Os Açores sofrem duramente os efeitos da crise nacional. As medidas de austeridade que têm vindo a ser tomadas pelos Governos Regionais e da República tiveram efeitos destrutivos no plano económico e social.
As empresas açorianas, frágeis e de pequena dimensão, orientadas sobretudo para o mercado interno, foram severamente atingidas pela redução generalizada do poder de compra das famílias e pela contração do investimento público.
Somos uma Região Autónoma, somos uma Região Ultraperiférica da Europa, somos, em suma, diferentes. O País e a União Europeia reconhecem essa diferença. Aplicar, como tem vindo a acontecer, políticas comuns, nacionais ou europeias, numa Região distante, com uma reduzida dimensão territorial e demográfica, dispersa e distante dos continentes é um erro, insistir no erro não é falta de visão ou desconhecimento, é ser cúmplice do centralismo, é ser cúmplice dos donos de Portugal, é ser cúmplice do Diretório da União Europeia, é ser cúmplice dos responsáveis pelos graves e dramáticos problemas com que no presente nos confrontamos.
Importar e aplicar, nos Açores, de forma linear modelos de desenvolvimento que mesmo em grandes espaços territoriais e de grande dimensão demográfica se estão a esboroar é manter esta Região e este Povo sob o jugo externo e perpetuar a crónica dependência e fragilidade económica.
A economia regional tem de se libertar da sua crónica dependência externa, tem de se fortalecer e blindar contra as conjunturas externas desfavoráveis aumentando a produção regional e dinamizando o comércio interno
A exigência de um futuro diferente para a nossa Região exige que sejam levadas a cabo mudanças profundas nas políticas regionais, nacionais e europeias, para permitir o desenvolvimento da nossa capacidade de produzir, de gerar riqueza, de criar emprego e distribuir melhor os frutos desse progresso, ampliando a solidariedade e a justiça social.
É na terra e no mar que está chave incontornável do progresso dos Açores. É no desenvolvimento do setor produtivo e das suas múltiplas atividades que se encontra a base de um modelo desenvolvimento sustentável e equilibrado.
É na bacia do Atlântico, Portugal e Europa, a Macaronésia, os Países Lusófonos e a Diáspora, que se encontram os nossos parceiros preferenciais e com os quais temos de, em definitivo, encontrar formas de cooperação económica, política e cultural.
É pensando os Açores sem deixar de considerar as especificidades de cada uma das ilhas sem, no entanto, as atomizar que podemos encarar com seriedade as políticas de coesão social, cultural, económica e territorial e, assim, consolidar uma via açoriana para o desenvolvimento sustentável.
Ponta Delgada, 17 de setembro de 2012
Aníbal C. Pires, In Jornal Diário, 17 de setembro de 2012, Ponta Delgada
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