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Nos últimos dias a CS de referência e as redes sociais inundaram o espaço público com as imagens daquilo a que chamam, “o massacre de Busha”. Imagens terríficas e que não deixam ninguém indiferente. Não tenho uma opinião consolidada sobre a divulgação de imagens violentas, tenho, no entanto, consciência que as imagens que atentam contra a dignidade humana, sejam elas em ambiente de guerra ou não, devem ser divulgadas, desde que, devidamente contextualizadas e sem juízos prévios de quem as difunde, a não ser que tenham sido verificadas e investigadas. O que não foi o caso relativamente ao “massacre de Busha”. A exigência de uma investigação independente é um imperativo para se apurar responsabilidades e punir os autores. As convenções internacionais criminalizam os crimes de guerra e, assim deve ser.
Ainda a propósito da propagação de imagens violentas. Existem, com origem diversa para satisfazer todas as opiniões, e são divulgadas profusamente nas redes sociais, já estive tentado a divulgar algumas, não o tenho feito por me recusar a contribuir para o clima de radicalização de posições sobre uma guerra que nos afeta a todos e cujos efeitos se vão agudizar e prolongar no tempo.
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Sobre a saída das tropas russas, por opção estratégica ou outra, da região de Kiev, nada direi, pois, a ciência militar é para mim matéria desconhecida, todavia a forma como o exército russo saiu deixou a população civil ucraniana desprotegida e isso é, para mim, incompreensível, pois, os cidadãos que não se identificam e não apoiam a posição oficial ucraniana são, como se sabe, vítimas dos mais diversos abusos, também não faltam relatos e imagens que o podem comprovar. Nem todos os ucranianos patrocinam o poder instituído na Ucrânia, as suas vozes não são ouvidas no ocidente devido à censura imposta pela União Europeia a tudo o que não valide a sua própria narrativa. E não me refiro apenas aos ucranianos das zonas Leste e Sul que já estão sobre o controle do exército russo, por toda a Ucrânia há quem se oponha ao governo ucraniano, mas estes estão remetidos ao silêncio por razões que se compreendem.
Em relação aos acontecimentos de Busha, onde alguns veem certezas eu tenho dúvidas fundadas, desde logo: na cronologia dos acontecimentos, pelo facto de o exército convencional russo ser bem treinado e disciplinado, mas também por ter alguma dificuldade em aceitar que o exército russo cometesse tamanho erro.
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A cronologia dos acontecimentos é conhecida, apenas direi que as imagens foram registadas 4 dias após a saída das tropas russas e que, nesse intervalo de tempo, existem imagens da limpeza das estradas pelas forças policiais e militares da Ucrânia e não são visíveis cadáveres, as imagens de satélite apresentadas pelo NYT, valem o que valem, ou seja, nada, por serem dos primeiros dias de abril e não, como foi anunciado. do dia 19 de março, por outro lado a confiabilidade das imagens de satélite, deixa muito a desejar desde que foram utilizadas para comprovar uma coisa que não existia (armas de destruição massiva) para justificar a invasão do Iraque. Existem outros dados, mas, para já, abstenho-me de os referir.
A divulgação das imagens de Busha veio acompanhada com alguns juízos e avaliações que, face à gravidade do que é observado, deviam ter sido mais prudentes. Não se pode, em situação alguma, atribuir a responsabilidade, julgar e condenar sem que decorra uma investigação e se ouça o acusado. A investigação foi solicitada pelo acusado, mas essa sua pretensão foi-lhe negada.
A condenação foi de imediato acompanhada da penalização sob a forma de mais sanções à Rússia e de apoio em equipamento militar à Ucrânia. As sanções penalizam o povo russo, é certo, mas são igualmente penalizadoras para os povos europeus que estão a caminho da penúria, a corrida armamentista e o reforço dos meios militares ucranianos abrem a senda da guerra e barram as soluções de Paz.
Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 6 de abril de 2022
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