Foto by Aníbal C. Pires |
Do arquivo das crónicas radiofónicas na 105FM
Hoje fica o texto da crónica emitida a 14 de Abril de 2018 que pode ser ouvida aqui
Viagens
À semelhança da passada semana trago-lhe de novo, velhas palavras.
Não que faltem temas da atualidade regional, nacional e internacional sobre os quais tenho alguma reflexão feita e opinião própria. Mas os cenários, em particular, o panorama internacional é tão complexo, preocupante e enquistado de manipulação, como não tenho lembrança.
Assim proponho-lhe que fique com estas palavras escritas em 2009. Trata-se de uma viagem de avião entre o Faial e S. Miguel com escala na ilha Terceira.
Foto by Aníbal C. Pires |
Naquela manhã de sol apenas ponteavam algumas nuvens no celeste azul que a vista alcançava. O mar e a terra refulgiam em matizes de cerúleo que a transparência e a tranquilidade dos elementos exaltavam.
Logo após a descolagem no aeroporto do Faial percebi que a rota para a Terceira me iria proporcionar uma visão renovada da montanha do Pico. Íamos pelo Sul.
As caldeirinhas por detrás do Monte da Guia, a cidade da Horta escalando pelo anfiteatro natural que lhe está sobranceiro e a abriga dos ventos de Oeste passaram rapidamente. Em poucos minutos ganhamos altitude e atravessamos o canal.
Sobrevoamos a ilha maior. Ao longe os ilhéus da Madalena. A Candelária vai ficando atrás e a majestosa montanha aproxima-se, a suavidade dos pastos e a monumental paisagem da vinha dá lugar à encosta íngreme e negra. Bem no topo do vulcão adormecido, um planalto de onde emerge um pequeno cone que remata o recorte da montanha do Pico, qual pináculo de uma catedral. Para minha surpresa e agrado a aeronave roda para a esquerda e proporciona uma visão diferente da montanha e, numa suave diagonal aproximamo-nos de S. Jorge.
Foto by Aníbal C. Pires |
Na jornada para Oriente espera-nos uma breve escala na ilha de Jesus Cristo. A escolha de navegação é, uma vez mais, pelo Sul, passamos ao largo de S. Mateus e de Angra. Para lá do ilhéu da Cabras estendo a vista para Norte e descortino o porto oceânico da Praia da Vitória e o casario da urbe que viu nascer Nemésio que, na aproximação ao aeroporto das Lajes, iremos sobrevoar.
Saímos rumo ao aeroporto João Paulo II passados que foram os habituais 20 minutos de escala. O que seria apenas mais uma viagem entre a Terceira e a ilha do Arcanjo e um olhar repetido, mas sempre desejado, sobre a costa Sul de S. Miguel, dos Mosteiros a Ponta Delgada, não aconteceu. O voo cruzou os céus da ilha sobre o maciço das Sete Cidades dando a ver aos viajantes a majestade das lagoas que, num tempo não muito distante, já foram de azul e verde.
Ponta Delgada, 17 de Maio de 2009
Fique bem.
Volto no próximo sábado.
Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 14 de Abril de 2018
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