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E o Brasil!? Tenho estado a acompanhar no sítio oficial a evolução dos resultados, neste momento, com quase 90% das seções apuradas o candidato Lula da Silva vai à frente com uma margem confortável, embora esteja, para já, desenhada a necessidade de se realizar uma segunda volta para apurar quem será o futuro presidente brasileiro. Os apoios e acordos para a segunda volta vão ser determinantes para esse apuramento, sendo que a maioria dos partidos políticos brasileiros são pouco confiáveis e pode haver flutuação de votos, ou seja, qualquer tentativa de prognóstico em função do apoio dos candidatos presidenciais (11), que disputaram a primeira volta e que terminam a sua candidatura por aqui, é um exercício arriscado. Já é oficial, vai haver segunda volta e regista-se uma acentuada polarização. O Brasil está politicamente dividido. Lula ganhou a Norte e Bolsonaro no Centro e no Sul.
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Os resultados eleitorais e a proximidade de votantes nos dois candidatos que vão disputar a segunda volta é preocupante. Não tenho grande proximidade política, nem uma particular simpatia por Lula da Silva (48,43%), mas não deixa de ser motivo para reflexão e estudo que, um personagem com Bolsonaro (43,20%) possa ter recolhido um apoio eleitoral tão expressivo depois do desastre que foi o seu governo. Se em 2018, ainda que com algum esforço, se conseguiu entender as razões dos eleitores para não votarem no candidato do PT, as acusações de corrupção, o impedimento forçado de Lula da Silva, o golpe que depôs a Dilma, a insegurança e um sem número de questões alimentadas pelas corporações mediáticas brasileiras, mas agora é inadmissível que mais de 50 milhões de brasileiros tenham dado o seu apoio eleitoral ao execrável Jair Bolsonaro. Mais do que inadmissível é perigoso pois, a semente do “bolsonarismo”, como outras, por esse mundo fora, que têm estado latentes tenham germinado e se estejam a enraizar. E isso sim, é preocupante.
Se os movimentos e partidos de esquerda têm responsabilidade, sem dúvida. As agendas políticas da maioria dos movimentos e partidos de esquerda é muito permeável, não é por acaso, à priorização de temas, que sendo importantes, deixam de lado propostas de solução para resolver questões básicas para a maioria da população, e isso tem os seus custos políticos e eleitorais. Os partidos da direita e da extrema direita ficam com o campo aberto para cavalgarem o descontentamento popular, alimentam-se na iliteracia social e política e na ausência da consciência de classe.
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A construção de discursos e propostas políticas, de “esquerda” direcionadas para a classe média urbana em países e regiões pobres e com caraterísticas rurais é abrir alas à direita e à extrema direita.
Ponta Delgada, 2 de outubro de 2022
Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 4 de outubro de 2022
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