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O encontro entre Vladimir Putin e Donald Trump, no Alasca, não foi apenas um ato diplomático, a reunião e toda a encenação representa a imagem de um mundo em reconfiguração. As câmaras captaram sorrisos calculados, apertos de mão medidos, de entre outros pormenores que os jornalistas e analistas, em pânico, se esforçaram por decifrar, mas a essência residiu na agenda de Trump que Putin, com mestria, soube aproveitar.
Trump e Putin foram parcos nas palavras para a comunicação social e não alimentaram especulações, recusando-se a responder aos jornalistas que marcaram presença na conferência de imprensa conjunta. Deste encontro ficou claro que a Federação Russa, depois de um esforço hercúleo para a isolar, a ocidente, libertou-se desse sufoco, por outro lado, quer se goste quer não da personagem, Donald Trump ganhou pontos internamente, a sua baixa popularidade aumentou para mais de 50% de aceitação, mas talvez o mais importante seja a demonstração inequívoca de que os líderes da União Europeia e o do Reino Unido, são meros espetadores que aplaudem a guerra e alimentam o medo do perigo russo para justificarem os seus fracassos e a corrida armamentista. Por outro lado, o governo de Volodymyr Zelensky, mais não é do que peão no tabuleiro geopolítico ocidental que sacrifica o seu país e o seu povo agarrado ao mito de que a Rússia é assim como um demónio que se prepara para dominar a Europa. Não é de mais território que a Rússia carece, mas de segurança estratégica e de população que a sustente.
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Putin retirou-se de cena, Trump faz o trabalho dos dois e a União Europeia ficou na plateia, implorando pelo protagonismo que Trump, uma vez mais, lhes retirou ao interromper a reunião para falar telefonicamente com Putin. Triste figura dos líderes europeus que foram em romaria ser enxovalhados em Washington.
A velha Europa, ou melhor a moderníssima União Europeia, que outrora ditou rumos globais, arrasta-se, agora, atrás da estratégia estado-unidense. A obediência cega tem um preço elevado: tarifas adicionais, perda de autonomia industrial e a humilhação de investir nos EUA para manter vivo um parceiro que a trata como um vassalo. A Alemanha, motor económico da União Europeia, perde importância a cada trimestre; a França, prisioneira do narcisismo de Macron e das suas próprias crises internas, balança entre compromissos diplomáticos e sinais de impotência; Portugal, periférico e obediente, limita-se a acenar e nem sequer foi à romaria. O sonho dos europeístas está a volatilizar-se pelo pragmatismo servil e pela diligência das suas lideranças para não contrariar Washington.imagem retirada da internet
Os EUA, de Joe Biden, a União Europeia e os dirigentes ucranianos que emergiram do golpe de estado, conhecido por euromaidan, escolheram o caminho da guerra, com o apoio dos movimentos neonazis, mormente, ucranianos, embora se verifique a presença de militantes nazis oriundos de todos os continentes.
Os Acordos de Minsk (2014–2015), que previam estatuto especial para as regiões do Donbass, retirada de armamento pesado e supervisão internacional, foram sistematicamente ignorados. Kiev, com o apoio tácito do Ocidente, preparou-se militarmente para confrontar Moscovo. O resultado é conhecido: uma guerra prolongada, uma Ucrânia destroçada, dependente de financiamento externo, uma Rússia consolidada e a União Europeia a pagar a conta. Quem escolheu a guerra esqueceu que diplomacia não é sinal de fraqueza, mas um instrumento para garantir a paz.
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A questão da desnazificação não é um fetiche russo. O Batalhão Azov, com simbologia neonazi explícita, não é ficção, mas realidade integrada nas forças regulares ucranianas. O culto de Stepan Bandera, líder ultranacionalista e colaboracionista do nazismo, tornou-se prática institucionalizada, feriados, monumentos, ruas. Grupos neonazis europeus e de outras partes do mundo deslocaram-se para a Ucrânia, pós-euromaidan, para acederem a treino militar e ideológico. Organizações internacionais documentaram a presença desses grupos no país. Ignorar estes factos é negar a complexidade do conflito e, sobretudo, serve para alimentar a narrativa do perigo russo.
São os cidadãos europeus que suportam o fardo. A inflação corrói salários e pensões; a energia encarecida fecha fábricas e empurra famílias para a pobreza; os orçamentos nacionais desviam fundos da saúde, da educação e da habitação para alimentar a engrenagem militar. Enquanto isso, os Estados Unidos consolidam vantagens geopolíticas, a Rússia resiste e a Ucrânia sangra, prolongando a guerra. Os custos da obediência são claros: perda de autonomia, fragilidade económica e desgaste social. A União Europeia financia um conflito que não lhe pertence, paga por decisões tomadas fora do seu território e por interesses que não são os seus.
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A cimeira entre Trump e Putin teve consequências bem visíveis pela forma como a administração estado-unidense assumiu a posição da Federação Russa no que diz respeito à questão de cessar-fogo já, passando a defender a construção de uma paz duradoura e, para que isso seja possível, é necessário resolver as questões que estão na origem do conflito russo-ucraniano, como sejam: a recusa de integração da Ucrânia na OTAN; a desnazificação; e a cedência do Donbass à Federação Russa. Sim! Por tudo isto, mas também pela forma, subalterna, como foram recebidos os líderes europeus.
Ponta Delgada, 19 de agosto de 2025
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