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Não são, apenas, as circunstâncias que determinam o nosso percurso de vida, sendo certo que existe um conjunto de variáveis que não controlamos, não é menos verdade que, mais do que as conjunturas, são as nossas opções que determinam, a cada momento, os percursos da nossa vida. Sorte, oportunidade, destino, e o seu contrário ou negação, são conceitos que utilizamos para justificar os nossos sucessos ou insucessos. Esquecemos bastas vezes, diria quase sempre, que num dado momento houve uma decisão individual, não predestinada, que nos colocou a sorte no caminho, que nos colocou frente a frente a uma oportunidade que agarramos ou dela abdicamos, e, como sabemos, o caminho da vida tem muitas encruzilhadas muitas barreiras, quando escolhemos ir por ali, ou a saltar a barreira, estamos nós a decidir e não outros.
A sabedoria popular sintetiza, na expressão “fia-te na Virgem e não corras…”, as opções individuais tomadas ao sabor do acaso ou, se preferirem, conforme as circunstâncias, ou ainda quando as conjunturas são entendidas como uma realidade imutável.
Sobre esta questão não tenho dúvidas, as decisões sendo individuais são fortemente condicionadas pelos contextos sociais, económicos, políticos e culturais mas, em boa verdade, sabemos que as conjunturas são, isso mesmo, momentos. Ocasiões que se alteram com o tempo e, no tempo que corre as mutações da realidade acontecem a um ritmo alucinante. O que é hoje, não é amanhã. A perceção da mudança configura-se, assim, como um fator determinante para que as decisões que tomamos sejam bem-sucedidas.
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O endosso de responsabilidades, para terceiros, pelas nossas desventuras é a norma, e lá vem de novo a sabedoria popular que classifica esta atitude tão portuguesa como “ (…) sacudir a água do capote (…) ”, ainda que as nossas decisões individuais sejam, como já afirmei, condicionadas por outros a verdade é que não podemos continuar a “sacudir a água do capote”, responsabilizando apenas os outros pelas contrariedades que temos de enfrentar. Então e o próprio, que foi quem decidiu, não tem responsabilidade.
Não é a primeira vez que abordo este tema e, certamente, a ele voltarei. A oportunidade desta reflexão pode ser entendida como dirigida a cada um dos leitores, pode ser entendida como uma abstração que tenha resultado de um bom ou mau momento pessoal mas, também pode ser entendida pelo facto de esta semana preceder um ato eleitoral do qual a maioria dos eleitores se tem alheado, é também essa uma decisão, a não participação. Mas a não participação, sendo uma decisão individual, neste caso não influencia o que será a decisão coletiva, ao passo que a participação, essa sim será tomada em devida conta. Os 21 deputados portugueses ao Parlamento Europeu serão eleitos com muita ou pouca participação dos eleitores, a não participação é meramente acessória. Verdadeiramente importante é se quem decide, quem vota, vai continuar a dar o seu apoio maioritário aos responsáveis no País e na Europa pela crise que graça na União Europeia, ou se vai decidir mudar, mudar o seu voto e apoiar quem defende os interesses do País e do Povo. Não vamos continuar a “sacudir a água do capote”.
Angra do Heroísmo, 18 de Maio de 2014
Aníbal C. Pires, In Jornal Diário et Azores Digital, 19 de Maio de 2014
1 comentário:
um excelente texto. beijinhos, pai.
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