sábado, 24 de março de 2018

Assédio sexual - crónicas radiofónicas

imagem retirada da Internet






Do arquivo das crónicas radiofónicas na 105FM

Hoje fica o texto da crónica emitida a 13 de Janeiro de 2018 que pode ser ouvida aqui










Assédio sexual

Nos últimos meses um dos assuntos mais mediatizados, em particular nos Estados Unidos, centra-se nas denúncias de assédio. O movimento irradia de Hollywood e as denunciantes fazem parte do grupo das famosas e, os alegados agressores, também. Os movimentos #MeToo e #TimesUp atingiram grande notoriedade nas redes sociais e têm aberto caminho para encorajar e apoiar as mulheres vítimas de assédio.
Depois da vaga de denúncias nos Estados Unidos, como é habitual, a onda foi-se espraiando e as denúncias de assédio sexual e a formação de movimentos vão acontecendo um pouco por todo o lado e, ainda bem. O assédio sexual é crime, mas nem sempre é, por razões várias, objeto de denúncia ou, quando a denúncia acontece já é demasiado tarde. Ou, talvez nunca seja demasiado tarde, dependendo dos pontos de vista e do que está em jogo.
O assédio sexual não acontece apenas em ambiente laboral, mas é, sobretudo, aí que se verifica com mais frequência e gravidade.
A Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, em Portugal, define o conceito de assédio sexual como todo o comportamento indesejado de caráter sexual, sob forma verbal, não verbal ou física, com o objetivo ou o efeito de perturbar ou constranger a pessoa, afetar a sua dignidade, ou de lhe criar um ambiente intimidativo, hostil, degradante, humilhante ou desestabilizador.
Estando clarificado o conceito, embora o quadro legal seja diferente de pais para país e, nos Estados Unidos, julgo que esse conceito até terá algumas alterações de Estado para Estado, posso agora partilhar consigo outras variações sobre o tema.

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O assédio sexual existe, o assédio sexual é crime, o assédio sexual deve ser denunciado, as vítimas, independentemente do género, devem ser protegidas. Independentemente do género, Sim. Claro que são as mulheres as principais vítimas, mas também, ainda que residualmente, o assédio sexual tem como objeto o homem e como agressor a mulher. Existem algumas produções cinematográficas de Hollywood que abordam esta questão, fica como exemplo o filme Revelação, protagonizado por Demi Moore e Michael Douglas. Uma interessante história sobre assédio sexual em que a vítima é um homem e o agressor uma mulher.
Face à dimensão mediática ampliada pela notoriedade de quem tem vindo a fazer as denúncias, mas também a algumas incompreensíveis denúncias e ao radicalismo de alguns movimentos feministas eis que surgiu, não diria um movimento contra, mas o posicionamento de outras mulheres, com igual notoriedade, mas de outra geração, que pretendeu repor algum equilíbrio na atual discussão pública sobre o assédio sexual. Se o intuito era nobre um ou outro termo utilizado e algumas interpretações enviesadas vieram desvirtuá-lo.
Quando é que um olhar, quando é que uma palavra, ou um gesto deixa de ser sedução e passa a ser assédio sexual.
Neste caso, como em tudo na vida é necessário algum equilíbrio e bom senso. E a forma com têm vindo a público as denúncias e algum radicalismo pode colocar em causa coisas tão belas como o jogo da sedução e o romance. Jogos de sedução que estão na origem das mais belas estórias de amor, quiçá a sua própria estória de amor.
Cá por mim nos galanteios, vulgo piropos, nunca passei do meu clássico, “Ditosa pátria que tais filhas tem”. Frase que quando adolescente dirigia às raparigas quando algo nelas, na perspetiva masculina, me despertava alguma atenção.

Ponta Delgada, 13 de Janeiro de 2018

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