domingo, 21 de outubro de 2018

Nós por cá todos bem, E a SATA - crónicas radiofónicas

Foto by Aníbal C. Pires



Do arquivo das crónicas radiofónicas na 105 FM

Esta crónica foi para a antena a 03 de Agosto de 2018 e pode ser ouvida aqui






Nós por cá todos bem, E a SATA

Foto by Aníbal C. Pires
Não ceder à tentação de escrever sobre a SATA tem sido um dos sacrifícios dos últimos meses. Hoje não resisto e, vou abandonar-me a este apetite voraz de especular sobre o cenário que nos está a ser criado.
Não há novidades, digo eu. As contas de 2017 apresentaram os resultados esperados, ou um pouco pior, a exploração de uma das empresas do Grupo patenteia, nos primeiros meses de 2018, um défice de exploração assinalável, foi nomeado um novo Presidente do CA do Grupo SATA, o processo de privatização de 49% do capital social decorre na opacidade e, nas brumas está mergulhada uma tal Comissão, nomeada para assegurar a transparência do processo, os trabalhadores aguardam tranquilamente, não se sabe o quê, e espera-se a concretização da anunciada renovação total do Conselho de Administração.
Quando afirmei que não havia novidades fi-lo de forma consciente. É a história recente (desde 2013) a repetir-se. Como tal, Nada de novo. Ou melhor, muito pouco para o tanto que, em tempo útil, devia ter sido feito.
Então, dirá quem lê, Para que perdes o teu tempo com um assunto sobre cujo desfecho ninguém dá a mínima importância. A população não quer saber, os trabalhadores, embora preocupados, têm-se remetido, como já disseste, ao silêncio e à anuência tácita do que possa vir a ser o futuro próximo do Grupo, por outro lado, está instalada a ideia de que o Governo Regional não tomará nenhuma decisão de deixar cair uma ou mais empresas do Grupo face ao impacto social e económico regional que uma decisão dessas provocaria, Assim é.
Mas o Grupo pode ser enfraquecido não por uma decisão direta, mas por um conjunto de decisões, ditadas pelo dito mercado, que conduzam o Grupo, enquanto empresa pública, para uma dimensão que não vá além de assegurar o transporte aéreo marginal, aliás desejo e vontade de alguns partidos políticos e agentes económicos que têm pugnado por reduzir as empresas de transporte aéreo do Grupo apenas às ligações interilhas, às ligações com o continente, nas rotas onde existem OSP, e às ligações com a diáspora, sendo que no que diz respeito às últimas está-se a configurar um cenário em que a SATA também poderá ser dispensável.
Ao Eng. Paulo Meneses, desejo-lhe que recupere, em pleno, o seu estado de saúde, mas fica também uma ideia que julgo já ter partilhado num dos muitos escritos que tenho sobre a SATA, Não era fácil, não é fácil, vencer os poderes intermédios que estão instalados no Grupo, Não era, nem é fácil libertar a gestão empresarial do Grupo dos devaneios, sem rumo, do acionista. Apesar da sua entrega o Eng. Paulo Menezes acabou por ser derrotado. Lamento, pelo Eng. Paulo Meneses, mas lamento sobretudo pelo Grupo SATA.

Foto by Aníbal C. Pires
Quanto ao novo Presidente do CA uma de duas possibilidades se colocam. Ou o Dr. António Teixeira é um peão para a transição, ou será já um homem de mão do putativo parceiro do Grupo SATA. Quando for conhecida a composição do novo CA tudo se tornará mais claro, ainda assim sobram-me muitas dúvidas, no atual contexto, de que o Dr. António Teixeira possa vir a afirmar uma liderança capaz de ultrapassar as barreiras internas e, muito menos a afirmar o Grupo no mercado do transporte aéreo de passageiros, a não ser que tenha o discernimento de procurar dentro do Grupo os quadros, existem sim, capazes de catapultar o Grupo SATA para um modelo organizacional que suporte uma estratégia empresarial capaz de responder de per si, nem sequer direi ao aumento da atividade comercial e operacional, mas tão só à atual procura na época alta e à maleabilidade comercial e operacional que rentabilize os recursos no período de menor procura.
Embora os TACV e o Grupo SATA, tudo leva a crer que sim, venham a ter como parceiro o mesmo grupo, que tem um reconhecido know how na aviação civil, passou demasiado tempo para assegurar, por exemplo, uma posição dominante na Macaronésia, a BINTER está a expandir-se e a tornar-se a transportadora de referência da Macaronésia, só faltam os Açores e a seu tempo cá chegará vontade não lhe falta, e, por outro lado, a TAP está a municiar-se com aeronaves e recursos humanos para expandir o seu negócio, mormente, para a América do Norte, em particular para os Estados Unidos.
E nós por cá todos bem ao sabor de um Verão ameno e despreocupado, Como convém.
Fique bem.
Eu volto no próximo sábado, assim o espero.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 03 de Agosto de 2018

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