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O que ficou dito não significa, face ao colossal e diverso caudal de informação, que não esteja na posse da informação suficiente para opinar sobre a onda de rejeição a um dos jogadores da seleção nacional, como aconteceu no passado em relação a outros, talvez com menor impacto mediático, mas face à projeção do visado este “mal dizer”, tão caraterístico dos portugueses, assume foros incompreensíveis e, sobretudo, revelam uma visão redutora dos contributos individuais para um projeto que, quer se queira quer não, é coletivo. Todos são importantes, desde o roupeiro ao médio que corta a linha de passe, ao lateral que sobe e cruza em profundidade para a pequena área, ao guarda redes que intercepta a bola que se dirige certeira para o fundo das redes, ao jogador que finaliza, passando pelo nutricionista, pela equipa médica, pela equipa técnica, pelo selecionador, enfim a seleção não se resume aos jogadores que disputam um jogo. Jogo ao qual se chegou com o contributo de muitos outros. Há todo um historial para o qual muitos contribuíram e que trouxe a seleção portuguesa até, pelo menos, aos quartos de final do mundial de 2022.
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Os jornalistas e comentadores desportivos, como em outras áreas, centram as notícias e os comentários num indivíduo, por norma o finalizador que deu a vitória á sua equipa. Percebo! Já não compreendo o esquecimento a que os outros são votados, só houve finalização e vitória porque o coletivo funcionou, isto para além de outras variáveis.
Com uma cultura jornalística e de análise com estas caraterísticas é, mais ou menos esperado que os adeptos regurgitem a paixão ou o ódio a uma personalidade. Os alvos são, por norma, as personalidades que pelos êxitos e desempenhos foram amadas e endeusadas. Mas no futebol, como na vida, há bons e maus momentos e quando os resultados não correspondem às expetativas criadas a paixão dá lugar ao ódio e ao desprezo. Já o fizeram com o selecionador nacional, que agora volta a estar em alta, como a outros protagonistas.
Os adeptos portugueses são o espelho da comunicação social que predomina, são inconstantes e incapazes de apoiar quando o seu clube ou seleção atravessam momentos menos bons. Vejam-se outros adeptos: há-os que nunca deixam de apoiar as suas cores, sejam elas clubísticas ou nacionais.
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Os jornalistas, os comentadores e, por arrasto, os adeptos estão a destilar ódios sobre Ronaldo e a centrar a atenção sobre um passado recente que pode não ser muito abonatório para o jogador português. Ainda não percebi qual o objetivo desta obsessão pelo Cristiano Ronaldo, a não ser o de vender “informação” de qualidade duvidosa, isto para além de se constituir como uma afronta à seleção nacional que, com Ronaldo, já chegou aos quartos de final do mundial 2022 e que desejo possa continuar em prova até à final.
Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 7 de dezembro de 2022
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