra as celebrações do 1.º de Maio, são os mesmos que se insurgiram contra as celebrações do 25 de Abril na Assembleia da República.
Quer uma celebração quer outra pautaram pelo cumprimento das regras, escrupulosamente cumpridas, emanadas da Direção Geral de Saúde, o que me leva a crer que a insurgência tem mais a ver com o que as datas significam do que preocupações sanitárias e de saúde pública.
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Hipocrisia é o que se pode dizer de alguns líderes partidários, deputados e lacaios dos partidos (PS, PSD e CDS) que votaram o Decreto Presidencial do Estado de Emergência que vigora até hoje e que já previa a realização das comemorações do 1.º de Maio. Ou não leram, ou pretendem fazer da população uma mole imensa de imbecis que, por não se informarem, regurgitam de forma acéfala as palavras de quem sempre esteve (e está) contra os trabalhadores, o 25 de Abril e o 1.º de Maio.
Para reforçar esta premissa direi que, os mesmos cidadãos, que opinaram veementemente contra as celebrações do 25 de Abril e do 1.º de Maio, não disseram uma palavra que fosse perante a supressão de alguns transportes públicos (diminuição da frequência) o que teve como efeito a impossibilidade de cumprir a regra básica do distanciamento social. Ou ainda, não demonstraram nenhuma preocupação pelos milhares e milhares de trabalhadores que continuaram a ter de trabalhar para assegurar um mínimo de bem-estar e segurança a quem,
por iniciativa própria ou por ter um trabalho adequado para o teletrabalho não pode ficar em casa confinado. E não me refiro apenas aos trabalhadores do serviço público de saúde refiro-me a todos os que diariamente saem de suas casas para ir trabalhar.
Estes cidadãos que se insurgem contra Abril e Maio são os mesmos cidadãos que perante os lay-off, as férias forçadas, os despedimentos por conta da pandemia, a diminuição de rendimentos dos trabalhadores, não têm uma palavra, uma que seja, a dizer
A estupidificação a que ao longo de décadas temos sido sujeitos, pela cultura dominante, vai produzindo os seus efeitos. Um deles tem-se evidenciado ao longo destes últimos dias e que se manifesta pela incapacidade de discernir entre factos e opiniões, ou seja, na regurgitação acéfala de opiniões. Opiniões que são tudo menos inócuas e visam os inimigos de sempre.
Não tenhamos ilusões. Quem promove os ataques ao 25 de Abril, ao 1.º de Maio e a quem não abdica da luta em defesa de quem trabalha, quem promove esses ataques tem um objetivo. Objetivo que não é a defesa da saúde pública, nem se preocupa com o cumprimento das regras sanitárias que estão instituídas pela Direção Geral de Saúde. A finalidade é retirar voz e espaço quem luta pelos direitos de quem trabalha.