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Embora personalizadas nos primeiros candidatos, ou cabeças de lista como se instituiu dizer, as candidaturas ao Parlamento Europeu (PE) no território continental estão bem identificadas com as famílias políticas a que verdadeiramente pertencem e aos interesses que cada uma delas representa. Há algumas exceções como sejam, por exemplo, os casos de Marinho Pinto, de Rui Tavares e Paulo Casaca, não pelos partidos que representam mas pelos interesses que defendem, os seus próprios. Enfim são ambições em causa própria, julgo é que os eleitores já o perceberam o que coloca em causa a ambição dos próprios.
Depois há, o Rangel da Aliança (contra) Portugal, coligação que deixa o CDS/PP escondido com o rabo de fora e o PSD a arcar com as despesas da erosão pelo exercício do poder que conduziu ao empobrecimento dos portugueses, a maioria porque alguns, poucos, aproveitaram para enriquecer ainda mais. Quanto ao Assis nada tem a esconder é um quadro do PS, não importa se do PS socrático, do PS do António Costa, do seu próprio PS ou, do PS do Tó Zé, este último o líder político que vai ficar para a história como criador dessa nova figura regimental da Assembleia da República, a “abstenção violenta”.
Nos Açores insiste-se nos deputados açorianos coisa que como se sabe não existe, uma vez que o círculo eleitoral pelos Açores é fruto da mais desenvergonhada demagogia, aliás deputados há, que não residindo nos Açores têm defendido mais e melhor os interesses da Região do que os ditos deputados açorianos. Mas voltemos aos “candidatos açorianos”, que já estarão eleitos ainda antes das assembleias eleitorais encerrarem nos Açores. Não me vou referir a todos pois não disponho nem de espaço, nem de tempo. Não o faço pelas razões já referenciadas mas, sobretudo, porque os que ficam de fora, para lá da sua valia intrínseca, não estão a perverter a campanha com o logro do “candidato açoriano”, nem acenando a bandeira da independência partidária, ou seja, defendem e identificam-se com projetos políticos e partidários, não usam máscaras.
Foto - João Pires |
O PS Açores apela ao voto dos açorianos em Ricardo Serrão Santos, independente e cientista ligado às questões do mar. Mais do que o qualificativo de independente importa saber que este candidato é um especialista em assuntos do mar, conveniente quando a agenda política e dos interesses está focalizada na “nova” dimensão Atlântica de Portugal, e talvez aqui resida o mais forte argumento para o afastamento de Luís Paulo Alves, um homem mais ligado à terra. Mas mais importante ainda é saber qual foi e qual será a posição do PS e do PSE, família política europeia onde Serrão Santos será mais um, sobre a recuperação da soberania nacional da ZEE portuguesa, ou sobre a desregulação do setor da produção de leite (fim das quotas) é que, quer sobre um ou outro tema de importância vital, desde logo, para o País, e em particular para os Açores, é bom recordar que quer num caso, quer noutro os deputados do PS, no PE, votaram ao lado dos seus companheiros do PSE, num alinhamento perfeito com a outra grande família política europeia o PPE, votaram a favor do diretório político que domina a União Europeia e contra os interesses regionais e nacionais, ou seja, por este lado nada de novo. A inquestionável competência académica e científica de Serrão Santos de nada servirá, Serrão Santos, aliás terá disso consciência pois, segundo um seu colega do DOP, o Ricardo Serrão Santos sempre disse que quando entrasse para a política ativa seria para um cargo como este, compensatório. A ambição/missão política de Serrão Santos é, afinal, bem comezinha.
Do lado da Aliança (contra) Portugal o PSD e o CDS/PP Açores apelam ao voto numa professora e sindicalista, dirigente da UGT Açores e da FNE, independente como, de momento, convém. Sofia Ribeiro é uma mulher bonita, pronto vá lá, interessante. Eu acho que sim, talvez seja do longo cabelo ondulado que lhe dá uns ares de rebeldia, rebeldia de que tanto gosto, embora no que toca ao cabelo e à rebeldia, prefira mesmo a Angela Davies, tem o cabelo bem mais ondulado e foi, de facto, uma insurgente. Sei que este parágrafo me vai garantir o epíteto de sexista, mas assumo. Não que sou sexista, mas que sobre o Ricardo Serrão Santos não encontrei outros qualitativos do que independente e especialista em assuntos do mar, admito que posso não ter sido um bom observador mas as fotografias do “outdoor” também não ajudam.
Foto - Madalena Pires |
Sofia Ribeiro ganhou um desmesurado protagonismo mediático algumas semanas antes do anúncio da sua candidatura pela aliança eleitoral e político PSD/CDS, vá-se lá saber porquê, Bem o motivo todos conhecemos, embora tenham escapado alguns pormenores interessantes à maioria dos interessados, mas o que fica por explicar é porque raio de razão é que a comunicação social regional, designadamente a pública, lhe deu um tratamento VIP, certamente foi por causa da “vaca sagrada” dos critérios editoriais, pois que seja, o que não tem explicação explicado está, é tudo uma questão de fé ou de subserviência. Crença à doutrina do mercado, servilismo a quem no momento melhor assegura, politicamente, a catequização em prol da teologia neoliberal.
Já lá vou. Tenho a perceção da vossa inquietude quanto aos pormenores que terão escapado à maioria dos interessados e não vou continuar sem os explicitar pois, não quero ser responsável por estados de ansiedade que vos possam prejudicar. Pois bem, uma das últimas tarefas político sindicais de Sofia Ribeiro foi a proposta de realização de um concurso externo extraordinário para educadores e professores, posteriormente assumida pelo Bloco de Esquerda e apresentada na ALRAA. Nada de estranho nem sequer original, quantas e quantas vezes os partidos políticos assumem propostas de cidadãos ou de organizações que os representam. O problema consistia na solução apresentada: um concurso externo, deixando os educadores e professores do quadro sem possibilidade de acederem à mobilidade, ou seja, o concurso apenas permitia o ingresso na carreira aos educadores e professores contratados. Qual era o resultado prático desta medida, todos os docentes do quadro designadamente os que acederam à carreira concorrendo para toda a Região era-lhes agora vedada a possibilidade de mobilidade para vagas dos quadros que apenas seriam disponibilizadas para os professores contratados. Mas a Sofia Ribeiro, não satisfeita com esta proposta e para garantir a clientela, contando para isso com a inércia dos professores dos quadros, propunha também a criação de quadros de ilha, assegurando assim que a maioria dos docentes contratados ficaria afeto, não a uma Unidade Orgânica, mas a uma área geográfica, ou seja, a proposta original da Sofia Ribeiro era o retrocesso aos “Quadros de Zona Pedagógica” e a descaraterização do local de trabalho.
Satisfeita a vossa curiosidade, pelo menos parte dela, mas, quiçá com a ansiedade em valores mais elevados passemos, agora, ao eventual contributo que a futura deputada europeia do PSD pode vir a dar aos Açores e a contribuir para a resolução de alguns dos problemas que afetam a economia regional, designadamente as pescas e a agricultura, até porque a Sofia Ribeiro na sua itinerância eleitoral tem vindo comprometer-se com soluções para estes dois importantes setores, coisa que os seus antecessores já tinham feito, mas que no momento da verdade acabaram, como vai acabar a Sofia Ribeiro, por votar contra os Açores e contra Portugal.
Angra do Heroísmo, 19 de Maio de 2014
Aníbal C. Pires, In Diário Insular et Açores 9, 21 de Maio de 2014
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