Foto by Aníbal C. Pires (2018) |
Do arquivo das crónicas radiofónicas na 105 FM
Hoje fica o texto da crónica emitida a 05 Maio de 2018 que pode ser ouvida aqui
É tempo
Em Ponta Delgada é tempo de festa. Festa que transborda os limites da cidade e do concelho e se estende, um pouco por todo o mundo açoriano e católico.
Sem terem a dimensão de unidade identitária das festas do Divino Espírito Santo, as Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres são-no também. A religiosidade do povo açoriano é uma marca indelével da açorianidade, como o é a emigração de entre outras variáveis que dão sustentáculo ao que comummente designamos por identidade regional.
Mas não é sobre a festa, ou das festas que vão animar o Verão das nossas ilhas que hoje lhe quero falar. Proponho-lhe uma breve incursão a um tema pelo qual nutro um particular interesse, A Macaronésia. Acha bem, Nem por isso. Mas também não tem nada contra, Pois não. Então faça-me companhia e talvez, quiçá, no final deste nosso encontro semanal não tenha dado o seu tempo por mal empregue.
Comecemos pela designação, esquisita não é, e pela sua localização geográfica. Pois bem, Macaronésia é uma palavra com origem na junção de dois vocábulos gregos, que eu não me atrevo a pronunciar, mas que lhe deixo em nota de rodapé*, e que expressam afortunado e ilhas, ou seja, podemos então dizer, numa espécie de tradução livre, que o significado de Macaronésia será, Ilhas Afortunadas.
Esta designação é atribuída a um geógrafo e botânico inglês, Philip Baker Webb, que no século XIX as visitou e, inventariou alguns espécimes botânicos comuns nestas ilhas, já lhe direi quais as ilhas, e também num enclave na costa ocidental africana.
Imagem retirada da Internet |
A sua importância histórica na expansão dos impérios português e espanhol é conhecida e deve-se, naturalmente, à sua localização geográfica.
Nas últimas décadas o conceito de Região da Macaronésia entrou no discurso político dos órgãos de governo próprio das regiões autónomas da Madeira e dos Açores, da comunidade autónoma das Canárias e da República de Cabo Verde. Os contatos bilaterais, as cimeiras e as jornadas parlamentares têm-se sucedido num processo político, moroso é certo, de aproximação e construção de uma base que venha a permitir o estabelecimento de parcerias culturais, científicas e económicas, que potenciem o que estes arquipélagos têm em comum, mas sobretudo a sua complementaridade através daquilo que as diferencia.
Música da Macaronésia - foto by Aníbal C. Pires (2018) |
No período que antecede as negociações para o quadro comunitário pós 2020 a realização destas cimeiras assume uma particular importância. É certo que cada uma destas regiões ultraperiféricas têm a sua agenda própria, mas não será menos importante a discussão de uma agenda comum para a Macaronésia. É tempo de a concretizar.
Gostei de estar consigo
Volto no próximo sábado, Fique bem.
*Nome resultante do grego – makáron => feliz, afortunado; nesoi => ilhas. De onde resultou a designação Macaronésia => Ilhas Afortunadas.
Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 05 de Maio de 2018
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