O que traduzindo para os resultados da CDU significa que, no total, a quebra foi de 6 deputados.
Não vou procurar justificações, mais ou menos visíveis, para este resultado da CDU. Direi apenas que os eleitores penalizaram as forças políticas que abriram caminho, em 2015, à rutura do ciclo de austeridade e empobrecimento em que o país estava mergulhado e que deram corpo à recuperação de rendimentos, de direitos e da dignidade, mas também de alguns avanços sociais, para além de terem contribuído para um período de crescimento económico como já não se assistia em Portugal há, pelo menos, 19 anos. E tudo isso se fica a dever aos partidos agora penalizados eleitoralmente. Muito ficou por concretizar e os sinais de que o partido, que os portugueses beneficiaram eleitoralmente, quer inverter o rumo que vinha a ser seguido.
Não espero concordância com esta afirmação e muito menos qualquer tipo de manifestação de arrependimento pelas opções eleitorais que contribuíram para os resultados da CDU e para a maioria absoluta que nos vai governar. A informação estava disponível e tenho como bom que os meus concidadãos estão atentos, sabem interpretar o que lhes é dito, bem assim como desconstruir as tentativas de indução, de uma determinada opção eleitoral, que os comentadores e estudos de opinião regurgitaram até à exaustão na última semana de campanha eleitoral.
A luta do PCP não se esgota na intervenção institucional, nem nas batalhas eleitorais. Se são importantes os resultados eleitorais, claro que são, pois, permitem ao PCP intervir ao nível institucional. Mas não se iludam, a luta e intervenção do PCP não se esgota no parlamento, por isso dizemos, que os resultados não nos desalentam, nem nos derrubam.
O PCP enfrentou 48 anos de ditadura e não tinha deputados, tinha presos nas cadeias fascistas, o PCP lutou por uma revolução democrática e nacional que se concretizou a 25 de abril de 1974.
O resultado eleitoral da CDU nos Açores acompanhou a tendência nacional de descida relativa e absoluta de votos. Como no resto do país, não foi por demérito dos candidatos, bem pelo contrário, que a CDU nos Açores foi penalizada eleitoralmente. Quem corporizou esta candidatura fê-lo com responsabilidade, empenho e sentido de intervenção cívica e política.
A Marta, o Horácio, a Noélia, o Else, a Dulce, o Paulo, a Vera, a Maria, o André e a Judite protagonizaram uma campanha de esclarecimento e mobilização a favor da CDU e de apelo à participação política e eleitoral. A candidatura contou com a organização do PCP e o contributo dos seus militantes e simpatizantes.
Reconheço publicamente, enquanto Mandatário Regional da candidatura da CDU, o meu apreço e respeito por todos eles. Num quadro político complexo e do qual todos tinham consciência demonstraram coragem, é preciso tê-la, conhecimento e ligação às suas comunidades.
A candidatura da CDU soube, apesar da dispersão territorial, funcionar como um coletivo em permanente ligação à organização do PCP através do seu Coordenador Regional, o Marco Varela.
Deixo-vos, queridos camarada e amigos, este pequeno texto de Vladimir Maiakóvski que traduz o sentimento que me domina e, por certo, é comum a todos nós.
"Que os meus ideais sejam tanto mais fortes quanto maiores forem os desafios, mesmo que precise transpor obstáculos aparentemente intransponíveis. Porque metade de mim é feita de sonhos e a outra metade é de lutas."
Hoje, como ontem, amanhã e sempre sairemos à rua armados com este sonho transformador continuaremos a estar ao lado da luta dos trabalhadores e das populações dos Açores, ao lado da luta por um Mundo melhor, um Mundo mais justo.
Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 31 de janeiro de 2022
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