Na recta final da campanha eleitoral e a fazer fé nas sondagens publicadas diariamente, os eleitores dão conta de uma intenção que aponta para o chamado “empate técnico” entre o PS e o PSD e a subidas e descidas mais ou menos significativas, conforme o interesse do momento, dos partidos com assento parlamentar. Mais do que a informação veiculada por estes estudos e que serve aos partidos, sem outro projecto que não seja o poder pelo poder, para ajustarem a cada momento o discurso eleitoral procurando inverter a tendência do dia anterior, importa perceber o efeito que a divulgação das sondagens tem na construção da opção de voto que nas urnas vai ditar a nova composição da Assembleia da República.
Este último aspecto sendo, teoricamente uma espécie de subproduto das sondagens não deixa de ser aquele que melhor conforma o objecto da manipulação da opinião pública, fim último e inconfessado destes estudos de opinião.
A quem serve o “empate técnico”!? Aos empatados, desde logo, pois as “hostes” tendem a mobilizar-se e a concentrar votos para desfazer o “empate” e, assim, proporcionar a vitória clara a um dos “favoritos”, mas não só. Este cenário serve no essencial a visão alternante, bipolar e imobilista de quem aposta na continuidade e na subserviência para aprofundar a ofensiva de retrocesso civilizacional a que temos assistido nas últimas décadas.
Aos oligopólios económicos e financeiros pouco importa quem sejam os protagonistas desde que cada um deles esteja comprometido. E no actual contexto, não só o PSD e o PS estão dispostos e empenhados como se alargou o compromisso de subserviência, também conhecido por “memorando de entendimento”, ao CDS/PP não vá o povo português ter algum devaneio e baralhar os cenários eleitorais expectáveis que as sondagens têm enfatizado, aliás o CDS/PP tem-se prestado a esse papel ora ao lado do PS ora ao lado do PSD.
Portugal não se esgota no dia 5 de Junho mas nesse dia, dia em que o poder é devolvido ao povo ou a opção maioritária dos portugueses dá um explicito sinal de que quer trilhar o caminho da soberania e independência nacional penalizando eleitoralmente os partidos que têm vendido o país ou, não o fazendo adia a necessária ruptura com projectos políticos apátridas que nada mais têm para oferecer do que o crescimento do desemprego, as injustiças sociais e a recessão económica.
Quando afirmo que esse será o caminho por onde nos conduzirá um qualquer governo do PS ou do PSD, com ou sem a muleta do CDS/PP, não o faço gratuitamente, a afirmação está devidamente fundamentada no “memorando de entendimento” que estes 3 partidos subscreveram com a troika – FMI, BCE e UE –, e que não é mais nem menos do que o programa eleitoral e de governo a que estão obrigados por esta ingerência externa a que Portugal e os portugueses foram submetidos com a cumplicidade de José Sócrates, Passos Coelho e Paulo Portas.
Outros momentos da História de Portugal houve em que as elites traíram o seu povo, outros tantos momentos da História de Portugal houve em que o povo português soube penalizar os traidores e retomar, livre de amarras, o rumo da liberdade e da universalidade.
Ponta Delgada, 30 de Maio de 2011
Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 01 de Junho de 2011, Angra do Heroísmo
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