Foto - Madalena Pires |
O poder financeiro, económico e político interrelacionam-se e dominam, como sempre aconteceu, Bem talvez nem sempre, estou a lembrar-me do paraíso onde eventualmente nenhum destes poderes existia, ainda assim ficam algumas dúvidas pois, quando há mais de um humano a partilhar o mesmo espaço, ainda que seja o éden, a tendência é para se estabelecerem relações de poder e domínio de um sobre o outro. E parece-me que foi isso que aconteceu no paraíso, ainda que não se tratasse de domínio financeiro, económico ou político, houve um dos seres que acabou por dominar o outro levando-o a cometer uma ação “pecaminosa” que teve como efeito a sua expulsão daquele espaço idílico.
Não sei muito bem onde me vão levar as palavras com que dei início a este escrito mas, a ideia anda à volta de poder e domínio. Não tenho dúvidas que o poder financeiro influencia o poder económico, e que a política, tal como a conhecemos, serve estes dois poderes, alimenta-se neles. As estórias e os estudos demonstram, à saciedade, a promiscuidade dos agentes políticos que “militam” nos chamados partidos do arco do poder, aglutinados nas duas grandes famílias políticas europeias o Partido Popular Europeu e o Partido Socialista Europeu, ou seja nestas duas famílias políticas encontramos os partidos que governam ou governaram os países da União Europeia nas últimas décadas, assim como no próprio “governo” da União Europeia. Mas é, também, nas organizações e nos oligopólios, financeiros ou não, que encontramos quadros e serviçais destas duas grandes famílias políticas europeias ou das suas equiparadas por esse Mundo fora, por conseguinte estamos numa encruzilhada, ainda pensei num beco sem saída mas, pareceu-me mais apropriado colocar um termo que alimente a esperança e, em boa verdade, numa encruzilhada temos oportunidade de fazer uma ou mais escolhas, enquanto num beco não é bem assim.
Não resisti à tentação de divagar, é bem verdade que “as palavras são como as cerejas”, mas o espaço é finito, este porque o outro não tem fim, e o tempo é um bem escasso, por isso tão precioso.
Vamos lá a mais uma tentativa de retomar o rumo ou pelo menos fazer uma aproximação à ideia inicial que, se ainda se lembram, era a de tergiversar sobre poder e domínio.
É certo que já falei, ainda que superficialmente, do poder político, económico e financeiro dominante, ainda está por abordar o poder popular, o poder da informação, o poder do conhecimento, o poder da cultura, e tantos outros poderes que significam outras tantas formas de domínio. Assim talvez o mais avisado, antes que o espaço chegue ao fim e o tempo se esgote, será centrar-me apenas num dos poderes, talvez o poder da comunicação/informação seja o mais adequado face ao seu imediatismo e à sua globalização.
O acesso à informação seja de forma passiva seja procurando-a ativamente nunca, como hoje, foi tão simples, aliás somos a todo o tempo autenticamente bombardeados com informação, o que em si mesmo não é mau. Mau mesmo é quando assumimos uma atitude passiva, ou seja, quando deixamos que a informação venha até nós, mas pior é quando a passividade está associada à falta de conhecimento, quando não possuímos as ferramentas que nos permitem descodificar a informação, quando assim é o domínio é facilmente exercido sobre os cidadãos, até opinamos em diferentes fóruns e plataformas mas fazemo-lo como se estivéssemos num beco sem saída, sei que é uma redundância porque os becos não têm saída, mas a ideia é essa mesmo, a conceção da inevitabilidade que leva à privação da liberdade de escolher sair do beco pelo lado da entrada.
Este texto sobre poder e domínio ficou um pouco esconso, É verdade, dirão alguns dos leitores que conseguiram chegar até aqui. Mas como faço muitas e muitas vezes fica aqui abundante espaço, espaço de liberdade para quem lê, espaço que os becos não têm.
Ponta Delgada, 25 de Março de 2014
Aníbal C. Pires, In Jornal Diário et Azores Digital, 26 de Março de 2014
Sem comentários:
Enviar um comentário