quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

As metáforas de Borrell

imagem retirada da internet

O responsável pela “diplomacia” da União Europeia (UE), militante do PSOE, pode caraterizar-se por ser qualquer coisa menos um diplomata. Josep Borrel tem primado a sua vida política no seio da UE por incidentes embaraçosos. Alguns resultam da sua ignorância, como quando a 28 de setembro de 2006, declarou haver países nórdicos na UE que não conheceram os rigores da guerra, demonstrando falta do conhecimento de histórico. Dois dos três países nórdicos que são também membros da UE estiveram envolvidos na Segunda Guerra Mundial. Mais tarde Borrell reconheceu o erro e pediu desculpa à Finlândia e à Dinamarca dizendo que se estava a referir apenas à Suécia. Para além da história Borrell demonstrou que os seus conhecimentos de geografia deixam muito a desejar, mas não é só nestas áreas do conhecimento, Borrell é, naturalmente, boçal. 

Esta personalidade que já foi presidente do Parlamento Europeu (20 de julho de 2004 a 16 de janeiro de 2007, ao qual se seguiu Hans-Gert Pöttering, do Partido Popular Europeu, tendo este último terminado o seu mandato em 2009. Esta alternância faz parte de um acordo entre as duas famílias políticas que dominam o Parlamento Europeu. 

Josep Borrell é, atualmente, o Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança. A UE, para além de Josep Borrell, tem outros mentecaptos em lugares chave. A senhora Ursula von der Leyen, presidente da Comissão, é, também ela um paradigma da insensatez reinante, modelo que produz penosos efeitos para os cidadãos da UE, estamos a senti-los nos bolsos e na pele.

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Dos altos funcionários da Comissão Europeia esperam-se outros atributos, mas as opções são pela mediocridade, só assim se entende que este eurocrata espanhol tenha ascendido a “alto qualquer coisa” no seio da UE. E não, não é um erro de “casting”, trata-se de uma opção instrumental, ou seja, a pessoa certa no lugar certo para servir e aprofundar os propósitos deste conglomerado de Estados.

Interessa à UE manter uma política neocolonial ancorada no eurocentrismo e no atlantismo, contando para isso com o processo generalizado de estupidificação das populações europeias que tem vindo a acontecer nas últimas décadas. Só assim se explica a manutenção, sem uma forte onda de contestação, de Josep Borrell e Ursula von der Leyen, como Vice-presidente e Presidente da Comissão Europeia.  

Mas voltemos ao senhor Borrell. Na edição de 19 de outubro do Diário Insular dediquei-lhe uma crónica a propósito da sua classificação do mundo que, segundo o próprio, se divide entre o “jardim” (ocidente) e a “selva” (resto do mundo). Pode até o leitor ser levado a concluir que a linguagem utilizada foi metafórica. Admitamos que sim e, mas analisemos uma outra declaração proferida recentemente durante um encontro entre parlamentares europeus e latino-americanos (EUROLAT).

O Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, ou se preferirem o responsável pela diplomacia da UE, na senda da procura de uma saída para o buraco negro em que a UE se está a afundar disse na reunião da EUROLAT: “Para navegar nesta tempestade, nem as rotas nem os mapas do passado nos servem. Como os descobridores e conquistadores, temos de inventar um Novo Mundo”. Sim, talvez seja uma metáfora, mas quero crer que se trata, tal como na anterior caracterização do mundo, de um pensamento sem a capa da habitual hipocrisia no discurso dos líderes europeus.

O atual contexto cultural, social, económico e político permite a Borrell e a outros euroburocratas de serviço dizerem o que realmente pensam e sempre pensaram sobre a humanidade e o mundo. Esta afirmação do responsável da diplomacia da UE é clara e não deixa lugar para qualquer equívoco. E não, não são metáforas é pensamento sem qualquer dissimulação. Não é por acaso que o fascismo, na Europa e no Mundo, está a despertar do seu estado de latência. Sim estava adormecido, a hidra nunca foi liquidada. 

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O senhor Borrell quer manter o seu “jardim” à custa da “selva”. O roubo, a violência, o genocídio (até aos nossos dias) é a herança dos “conquistadores” e o chefe da diplomacia da UE quer recrear   um “novo mundo” construído à semelhança do que foi feito pelos “descobridores e conquistadores”.

As intervenções do senhor Borrell no EUROLAT não são infelizes, nem metafóricas, as intervenções do responsável pela diplomacia da UE traduzem o pensamento dominante no seio das instituições da UE, pensamento ancorado no eurocentrismo, logo um pensamento racista e discriminatório.

A necessidade dum “novo mundo” é um imperativo, mas só será novo se for ancorado no reconhecimento da multiculturalidade, sem culturas dominantes, na paz e na cooperação entre os povos.

Ponta Delgada, 13 de dezembro de 2022

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 14 de dezembro de 2022

1 comentário:

Abraham Chevrolet disse...

Muitos da espécie do inteligente Borrell e da super esperta Ursa, perdão, Ursula , já estiveram organizados, fardados,treinados e prontos para dominarem o Mundo, e quase o conseguiram, em 1939-1945.
Levaram uma coça tal da URSS e de José Estaline, que, ainda hoje, não conseguem falar de Estaline sem lhe chamar assassino, para gáudio e gozo de quem lhes conhece a careca e onde a bota lhes aperta.
Como ontem, as forças que se opuseram à direita, em Estalinegrado e em Kursk, aparecerão, trazendo às tocas os lapuzes de todas as Divisões Azuis !!!
Claro que, desta vez, a farsa será irresistível