Este texto foi escrito e publicado em maio de 2006 e, embora o contexto que se vivia na altura tivessem provocado a sua escrita, ainda assim, não deixa de ser interessante e de alguma atualidade. Do meu ponto de vista. Já se sabe!
As mobilizações massivas feitas por via dos “media”, não pelo valor intrínseco dos eventos ou das atitudes, mas pelo interesses económicos privados que lhe estão associados e, porque não dizê-lo, pelo domínio das consciências, é um dos atributo das sociedades mediatizadas e “modernas”.
A padronização dos hábitos de consumo, a criação de necessidades e de “novos produtos” que prolongam o ciclo de vida dos “velhos produtos” e outras estratégias de marketing e da engenharia do saber vender, o que quer que seja. São, igualmente, características da sociedade da abundância, que também se pode classificar como, do desperdício e da insustentabilidade.
Não faço juízos de valor sobre os acontecimentos, obras, produtos ou iniciativas que, e a título de mero exemplo, venha a referenciar ou que já tenha referenciado. Que fique claro são, apenas e só: exemplos.
Não vou ao “rock in Rio” por uma opção de resistência construída no argumento do “Eu vou ao Rock in Rio”, não vejo os “Morangos com Açúcar” porque toda a gente vê, não vou pôr a bandeira nacional na janela, ou no carro, durante o mundial de futebol, porque toda a gente a vai por. Toda a gente vai, toda a gente faz, toda gente vê, toda a gente compra.
Eu não!
Mesmo que isso seja politicamente incorrecto e que olhem para mim como um animal tresmalhado do seu rebanho.
De facto não me importa rigorosamente nada. Não é uma questão de teimosia ou de sentimento contraditório. É, apenas, porque gosto de ser autónomo e cultivo a independência das minhas opções, aliás características que são, ou melhor, eram, peculiares à minha profissão. Digo eram porque os “livres e modernos pensadores” que tutelam a educação na região e, mais recentemente, no país resolveram que os professores não passam de triviais funcionários públicos. E, toda a gente acha bem.
Eu não!
Enfim as habituais modernices com que ultimamente nos têm brindado. A propósito de modernices ouvi um dos ministros da República, perdoem-me não ter fixado o nome e a pasta, equacionar a possibilidade de retirar o chamado 14.º mês aos pensionistas. Mais uma das eficazes medidas de combate ao défice público e de grande visão estratégica para o tão desejado crescimento económico. Não há dúvida que este governo e este engenheiro são inovadores, modernos e criativos. Tiram aos pobres para dar aos ricos. O contrário é tão antigo e ortodoxo como o Robin Hood.
Não me importo de não ser politicamente correcto ou de estar a remar contra a maré quando digo: - Não vou ao “rock in Rio”.
Importa-me, porém, que os hábitos nos sejam induzidos artificialmente, com base em falsos pressupostos ancorados nos inevitáveis efeitos e benefícios da mundialização (benefícios que deixam de fora uma imensa maioria), e nos discursos vazios de conteúdo mas, prenhes de intenção em satisfazer os interesses de uma pequena minoria.
Há pouco tempo um anúncio publicitário terminava com as seguintes palavras de uma conhecida figura televisiva. – “Isto é verdade. Não é publicidade.”
Aos cidadãos (não digo às cidadãs e aos cidadãos, talvez porque não seja tão inovador, moderno e criativo com o engenheiro que chefia o governo ou, talvez porque não seja necessária a redundância para incluir os géneros. Tenho de verificar se isto é cientificamente correcto porque, politicamente é, de certeza, incorrecto), mas como dizia, aos cidadãos compete avaliar o que é publicidade no discurso e na prática política.
Ponta Delgada, 25 de Maio de 2006
A padronização dos hábitos de consumo, a criação de necessidades e de “novos produtos” que prolongam o ciclo de vida dos “velhos produtos” e outras estratégias de marketing e da engenharia do saber vender, o que quer que seja. São, igualmente, características da sociedade da abundância, que também se pode classificar como, do desperdício e da insustentabilidade.
Não faço juízos de valor sobre os acontecimentos, obras, produtos ou iniciativas que, e a título de mero exemplo, venha a referenciar ou que já tenha referenciado. Que fique claro são, apenas e só: exemplos.
Não vou ao “rock in Rio” por uma opção de resistência construída no argumento do “Eu vou ao Rock in Rio”, não vejo os “Morangos com Açúcar” porque toda a gente vê, não vou pôr a bandeira nacional na janela, ou no carro, durante o mundial de futebol, porque toda a gente a vai por. Toda a gente vai, toda a gente faz, toda gente vê, toda a gente compra.
Eu não!
Mesmo que isso seja politicamente incorrecto e que olhem para mim como um animal tresmalhado do seu rebanho.
De facto não me importa rigorosamente nada. Não é uma questão de teimosia ou de sentimento contraditório. É, apenas, porque gosto de ser autónomo e cultivo a independência das minhas opções, aliás características que são, ou melhor, eram, peculiares à minha profissão. Digo eram porque os “livres e modernos pensadores” que tutelam a educação na região e, mais recentemente, no país resolveram que os professores não passam de triviais funcionários públicos. E, toda a gente acha bem.
Eu não!
Enfim as habituais modernices com que ultimamente nos têm brindado. A propósito de modernices ouvi um dos ministros da República, perdoem-me não ter fixado o nome e a pasta, equacionar a possibilidade de retirar o chamado 14.º mês aos pensionistas. Mais uma das eficazes medidas de combate ao défice público e de grande visão estratégica para o tão desejado crescimento económico. Não há dúvida que este governo e este engenheiro são inovadores, modernos e criativos. Tiram aos pobres para dar aos ricos. O contrário é tão antigo e ortodoxo como o Robin Hood.
Não me importo de não ser politicamente correcto ou de estar a remar contra a maré quando digo: - Não vou ao “rock in Rio”.
Importa-me, porém, que os hábitos nos sejam induzidos artificialmente, com base em falsos pressupostos ancorados nos inevitáveis efeitos e benefícios da mundialização (benefícios que deixam de fora uma imensa maioria), e nos discursos vazios de conteúdo mas, prenhes de intenção em satisfazer os interesses de uma pequena minoria.
Há pouco tempo um anúncio publicitário terminava com as seguintes palavras de uma conhecida figura televisiva. – “Isto é verdade. Não é publicidade.”
Aos cidadãos (não digo às cidadãs e aos cidadãos, talvez porque não seja tão inovador, moderno e criativo com o engenheiro que chefia o governo ou, talvez porque não seja necessária a redundância para incluir os géneros. Tenho de verificar se isto é cientificamente correcto porque, politicamente é, de certeza, incorrecto), mas como dizia, aos cidadãos compete avaliar o que é publicidade no discurso e na prática política.
Ponta Delgada, 25 de Maio de 2006
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