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A opinião pública, atrevo-me a afirmar, continua a surfar a narrativa ocidental e a responsabilizar, em particular, a Rússia pelas consequências económicas e financeiras das opções dos seus governos e da Comissão Europeia, mas a hiperinflação e a escassez alimentar que se está a configurar, por muito que nos digam o contrário, é da responsabilidade dos Estados Unidos e da União Europeia. Vejamos o caso dos cereais.
As vias de entrada das armas ocidentais de ajuda à Ucrânia podem ser utilizadas para a saída dos tão desejados cereais ucranianos. O que coloca em causa a ideia “martelada” de que os russos não deixam que a Ucrânia exporte os seus cereais. Mais eficaz, para os russos, seria impedir a entrada de material bélico em território ucraniano. A saída de cereais ucranianos pelos portos do Mar Negro só não acontece em virtude de as águas circundantes ao porto de Odessa terem sido minadas pelas forças armadas ucranianas, ainda assim a Rússia está disponível para encontrar soluções que permitam a saída de cereais ucranianos por via marítima. Os fertilizantes e cereais russos estão, como se sabe, impedidos de serem adquiridos pelos países que impuseram sanções. A Rússia só não vende fertilizantes e cereais por lhe estar vedada essa possibilidade. Isto sou eu que digo que não percebo nada de import-export e muito menos de guerras, mas gosto de fazer alguma reflexão sobre o que leio e ouço na comunicação social.
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A propaganda já não consegue esconder os paradoxos da narrativa estado-unidense e dos seus acólitos. Atente-se às questões energéticas e aos discursos incongruentes da senhora presidente da Comissão Europeia. Sanções à Rússia sim, mas gás e o petróleo temos de continuar a comprar, pois, não existem, para já, alternativas. A Rússia vende, mas o pagamento tem de ser em rublos uma vez que as sanções financeiras impostas assim o exigem. Não pagamos em rublos, diz a União Europeia, ainda que a decisão não tenha sido unânime, mas pagam ainda que para isso tenham encontrado um esquema que não infringe, segundo os próprios, as sanções financeiras impostas à Rússia.
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O sistema financeiro mundial sofreu igualmente um revés, o dólar tem-se desvalorizado em relação ao rublo face à procura internacional da moeda russa. Em fevereiro 1 dólar valia 134 rublos, por estes dias 1 dólar vale menos de 60 rublos e o euro tem-se desvalorizado face ao dólar.
O guião mediático e o rodopio de personalidades do mundo do espetáculo, mas também político, que têm passado por Kiev já não são suficientes para esconder o fracasso das políticas ocidentais, por outro lado, a digressão mediática de Volodymyr Zelensky, por parlamentos e festivais, tem servido, a momentos, para a opinião pública europeia se aperceber das fragilidades do argumento, para europeu ver, construído pelos Estados Unidos. Hollywood já não é o que era.
Quem entrou na “Sala de Espera” e se manteve até aqui já me apelidou, no mínimo, de putinista. Eu direi que o facto de ser, como sabem, comunista, é incompatível com qualquer simpatia política pelo atual presidente da Rússia. O que ficou registado são factos que me preocupam e que partilho com os frequentadores deste espaço, não pretendo mais do que se reflita sobre uma série de eventos paradoxais que colocam em causa a nossa segurança e bem-estar. Apenas isso!
Ponta Delgada, 31 de maio de 2022
2 comentários:
Hoje a lucidez além de ser rara é quase clandestina e criminalizada pelos que nos querem impor a versão oficial, por mim fico agradecido a quem nos vai permitindo compreender que o mundo não é a preto e branco. Obrigado caro amigo pelos seus comentários que leio com regularidade
Meu caro amigo!
Obrigado pelo comentário e pelo retorno.
Abraço
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