quinta-feira, 13 de junho de 2024

1984, de George Orwell

foto de Aníbal C. Pires
Esta nota surge devido a um comentário feito na minha página do Facebook e me criticava por ter publicado uma imagem da capa sem qualquer apreciação crítica.

Não pretendo com este texto fazer apreciações literárias apenas e tão-somente deixar algumas impressões sobre a atualidade deste livro que, não o sendo, parece premonitório.

“1984” de George Orwell, foi escrito em 1948, daí resulta o título. Quando esta obra distópica deu à estampa, em 1949, foi considerada, em razão do contexto histórico e político, uma contundente crítica aos regimes totalitários, e em particular à União Soviética.

Na época, 1948, a chamada guerra fria e o processo de reescrever a história estava nos seus primórdios. À data a obra de Orwell e durante alguns anos serviu como um suporte de propaganda para travar a influência dos ideais marxistas-leninistas nas sociedades ocidentais, ainda que sem sucesso pois, como sabemos o declínio eleitoral dos partidos comunistas, em particular na Europa, só veio a acontecer algumas dezenas de anos depois e por opções próprias que os transformaram em organizações partidárias, direi, sociais-democratas e igual a muitas outras já existentes.

Bem, mas, isso não vem ao caso. Importa hoje constatar que “1984” retrata, não tendo sido a finalidade de Orwell, a sociedade atual, em particular as sociedades do chamado “Norte Global”, vejamos:

- a “novaescrita” – as alterações semânticas como, por exemplo, “colaborador” ao invés de trabalhador:

- o “Grande Irmão” – as redes sociais que tudo vigiam e controlam;

- “2+2=5” – controle sobre a realidade, ou seja, as “fake news”, notícias falsas;

- “buraco da memória” – censura (temos no espaço da União Europeia, vários órgãos de comunicação social proibidos) e todo o processo, em curso, de reescrever a história.

- perseguição e prisão – Julian Assange, Pablo Gonzalez, Pablo Házel, de entre outros. Mas também a perseguição e a repressão sobre, por exemplo, os manifestantes contra o genocídio em Gaza.

"1984", ao contrário do “suposto” objetivo do autor e da propaganda anticomunista, transformou-se numa obra cuja atualidade é pungente, por isso a reli e aconselho a ler.


Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 13 de junho de 2024


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