O PSD cumpriu o acordado com Fernando Nobre e submeteu a sua candidatura a Presidente da Assembleia da República. Tenho de reconhecer que foi uma atitude corajosa de Passos Coelho prevendo-se, digo eu, como se previa que esta candidatura não tinha condições para vingar, desde logo porque o CDS/PP não a apoiou mas, sobretudo porque no PSD sempre há gente com carácter e não se verga à falta de carácter de Nobre, “O independente”. Corajosa atitude de Passos Coelho porque prevendo-se que a candidatura dificilmente teria viabilidade, em teoria havia sempre a possibilidade de que alguns votos tresmalhados pudessem colocar Fernando Nobre na Presidência da Assembleia da República.
Dirão alguns analistas e politólogos que este é o primeiro revés de Passos Coelho e do PSD, eu diria que não, não foi um revés, direi mesmo que foi, assim como uma espécie de alívio para líder do PSD, ou mesmo, quiçá, uma vitória. Vitória ocasional, ou não mas foi uma vitória e quanto à casualidade do facto ficam as minhas dúvidas. Bem! Isto é a minha tendência para a teoria da conspiração a emergir, apenas isso, porque em abono da verdade não estou a ver Passos Coelho a “tramar” Fernando Nobre, nem seria possível, em bom rigor, controlar milimetricamente o voto dos deputados do PSD e muito menos os votos de outros partidos como o PS onde, certamente, haverá alguns admiradores do Presidente da AMI.
Colocar como segunda figura do Estado uma personalidade como Fernando Nobre, isso sim, constituir-se-ia como um erro e, a prazo numa derrota para a liderança do PSD, aliás o CDS/PP e o seu líder cedo se aperceberam e cedo se demarcaram, saindo deste imbróglio, aliás com tem sido seu timbre noutras situações igualmente complexas, sem beliscaduras que coloquem a sua estratégia “política” em causa.
Fernando Nobre enquanto candidato à Presidência da República iludiu mais de meio milhão de portugueses com o discurso anti-sistema, como tem vindo ao longo da sua vida a iludir um número substancialmente maior de concidadãos com o perfil do humanista que sacrificando uma carreira se entregou a uma nobre causa, a causa em si mesmo até poderá ser nobre o mesmo não se poderá dizer do nobre Fernando a quem, passados alguns meses sobre as presidenciais caiu a máscara e ao primeiro aceno do “sistema” a ele aderiu de corpo e alma, como se comprova com as sucessivas incongruências com que tem brindado o país. Julgo que não sonhei e não estou afectado por nenhum psicotrópico mas tanto quanto me lembro, e não presto muita atenção aos delírios de tão triste figura, terá sido o próprio Fernando Nobre que afirmou: “Se, seja por que razão for, eu não puder ser nomeado presidente da Assembleia, renuncio imediatamente ao mandato de deputado”. Fui confirmar a afirmação é do próprio. (Expresso, 16 de Abril de 2011)
Continuo bem desperto, só estou a consumir água e leio no site do DN: "Analisados os resultados das duas votações em plenário para a eleição de presidente da Assembleia da República, entendo não reunir as condições para me submeter a uma terceira votação. Continuarei a exercer as funções de deputado enquanto entender que a minha participação é útil ao país. (…)”, excerto da conferência de imprensa de Fernando Nobre ao fim da tarde do dia 20 de Junho, após a realização da segunda volta para a eleição do Presidente da Assembleia da República.
Sem mais palavras que não sejam as que dão título a esta reflexão: Nobre carácter este!
Horta, 20 de Junho de 2011
Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 22 de Junho de 2011, Angra do Heroísmo
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