sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

O custo da impreparação - crónicas radiofónicas

Foto by Aníbal C. Pires







Do arquivo das crónicas radiofónicas na 105 FM
Esta crónica foi para a antena a 08 de Dezembro de 2018 e pode ser ouvida aqui












O custo da impreparação

Miguel Sancho (foto retirada da internet)
Trago-lhe do novo a SATA, não pelo inquinado processo de alienação de 49% do capital social da Azores Airlines, nem pelo recente relatório da Comissão de Acompanhamento que nada relata que não fosse já do nosso conhecimento, mas por mais um daqueles erros que resultam da arrogância e autoritarismo de cidadãos impreparados para o exercício de cargos públicos e que, tendo o desfecho esperado, vai custar ao Grupo SATA, pelo menos, números redondos, 300 mil euros de indeminização a um trabalhador despedido indevidamente assim o disse, em última instância, o Supremo Tribunal de Justiça.
Disse pelo menos 300 mil euros pois, como é pressuposto todas as despesas processuais têm custo, e que, face ao tempo, aos recursos e demais trâmites, ao valor da indeminização ao piloto comandante devem ser adicionados mais alguns milhares de euros pelas custas judiciais e outras.
A forma como a SATA conduziu o processo de suspensão e despedimento do Comandante Miguel Sancho com base na interpelação de que foi alvo, dentro da aeronave que comandava, por um ex-administrador da SATA e que depois teve, por parte, do piloto comandante um comentário numa rede social, sem que ali tivesse referenciado quer a empresa quer o nome do então administrador, conforma um ato de persecução ao trabalhador.
E disso se tratou. Digamos que o Comandante Miguel Sancho ficou com o destino traçado na sequência do seu depoimento na Comissão de Inquérito do Grupo SATA. Houve quem não tenha gostado do que ouviu da boca do piloto comandante.
Certamente que se lembra e, assim sendo, julgo não ser necessário fazer nenhuma descrição dos factos. O que releva é mesmo a decisão que levou ao despedimento do Comandante Miguel Sancho e, sobretudo, quem tomou a decisão e quem lhe deu o aval.
E se as responsabilidades terão de ser assacadas ao Conselho de Administração da altura, devem-no ser, em particular, ao Presidente do Conselho de Administração, Dr. Luis Parreirão, e ao administrador que protagonizou o a interpelação ao piloto comandante dentro da aeronave, ou seja, o Eng. Francisco Gil, atualmente administrador da NAV.

Francisco Gil (foto retirada da internet)
Não sabia. Pois é, Ele há vidas assim.
Os mais de 300 mil euros que a SATA vai ter de pagar ao Comandante Miguel Sancho deveriam ser financiados pelos decisores e protagonistas de mais este triste caso de má gestão no Grupo SATA. Mas não será assim. O custo dos desmandos e da impreparação de quem, à época, estava à frente dos destinos do Grupo SATA vão engrossar a dívida desta empresa pública. E com isto pagamos todos nós, com juros. Pois está claro.
Gostava, mas gostava mesmo, de poder falar consigo da SATA sobre outras razões que não estas que evidenciam a má gestão e que, como deve calcular, afetam toda a estrutura organizacional das empresas do grupo e acabam por se refletir na qualidade do serviço prestado.
Gostava, mas não tem sido possível nem se configura no horizonte próximo que isso venha a acontecer. Mas acredito que é possível. É possível que um dia a SATA possa voltar a ser notícia pela qualidade do serviço e por canalizar fluxos financeiros para a Região. Nada que não tivesse já sido a imagem na Região, no País e no Mundo, não muito distante no tempo pretérito, deste Grupo empresarial público.

Foi um prazer estar consigo.
Volto no próximo sábado e espero ter, de novo, a sua companhia.
Até lá, fique bem.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 08 de Dezembro de 2018

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