quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Uma das faces da censura

A rádio e televisão pública dos Açores, como é habitual, cobriram ontem uma reunião da Comissão de Política Geral (CPG).
Para além de assuntos da rotina do funcionamento da CPG realizaram-se duas audições (Vice-presidente do GR e Presidente da Delegação da ANAFRE nos Açores) sobre uma iniciativa do PCP Açores, a saber um Projeto de Resolução que Recomenda ao Governo Regional que reforce o apoio e a cooperação com as Freguesias dos Açores, assunto de todo desconhecido da jornalista da televisão pública, como aliás o demonstrou em conversa comigo, tendo eu optado por não lhe lembrar ao que ela vinha, não me competia a mim. Demonstrou também algum enfado por ter de estar ali e que não estava disposta a aguardar pelo fim dos trabalhos da CPG, mas a sua “má disposição” devia-se, também, segundo a própria ao facto de ter sido “pressionada” por um telefonema de um dos assessores de imprensa da Vice-presidência do Governo. Enfim, nada disto tem relevância e, sobretudo é prática comum.
Tudo isto se passou antes do início dos trabalhos da Comissão, quiçá devido ao enfado, à pressa para partir para outros trabalhos, porventura bem mais importantes do que a CPG que discutia uma proposta que visa melhorar as respostas das freguesias às populações que servem.
Não tendo conseguido ouvir quem queria antes do início dos trabalhos da CPG, alcançou o seu objetivo durante um breve intervalo em que se procedeu à saída do Vice-presidente e à entrada do Presidente da Delegação da ANAFRE, dois dos intervenientes. A jornalista cumprindo, certamente, ordens da redação não ouviu mais ninguém, nem o PSD, nem o CDS/PP, nem o BE, nem o autor da proposta, o PCP. Mas como disse esta é uma prática comum e uma responsabilidade que não posso, sob pena de estar a ser injusto, atribuir à jornalista.
O jornalista da rádio fez o seu trabalho, o trabalho que a redação lhe solicitou em função dos critérios editoriais que foram definidos, pela redação, para a cobertura da reunião da CPG.
Não ouvir os restantes intervenientes é informar de forma parcial. Não ouvir os argumentos do proponente é, censura.
Censura justificada em critérios editoriais. É prática comum mas já aborrece para além de resultar no empobrecimento da democracia.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 08 de Janeiro de 2015

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