Foto by Aníbal C. Pires (Ponta Delgada, 2018) |
Do arquivo das crónicas radiofónicas na 105 FM
Esta crónica foi para a antena a 12 de Janeiro de 2019 e pode ser ouvida aqui
Os usos do tempo
Foto by Aníbal C. Pires (S. Roque, Ponta Delgada) |
Não tenho por objetivo deixar qualquer indicação sobre o uso que devemos dar ao tempo conforme o estado do tempo. Embora o tempo seja o tema sobre o qual mais tenho refletido e escrito.
O tempo esgota-se, mas não a vontade de falar sobre ele.
Não lhe consigo fugir, também não faço esforço para isso, e à medida que vou acumulando tempo esse interesse aumenta, desde logo, por que se trata de um acréscimo patrimonial com tudo o que isso representa de conhecimento, maturidade e, porque não, sabedoria, mas também pela valorização do tempo e dos usos que lhe dou.
O dia continua a ter 24 horas e as horas, 60 minutos, nem mais nem menos. É inexorável. Mas a perceção do tempo é variável. Há momentos na vida em que o tempo não sobra, há lugares que nos consomem o tempo e, até corremos atrás do tempo para ter o tempo que não temos. É um tempo sem tempo.
Outros momentos há em que o tempo se instala ao nosso lado e caminha connosco, e temos tempo até para falar do tempo perdido e do estado do tempo. É o tempo a dar tempo ao tempo.
Não sei, também não vou confirmar, se o direito ao tempo está consagrado na Carta dos Direitos Humanos, mas se não está deveria estar pois, o tempo é o nosso bem mais precioso.
Pode até parecer um exercício meio abstrato e pouco consistente, e não contesto. Mas preocupa-me a falta de tempo para refletir face à exigência de respostas e decisões céleres impostas pelas novas tecnologias de comunicação e informação.
Para tudo é necessário tempo, mas vivemos num tempo sem tempo.
O mediatismo e este imediatismo reinante é preocupante.
Foi um prazer estar consigo.
Volto no próximo sábado e espero ter, de novo, a sua companhia.
Até lá, fique bem.
Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 12 de Janeiro de 2019
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