Pairo sobre o estuário
Procuro sinais das musas
Onde andais, ninfas do Tejo
Onde estais Tágides que vos quero minhas
Receosas despontam, insinuam-se
No espelho azul de água
Na proa de uma falua
No voo de uma gaivota
No casario que se espraia pelas colinas
Mas não passam além do Bugio
Habitam o Tejo
Amam Lisboa
Sigo o Sol
No bojo dum metálico milhafre azul
Vou para Ocidente
Para trás, a cidade, o rio e as ninfas refugiam-se na luz do crepúsculo
Sulco os céus do Atlântico
Carrego a saudade
E amores apartados
Amores divididos entre partidas e chegadas
Abeiro-me do meu destino
Avisto a minha ilha na vastidão Atlântica
Ao longe a cidade cinzenta
Recortada por gradientes de verde
Moldada por vulcões e terramotos
Conformada pela vontade dos Homens
Desce à procura do poiso
Encontra o ninho do milhafre
Envolvido por espessas neblinas
A instantes vê o sinal que indica o trilho seguro
A instantes a densa bruma o encobre
A névoa ofusca a visão
Usa os olhos da audácia
No momento da decisão clareou o caminho
E a mestria dos navegadores dos céus
Pousou segura e suavemente o metálico milhafre azul
Acariciado pela densa bruma
Rolou até ao abrigo, imobilizou-se
Abriu o bojo
De lá brotaram mulheres e homens
Traziam estampado no rosto a alegria da chegada, e respeito
E afeição pelas mulheres e homens que, em terra e no ar
Unem este povo disperso pelas ilhas,
Disperso pelo Mundo
Horta, 16 de Junho de 2013
(*) A propósito do voo S4 129 do dia 15 de Junho de 2013 e dedicado ao Comandante e à sua briosa tripulação.
As condições de visibilidade eram quase nulas, já no solo e de dentro do A320 da SATA Internacional não se avistavam os edifícios que ladeiam a pista do aeroporto de Ponta Delgada.
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