Mas a legitimidade não deveria dispensar o Governo regional de pagar pelos serviços prestados que solicita, ou se preferirem, impõe à SATA. E não me refiro aos serviços que decorrem das obrigações de serviço público a que as empresas do grupo estão obrigadas, mas a todos os outros que o Governo tem exigido e que, numa perspetiva puramente empresarial, qualquer administração não teria incluído no seu plano de negócios.
Não vou enumerar os serviços que decorrem/decorreram de solicitações, julgo não ser necessário pois, é assunto do domínio público, mas vou lembrar que até 2012 o Grupo SATA apresentava resultados líquidos positivos, mormente, a SATA Internacional/Azores Airlines.
Se os sucessivos Conselhos de Administração cometeram erros, sem dúvida. Se aos erros das administrações pode ser imputada a total responsabilidade pela situação financeira do Grupo, NÃO!
A responsabilidade é dos diversos protagonistas políticos, ou seja, dos governos. Foram as opções e as “exigências” políticas que contribuíram para o descalabro financeiro que se vive atualmente, e como tal, não é sobre os trabalhadores que deve cair o ónus da responsabilidade como de forma, politicamente cobarde, o atual governo regional tem vindo a fazer.
Mas se assacar responsabilidades aos trabalhadores é uma cobardia política, a desvalorização deste ativo feita por alguns membros do atual governo, numa fase em que decorre um processo de privatização, é um crime económico e político.
Hoje os trabalhadores da SATA saíram à rua sob a consigna #somostodosSATA para manifestar o seu desagrado pela forma como têm sido tratados, mas também em defesa do Grupo SATA enquanto ativo estratégico regional que, na minha opinião, se deve manter integralmente no domínio público pois, o serviço que presta aos Açores e ao Povo Açoriano não é passível de alienação.
A SATA não é apenas uma empresa, é parte da soberania e da autonomia açoriana. Privatizá-la será um erro histórico.
Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 29 de setembro de 2025
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