quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Nota Pessoal

Aníbal C. Pires by Madalena Pires
Não pretendo fazer o balanço, caberá a outros se assim o entenderem, do trabalho que desenvolvi, como deputado do PCP eleito nas candidaturas da CDU, nas duas legislaturas em que o povo açoriano delegou em mim parte, uma pequena parte, da sua representação na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA). Mas cabe-me agradecer a honra que me foi conferida, em 2008 e em 2012, de ter sido eleito deputado para a ALRAA. Mandatos que exerci em representação do PCP Açores e sempre na defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo açoriano.
Ao longo dos últimos 8 anos aprofundei o meu conhecimento sobre as singularidades de cada uma das nove ilhas dos Açores e consolidei o conceito de Região e a necessidade de desenvolver políticas diferenciadas para cada ilha, tendo em consideração o seu potencial de desenvolvimento ancorado no capital endógeno de cada uma.
A coesão e o desenvolvimento harmonioso se, por um lado, dependem da existência de políticas regionais comuns, como por exemplo a saúde, educação, transportes, ainda que adaptadas às nove realidades específicas, não são sinónimo de replicação do mesmo modelo de desenvolvimento em todas as nossas ilhas. Cada uma delas é uma realidade e não podemos, nem devemos tratar por igual o que é diferente, sob pena de não promover a coesão e acentuarmos, ainda mais, as assimetrias sociais e económicas, como aliás se tem vindo a verificar nas últimas legislaturas.
Aprendi, ouvindo centenas de representantes de organizações e instituições com quem mantive encontros e reuniões.
Aprendi, ouvindo milhares de cidadãos que de forma espontânea se dirigiram a mim para falarem das suas preocupações, dos investimentos por fazer, dos baixos rendimentos, do desenvolvimento harmonioso que tarda, da precariedade no trabalho que se vai transformando em vidas precárias, vidas a quem foram subtraídos o sonho e a dignidade.
Também a todos eles agradeço pelo que me ensinaram. Aprendizagens que traduzi em propostas legislativas, resoluções, intervenções, em requerimentos, debates e interpelações.
Chegou ao fim mais um ciclo da minha vida pública, é um ciclo que se encerra não é o fim da minha intervenção e participação na vida social e política da Região. Não abdico dos direitos que a Revolução de Abril me conferiu de participar e intervir e fá-lo-ei até que a minha vida feche o seu ciclo.
Aníbal C. Pires by Ana Loura
Esta nota pessoal não é, como se poderia pensar pelos primeiros parágrafos, uma despedida, bem pelo contrário é a reafirmação de que a vida política não se esgota no trabalho parlamentar, o debate e a luta política travam-se em diferentes fóruns e geografias não se confinam aos corredores e ao hemiciclo dos parlamentos. E eu vou continuar por aí no espaço público regional enquanto cidadão comprometido com um projeto de futuro para os Açores.
Ponta Delgada, 25 de Outubro de 2016



Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 26 de Outubro de 2016

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