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(continuação)
Na publicação anterior procurei realçar a importância da desagregação dos dados sobre a propagação do vírus (SARS-CoV2), e o desenvolvimento da infeção viral (Covid19), ou seja, a doença.
Segunda a norma 020/2020, de 9 de Novembro, da DGS, não se estabelece diferença entre casos confirmados e casos que desenvolveram a infeção viral (a doença), ou seja, tal como eu suspeitava não existe desagregação e, como sabemos, uma e outra coisa não significam o mesmo. Percebo o objetivo das autoridades de saúde e o seu alcance, mas seria igualmente importante que essa informação fosse objeto de registo e de divulgação pública, mas assim o não entendem as autoridades de saúde.
Quando nos informam do total de casos confirmados o que nos estão a dizer é o número de pessoas que são portadoras do vírus SARS-CoV-2 e não o número de pessoas doentes com a Covid-19.
É sabido que ser positivo (ter SARS-CoV-2) e desenvolver a infeção viral (ter Covid 19), não é a mesma coisa, e isso importa.
Importa, salvo melhor opinião, que os dados sejam desagregados, desde logo, como informação para a opinião pública pois, a leitura é diversa, por outro lado sem a desagregação desses dados não é possível uma atuação rigorosa, quer ao nível das medidas de prevenção (primárias) quer ao nível da afetação e adequação dos meios dos serviços públicos de saúde no tratamento da doença e na resolução deste grave problema de saúde pública que nos afeta a todos.
A atuação dos governos (regional e nacional) tem-se centrado, no essencial, na implementação de medidas preventivas e pouco, muito pouco, no reforço (investimento) do serviço público de saúde.
Não é admissível, só o clima de medo justifica a aceitação popular, que passados 10 meses sobre a primeira vaga e, por consequência, o confinamento, a que se seguiu um período de relativa acalmia, que a Região e o Estado nada, ou pouco, tivessem feito para preparar os serviços públicos de saúde para as vagas epidêmicas que se seguiriam e se esteja à beira da rutura, não só em relação aos doentes Covid 19, mas também a todas as outras patologias, algumas delas com taxas de letalidade a aumentar.
A Região e os Estado, leia-se o Governo Regional e o Governo da República, impuseram, de novo, restrições. Sei que são necessárias e não quero, de forma alguma, colocar essas medidas em causa, mas face ao tempo que passou e à existência de vacinas seria de esperar que as respostas fossem além do confinamento e da limitação à atividade económica e cultural.A vacinação da população açoriana tendo sido iniciada está longe de se concluir. Não compreendo que não tenham sido tomadas medidas (aquisição de vacinas) para imunizar a população açoriana. Face à nossa dimensão, natureza arquipelágica e às exigências para viajar para os Açores a vacinação massiva permitiria, com segurança, o regresso à normalidade, ainda que, cumprindo estritamente as regras de proteção individual e coletiva.
Se isto fosse feito beneficiavam todos os setores da economia regional e o investimento inicial (aquisição de vacinas) ficaria diluído no tempo pois, a pressão sobre o serviço público de saúde, naturalmente, diminuiria.
São opções políticas para as quais é preciso ter coragem, e coragem não é um atributo deste caldo político que dá suporte ao XIII Governo Regional.
Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 26 de janeiro de 2021
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