segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Arquipélago de cultura - crónicas radiofónicas

Foto by Aníbal C. Pires (PDL, 2018)



Do arquivo das crónicas radiofónicas na 105 FM
Esta crónica foi para a antena a 03 de Novembro de 2018 e pode ser ouvida aqui







Arquipélago de cultura

Foto by Aníbal C. Pires (Ribeira Grande, 2018)
Os Açores fervilham de iniciativas culturais.
Eu diria que difícil é arranjar agenda para poder fruir da oferta disponível, talvez alguma articulação entre os promotores ajudasse pois, para quem tem um gosto eclético, como é o meu caso, nem sempre é fácil.
Mas não entenda isto como uma queixa ou, sequer um lamento. Não se trata disso, embora me falte tempo para “ir a todas”, como comumente se diz.
Como lhe disse não estou a queixar-me, bem pelo contrário esta constatação deixa-me satisfeito, até porque a maioria dos acontecimentos culturais envolvem criadores e produtores regionais. E não é por nenhuma espécie de bairrismo ou regionalismo, mas porque sentir este pulsar criativo desperta-me, como já lhe disse, um sentimento de agrado e até de orgulho.
O mês de Novembro é um bom exemplo desta vaga de eventos, em particular para a literatura, mas também no teatro, na música, na dança, nas artes plásticas e visuais.
Na Praia da Vitória está a decorrer mais uma edição do “Outono Vivo”, em Ponta Delgada vai acontecer o “Arquipélago de Escritores”, a editora Companhia das Ilhas iniciou a edição das “Obras Completas” de Vitorino Nemésio, em parceria com a Imprensa Nacional. Mas esta editora das Lajes do Pico não se fica por aqui pois, hoje apresenta em Ponta Delgada, na Livraria SolMar, a “Poesia Reunida” de José Martins Garcia.
Mas também a editora Letras Lavadas não tem deixado os seus créditos por mãos alheias, no passado sábado foi apresentado, no Centro Cultural da Caloura, o livro de Maria das Mercês Pacheco “Contos de encantar, histórias de espantar” com ilustrações de Tomaz Borba Vieira, isto para além dos lançamentos previstos no âmbito do Arquipélago de Escritores, como seja o livro de contos, de João Pedro Porto, “Fruta do Chão”.

Foto by Aníbal C. Pires (Caloura, 2018)
Mas para não dizer que não lhe falo de outras artes, pois bem aqui fica uma outra sugestão para hoje. Pelas 21h30mn, em Ponta Delgada, pode assistir no “Estúdio 13 – Espaço de Indústrias Criativas”, ao espetáculo teatral “Mar me Quer”, texto de Mia Couto, com produção do “Alpendre”, Grupo de Teatro e no elenco, de entre outros, Belarmino Ramos.
E por falar de Mia Couto e porque também valorizo quem nos visita veio-me à lembrança o João Afonso que vai estar no dia 9 de Novembro, próxima sexta-feira, pelas 21h, no Centro Cultural da Caloura para um concerto intimista que dá pelo nome “Azul, verde para crer”. João Afonso canta e encanta com a sua voz tranquila de intensão. Voz que o jornal Blitz distinguiu, em 1997, como a melhor voz masculina.
Neste momento já estará a perguntar, Mas o que tem a ver o João Afonso com o Mia Couto. Pois bem o João vai cantar algumas canções do seu último trabalho “Sangue Bom” cujas letras são, cá está, de Mia Couto e de José Eduardo Agualusa. Ao que sei cantará também alguns dos temas do seu primeiro trabalho “Missangas”, bem assim como alguns temas de José Afonso, tio do João. O João Afonso convidou para estar consigo o Zeca Medeiros.
Eu cá por mim sinto-me convidado, para este e para todos os outros eventos, sinta-se convidado também. E escolha, escolha o que mais lhe agradar porque não faltam iniciativas culturais um pouco por toda a Região. Eu diria que vivemos num imenso arquipélago de cultura.
É sempre um prazer estar consigo.

Voltarei no próximo sábado. Até lá. Fique bem.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 03 de Novembro de 2018

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