As eleições para o Parlamento Europeu (PE) ditaram, uma vez mais, a vitória da abstenção. O alheamento dos cidadãos era esperado e não causou surpresa. A elevada taxa de abstenção resulta, por um lado na focalização mediática da disputa da vitória eleitoral nos partidos do bloco central e, por outro na forma como o processo de construção europeia tem sido conduzido, isto para além de uma continuada desacreditação dos agentes políticos igualmente alimentada com a ideia que são todos iguais (e maus).
As variáveis que aqui apresento e que de uma forma pragmática podem auxiliar na compreensão do crescente alheamento dos cidadãos dos actos eleitorais para o PE não se esgotam nos três ângulos de abordagem que enunciei e sobre os quais deixo uma breve reflexão.
Os partidos do “centrão”, que têm alternado nas vitórias e derrotas eleitorais e no exercício do poder, diferem nos protagonistas mas não diferem dos projectos e isso os eleitores já perceberam, o que os eleitores ainda não terão percebido é que há outros protagonistas e, sobretudo, outros projectos políticos que podem dar um rumo distinto às opções do directório dos oligopólios que pontificam no seio dos organismos comunitários e influenciam os decisores políticos.
O processo de construção europeia, nos seus processos de decisão, está muito longe da necessária legitimidade democrática que só os povos lhe podem conferir. Os povos não são chamados a pronunciar-se e as decisões são tomadas a nível intergovernamental. Os processos de adesão e a ratificação dos Tratados são, do que acabo de afirmar, um bom e paradigmático exemplo.
A construção da ideia de que, para além do dos partidos do bloco central, não existem alternativas políticas associada a uma outra ideia, igualmente construída, de que os agentes políticos são todos iguais contribui, não só, para o alheamento da participação política e eleitoral, mas também, para a emergência de uma nova forma, esta activa, de manifestar uma posição de profundo descontentamento. O aumento do número de votos não pode ser escamoteado, embora, tal como a abstenção, alimente e reforce as posições bipolares que marcam o cenário político nacional.
A abstenção não foi, todavia, a única vencedora e mais do que a propalada vitória do PSD que não é tão representativa assim, registo as subidas absolutas e relativas dos restantes partidos da oposição (PCP, BE e CDS/PP) que podem, com toda a legitimidade, assumir como vitórias os resultados obtidos.
Havendo vencedores há, naturalmente derrotados e a derrota vai por inteiro para as políticas de direita com que o PS nos tem brindado.
As variáveis que aqui apresento e que de uma forma pragmática podem auxiliar na compreensão do crescente alheamento dos cidadãos dos actos eleitorais para o PE não se esgotam nos três ângulos de abordagem que enunciei e sobre os quais deixo uma breve reflexão.
Os partidos do “centrão”, que têm alternado nas vitórias e derrotas eleitorais e no exercício do poder, diferem nos protagonistas mas não diferem dos projectos e isso os eleitores já perceberam, o que os eleitores ainda não terão percebido é que há outros protagonistas e, sobretudo, outros projectos políticos que podem dar um rumo distinto às opções do directório dos oligopólios que pontificam no seio dos organismos comunitários e influenciam os decisores políticos.
O processo de construção europeia, nos seus processos de decisão, está muito longe da necessária legitimidade democrática que só os povos lhe podem conferir. Os povos não são chamados a pronunciar-se e as decisões são tomadas a nível intergovernamental. Os processos de adesão e a ratificação dos Tratados são, do que acabo de afirmar, um bom e paradigmático exemplo.
A construção da ideia de que, para além do dos partidos do bloco central, não existem alternativas políticas associada a uma outra ideia, igualmente construída, de que os agentes políticos são todos iguais contribui, não só, para o alheamento da participação política e eleitoral, mas também, para a emergência de uma nova forma, esta activa, de manifestar uma posição de profundo descontentamento. O aumento do número de votos não pode ser escamoteado, embora, tal como a abstenção, alimente e reforce as posições bipolares que marcam o cenário político nacional.
A abstenção não foi, todavia, a única vencedora e mais do que a propalada vitória do PSD que não é tão representativa assim, registo as subidas absolutas e relativas dos restantes partidos da oposição (PCP, BE e CDS/PP) que podem, com toda a legitimidade, assumir como vitórias os resultados obtidos.
Havendo vencedores há, naturalmente derrotados e a derrota vai por inteiro para as políticas de direita com que o PS nos tem brindado.
Anibal C. Pires, IN Expresso das Nove, 19 de Junho de 2009, Ponta Delgada
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