quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

De novo a SATA e os meus lamentos

Foto - João Pires
Os últimos dias foram profícuos na divulgação de notícias avulsas sobre o Plano Estratégico do Grupo SATA. 
O estratagema comunicacional adotado não é novo, vem nos manuais, e mais não pretende do que ir preparando a opinião pública para ficar pelo acessório e desviar a atenção do que é verdadeiramente essencial.
Lamento. Lamento que face à inevitável alteração do mercado dos transportes aéreos, imposição vinda do exterior, liberalizar é a palavra de ordem, resulta de uma imposição da Europa do nosso (des)contentamento. Concorrência e mercado são os dogmas da teologia neoliberal que faz Escola nos corredores do poder político servil aos interesses dos oligopólios financeiros, mas como dizia face às inevitáveis transformações no mercado dos transportes aéreos, lamento que só agora o Grupo SATA venha apresentar um Plano Estratégico de médio prazo, do qual e apesar de um conjunto de contradições, visíveis nos pormenores que a comunicação social tem vindo a tornar públicos a mando e ao serviço de uma estratégia comunicacional espúria, ainda deposito alguma expetativa.
Lamento. Lamento que o Governo regional tenha adotado este ardil comunicacional e não tenha feito o que eticamente seria mais correto, ou seja, a sua apresentação integral desde logo aos representantes eleitos pelo Povo Açoriano e à opinião pública em geral. Mas este facto já o referi num outro escrito ou comentário.
Foto - Aníbal C. Pires
Lamento. Lamento que as soluções que foram adotadas e que têm sido motivo de gáudio para um segmento da população dos Açores e para os operadores turísticos, nem todos pois a sobrevivência das agências de viagens está em perigo, não tenha tido como prioridade das prioridades a resolução do problema para os açorianos, e não foi. A prioridade das prioridades foi e é resolver, no imediato a sobrevivência de um setor que enforma desde a sua conceção um problema crónico, e a história tem o seu início em 2000, com o segundo governo de Carlos César e do PS Açores, história que aqui não vou desenvolver mas que a história económica deste período irá, em tempo oportuno, clarificar e deslindar esta minha afirmação.
Lamento. Lamento que em todo este processo não tenham sido defendidos os interesses dos Açores e dos açorianos. Não ter acautelado os interesses do Grupo SATA, desde logo de uma das suas empresas, significa secundarizar o que devia ser prioritário para qualquer Governo Regional, o Povo Açoriano. E foi e é isto que tem vindo a acontecer.

Foto - João Pires
Lamento. Lamento que um certo PS Açores, e não me refiro a Vasco Cordeiro e aos militantes e quadros que estão verdadeiramente com ele, aliado a um conjunto de mercenários do setor do transporte aéreo, tenha sido protagonista e cúmplice de um processo que a prazo vai colocar em causa a companhia aérea regional que, tal como a companhia aérea nacional, são muito mais do que meras transportadoras aéreas. A SATA e a TAP são ou deviam ser a imagem de marca da Região e do País no Mundo, embaixadores itinerantes. É assim que a comunicação avulsa da SATA justifica a alteração da designação para Azores Airlines, embora eu tenha cá para mim que o objetivo não é apenas esse.
Lamento. Lamento tudo isto porque disponho de dados objetivos e subjetivos que me permitem concluir que com este modelo de transporte aéreo que está desenhado para os Açores houve e há quem tenha muito a lucrar, não o turismo, não o Povo Açoriano, Sim, isso mesmo pessoas individualmente consideradas. Mas isso fica para as minhas memórias ou, quiçá para quando não haja forma de, ainda que indiretamente, me prejudicarem. Não a mim mas a quem no seu último nome tem o meu apelido. Não é falta de coragem é apenas evitar que terceiros sejam prejudicados como já no passado recente aconteceu.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 08 de Janeiro de 2015



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