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Do arquivo das crónicas radiofónicas na 105 FM
Esta crónica foi para a antena a 24 de Novembro de 2018 e pode ser ouvida aqui
O novo afinal é velho
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Mas desta vez a harmonia no discurso é perfeita, pelo menos no que diz respeito à solução proposta pela Câmara do Comércio, pela voz de Mário Fortuna, e à sua subscrição acrítica por Alexandre Gaudêncio.
Pois é. O PSD Açores, ou pelo menos o seu líder, considera, ao contrário do que sempre foi afirmado pelo seu partido, alienação de menos de metade do seu capital social, que a solução para a SATA afinal passa pela privatização da maioria do capital público da Azores Airlines, pelo menos 51% e pela alienação de 49% da Sata Air Açores.
Foto by Aníbal C. Pires |
Julgo que Alexandre Gaudêncio já terá percebido que as suas afirmações não lhe mereceram os apoios esperados, aliás este discurso da privatização da SATA, em particular da SATA Air Açores não colhe apoios significativos em nenhuma das ilhas, nem mesmo em S. Miguel.
Julgo até que o atual líder do PSD Açores está neste momento a desdobrar-se em explicações e justificações para apaziguar as suas hostes um pouco por toda a Região.
Bem, mas este é um problema que o PSD e o seu líder resolverão e, não me custa a crer que numa próxima oportunidade, Alexandre Gaudêncio venha emendar a mão e recuar para a antiga posição do PSD Açores. Se por acaso assim não acontecer, então estamos perante um adepto da doutrina neoliberal, o que é o mesmo que dizer que o novo afinal, é velho, mais velho ainda que o seu antecessor.
Mas mais importante que o PSD, são os Açores que para o melhor e para o pior têm 9 ilhas pulverizadas numa vasta área oceânica e que necessitam de uma transportadora aérea pública para assegurar as ligações aéreas internas e externas, seja com o continente português, seja com a diáspora, mesmo sabendo que parte das ligações com o exterior é também assegurada por outras transportadoras aéreas, algumas delas privadas. O que não podemos deixar que nos aconteça é ficarmos dependentes de outros. Quer queiramos, quer não, a SATA é um património autonómico que como qualquer outro do adquirido autonómico deve ser salvaguardado.
Se isto é sinónimo de que tudo, no Grupo SATA, deve ficar como está, Não. Aliás não pode ficar como está sob pena de um destes dias ser irrecuperável.
Se a solução para as maleitas da SATA é a sua privatização, seja em que percentagem for, Não.
A solução passa por uma alteração profunda do seu modelo organizacional, pela redução da despesa com atividades que não têm uma função operacional, pela identificação e eliminação de poderes internos e externos que contrariam qualquer tentativa de gestão comercial bem sucedida, mas passa, sobretudo, e no imediato pela necessidade urgente de a recapitalizar. Coisa que não é possível através da sua privatização. Basta ver o caderno de encargos do concurso recentemente anulado para perceber que a privatização não tem, nem nunca teve, como objetivo a sua capitalização.
Foi um prazer estar consigo.
Volto no próximo sábado e espero ter, de novo, a sua companhia.
Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 24 de Novembro de 2018
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