De regresso e sem assunto. Temas da atualidade não faltam mas esses já alguém os mastigou e expeliu para facilitar a absorção pela opinião pública, isto claro está metaforicamente dizendo e escrevendo, pois do que se trata é mesmo dessa “vaca sagrada” que dá pelo nome de critérios editoriais e não de uma qualquer fase da digestão de alimentos. E é mesmo metáfora pois os critérios editoriais não produzem nenhum efeito no ciclo digestivo, atuam sobre as consciências, Moldam-nas.
Não por serem intocáveis, ou por qualquer outra razão, os critérios editoriais dos órgãos de comunicação social pública e privada também não serão tema deste texto que marca o fim do mês de Agosto do ano de 2013.
Ano, até agora, assinalado por um acentuado empobrecimento do país e dos cidadãos, mas também pelas enormidades da cavacal figura que habita no Palácio de Belém, sejam elas, as enormidades, produzidas no recato do gabinete presidencial, sejam as intervenções públicas, os silêncios, a inércia ou a demissão do exercício dos deveres a que constitucionalmente está obrigado. Mas isto são contas de outro rosário e do calvário a que o povo português se obrigou quando optou, eleitoralmente, por uma maioria de direita em S. Bento e em Belém. E se é verdade que a legitimidade do Governo e do Presidente advém do voto popular, não é menos verdade que essa legitimidade há muito se perdeu com o incumprimento do contrato social celebrado com os eleitores.
Embora meteorologicamente o ano tenha sido, direi, atípico o Verão acabou por se instalar nestas ilhas encantadas, hoje não tão perdidas nem esquecidas mas, ainda assim, muito desvalorizadas pelos poderes de Lisboa e Bruxelas onde as análises e decisões são tomadas com base em estudos e modelos quantitativos e sem ter em consideração que os números têm atributos. Pessoas, desemprego, exclusão social e económica, pobreza e fome.
O Verão. Sim, o Verão nos Açores, era disso que falava, está a ser quente e húmido quanto baste e apesar da crise financeira não faltou o habitual calendário de festas e festivais para gáudio da juventude e preocupação dos pais e avós. Preocupação com o futuro dos seus filhos e netos, mas também preocupação com as opções e prioridades do presente. É que a vida, mesmo para os jovens, é um pouco mais do que o cartão Interjovem e o Verão de uma qualquer marca de cerveja.
Não posso terminar este texto sem uma palavra de apreço pelos Bombeiros voluntários portugueses e de reconhecimento pela entrega e desprendimento com que colocam as suas vidas ao serviço do seu povo e do seu país. Fazem-no todos os dias do ano com a mesma abnegação. Não posso deixar de constatar que Cavaco Silva, o presidente de alguns, cada vez menos, portugueses, sobre a ação destas mulheres e destes homens e, sobre as vítimas mortais registadas nas fileiras dos Bombeiros portugueses disse, até agora, nada.
Ponta Delgada, 27 de Agosto de 2013
Foto=> Catarina Pires
Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 28 de Agosto de 2013, Angra do Heroísmo
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