Foto - Madalena Pires |
Ainda que sem expetativas, nem grandes nem pequenas, quanto a alterações nas condições de vida da generalidade dos portugueses para 2015, manda a tradição que formule votos de um feliz Ano Novo, um ano que desejo de prosperidade para todos quantos não têm tido acesso à fortuna de ter trabalho e um rendimento digno. E faço-o não só porque manda a tradição, faço-o porque sinceramente é esse o meu desejo. Desejo que traduzo no meu quotidiano de luta por mais e melhor justiça social. Não espero transformações mas não renuncio a procurar que as haja, não desisto de lutar e continuo a alimentar a esperança e a luta pela sua concretização.
O ano que agora se inicia é de eleições e de entrada de fundos do novo quadro comunitário e apoio, para além de outros indicadores teoricamente mais objetivos que os comentadores de e ao serviço não se cansam de referenciar, isso não é sinónimo de que as transformações económicas sociais e políticas necessárias para inverter o rumo de destruição do Estado e para a recuperação económica e reposição de direitos sociais básicos, venham a concretizar-se.
Se dos dois primeiros factos irá resultar alguma animação económica com efeitos positivos na dramática situação social que vivemos, em boa verdade os seus efeitos serão paliativos, pois não se espera que o resultado eleitoral possa acabar com o domínio do bloco central, e os fundos europeus, como é sabido, não resolveram nem resolverão os graves problemas que afetam Portugal e os portugueses, apenas prolongam a agonia da dependência e da subserviência.
Por outro lado os sinais de recuperação e crescimento com que nos ludibriam são isso mesmo, um logro. Que importância tem o crescimento económico se ele não for sustentável e daí resultar uma equitativa distribuição da riqueza criada. Ou seja, se os pressupostos políticos e económicos não forem alterados, se o poder político protagonizado pelo PS e pelo PSD, sempre com o oportunístico apoio do CDS/PP, continuar de cócoras perante o poder financeiro, que importância terá o anunciado e desejado crescimento económico para os trabalhadores e para os povos. Se isto justifica as baixas expetativas que tenho para 2015 também significa que as alternativas existem.
E é pela rutura e pela construção de uma alternativa política patriótica e de esquerda que 2015 poderá ser diferente. Esse é o meu compromisso para no Novo Ano, esse é o meu compromisso com o futuro, contribuir para que seja possível trazer de novo a alegria e a dignidade ao povo de onde nasci.
Bom Ano.
Ponta Delgada, 30 de Dezembro de 2014
Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 31 de Dezembro de 2014