segunda-feira, 18 de junho de 2012

Promessas! Leva-as o vento


As promessas eleitorais do PSD e do PS, veiculadas por Berta Cabral e Vasco Cordeiro, constituem um exercício de populismo e irresponsabilidade sem paralelo na história da autonomia açoriana.
Os chamados partidos do “arco do poder” contam com o “estado de choque” em que se encontra a generalidade da população,  condição provocada pela agressão estrangeira que configura o resgate financeiro e as medidas de austeridade que daí decorrem e, ainda as que o governo do PSD/CDS acrescentaram, estes partidos contam, ainda, com o suposto “estado de estupidificação” a que o pensamento e o poder dominante tem tentado remeter os cidadãos, para melhor exercerem o domínio. Engana-se quem pensa que o “estado de estupidificação” é generalizado, engana-se quem pensa que o “estado de choque” tudo amortecerá.
A incomensurável irresponsabilidade da Dra. Berta Cabral e do Dr. Vasco Cordeiro ao verbalizarem promessas que sabem, de antemão, que não podem nem querem cumprir é contribuir para descredibilizar, ainda mais, a já descredibilizada a atividade política 
Um dos exemplos paradigmáticos das promessas eleitorais do PS e do PSD que roçam a irresponsabilidade e o populismo relaciona-se com a diminuição dos custos do transporte aéreo de passageiros. Quer uma, quer outra terão como resultado final a sobrecarga do orçamento regional e, ainda assim sobram algumas dúvidas da sua exequibilidade pois, como sabemos, o transporte aéreo está sujeito a rigorosos regulamentos da União Europeia. 
A absoluta necessidade da diminuição do tarifário aéreo, por um lado e a manutenção de um serviço público que responda às especificidades regionais, por outro lado, não pode ser tratado com a leviandade com que os candidatos do PSD e do PS abordaram esta questão. 
A resolução deste problema que nos preocupa e que a todos penaliza passa, em minha opinião, pela negociação ao abrigo do estatuto da ultraperiferia, de condições de exceção e financiamento para o transporte aéreo, de passageiros. Cabe, desde logo. à Região lutar pelo aprofundamento do estatuto da ultraperiferia, consagrado no tratado ada União Europeia mas cabe, também, ao Estado a defesa da especificidades regionais, a coberto do aludido estatuto, no que diz respeito aos transportes aéreos, mas também no que concerne aos direitos de produção, designadamente à fileira do leite sob a qual pende uma forte ameaça com o anunciado fim das quotas.
De promessa em promessa o PSD e o PS alheiam-se da defesa do essencial e afastam-se da resolução dos problemas dos cidadãos e da economia regional propondo o paraíso para depois de outubro. Esta atitude dos candidatos do PSD e do PS serve os intentos do governo de Passos Coelho e Paulo Portas. 
O encerramento de serviços públicos do Estado, o subfinanciamento da Universidade ou o “postigo” a que reduziram a RTP Açores, as transferências do IRS para as Câmaras Municipais, a Reforma Administrativa, a ligação das Flores e do Corvo ao anel de fibra ótica são exemplos, de entre outros, de uma visão centralista do Estado que visa o empobrecimento da democracia e das autonomias, no fundo o empobrecimento do Estado Democrático saído da Revolução de Abril de 1974.
As exigências políticas da atualidade não são compagináveis com tamanha irresponsabilidade e populismo de quem no passado recente ou longínquo deteve responsabilidades governativas e por opção ou incúria contribuiu para o avolumar dos muitos problemas com que nos confrontamos no presente.
Diz o nosso povo: “de promessas está o Inferno cheio”.
Horta, 12 de junho de 2012

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 13 de junho de 2012, Angra do Heroísmo

Sem comentários: