por aqui
na sombra protetora da Gardunha
com tempo
brinquei com o tempo
medido nos ponteiros sonolentos
do relógio do campanário
na sombra protetora da Gardunha
com tempo
brinquei com o tempo
medido nos ponteiros sonolentos
do relógio do campanário
por aqui
aprendi as primeiras letras
como quem descobre velhos segredos
decifrados nas ardósias
e outros sedimentos do tempo
por aqui
aprendi a contar e a decifrar
os sinais do tempo
observei a azáfama das formigas
e o voo frutífero das abelhas
por aqui
perdi medos
gritei aos quatro ventos
soube calar e ouvir
o peso dos silêncios
por aqui
fui criança e aprendi a olhar
a vastidão do Mundo
para além dos altos cumes
rasguei horizontes
por aqui
ganhei amigos
dispersos pelos trilhos da vida
mas presentes na memória
por aqui
foi morada de infância
em recantos graníticos e pinheirais
em ruas ladeadas de muros
onde crescia musgo e esperança
as veredas do passado
permanecem na lembrança
como ecos de um lugar da infância
distante no tempo e no espaço
mas sempre presente
Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, junho de 2025
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