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O discurso liberal, do qual o PSD e Luís Montenegro são, como outros, intérpretes, pois, não há monopólios partidários desta velha ideia, o que existe são vários protagonistas e outras vestes, quiçá mais informais, mas todos bebem na mesma taça, todos veneram o deus do mercado, todos servem o mesmo senhor e todos propõem a privatização do lucro e a socialização do prejuízo, ou seja, o povo que pague os devaneios e as perversões do liberalismo económico.
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Quando olhei para o novo outdoor do PSD exposto numa das rotundas da cidade onde vivo, a leitura imediata remeteu-me para o passado e, nem mesmo o lettering que aponta para 2026 me convenceu de que aquele rosto e aquela consigna terão futuro tal é a carga passista que carregam.
Considerando que, tal como eu, a maioria dos portugueses tem memória o retorno ao passado passista que Luís Montenegro e o “seu” PSD encarnam não passará de um apelo malsucedido, a não ser que a fé faça vencimento entre os que mais penalizados foram com o governo de Passos Coelho que, à boleia da troika, desbarataram o património público empobreceram os portugueses e tornaram Portugal, ainda mais dependente. Claro que Luís Montenegro e os seus acólitos contam com a curta memória do eleitorado e a estupidificação promovida pela comunicação social de massas para que os eleitores voltem a “Acreditar”, no quê não se sabe. O que eu sei é que Luís Montenegro está indelevelmente ligado a Passos Coelho e a um projeto político que, como se verificou, entre 2015/2019, não era uma inevitabilidade nem a única opção. A rutura, ainda que incipiente, com as políticas troikistas, exponenciadas pelo governo de Passos Coelho demonstraram que existiam, e existem, alternativas à barbárie neoliberal.
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As opções política e eleitorais dos portugueses têm contribuído para alargar o quadro parlamentar, embora essa diversidade da representação da vontade eleitoral não corresponda, de todo, a alterações significativas nas opções políticas necessárias para reduzir a crónica dependência externa do país, aumentar a produção nacional e aumentar o investimento nos serviços públicos, com particular urgência no SNS e na Escola Pública.
A diversidade parlamentar é uma falácia, não acrescenta nenhuma mais valia à democracia portuguesa e perverte as prioridades políticas com agendas dirigidas a tendências criadas artificialmente para retirar do espaço público a discussão das questões verdadeiramente essenciais para o nosso futuro coletivo.
Não vos vou deixar exemplos, mas sugiro que verifiquem as votações parlamentares na Assembleia da República sobre algumas propostas e tirem as vossas próprias conclusões. Não estarei longe da verdade se disser que, no essencial, o PS, o PSD e a IL têm o mesmo sentido de voto nas propostas estruturantes que poderiam contribuir para a melhoria das condições de vida dos portugueses. O que significa que é mais o que une estes três partidos do que aquilo que os separa. Resta saber qual será destes partidos o que se afirmará como o eleito do capital nacional e europeu, uma vez que a escolha depende muito mais desse pequeno pormenor do que da vontade (pouco) esclarecida dos eleitores.
Santa Cruz (Flores), 11 de julho de 2022
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