quinta-feira, 26 de abril de 2012

Omissões

O Parlamento Europeu (PE) aprovou recentemente um Relatório sobre a Regiões Ultraperiféricas (RUP), elaborado por Nuno Teixeira, eurodeputado do PSD.
O Relatório contém um conjunto de aspetos positivos que foram valorizados pelos eurodeputados do PCP como sejam: o tratamento diferenciado das RUP, a crítica à proposta da Comissão de diminuição (40%) das verbas do Fundo de Coesão e FEDER e a defesa de uma taxa de cofinanciamento de 85% para todos os instrumentos de apoio, de entre outros aspetos indiscutíveis, todavia, o Relatório enforma de algumas lacunas que, pela importância que têm, designadamente para os Açores, motivaram a abstenção dos eurodeputados do PCP. Um Relatório do PE sobre as RUP que não alude às questões da salvaguarda da produção, como seja a questão das quotas, ou que deixa em branco a reivindicação da gestão, pelos Açores, das 200 milhas não poderia ter o apoio acrítico dos eurodeputados do PCP.
O calor que se faz sentir em Ponta Delgada e o ambiente pré eleitoral, à qual se aduz, ainda, uma estranha necessidade do CDS/PP de assestar baterias sobre o PCP Açores levou o eurodeputado, Nuno Melo, do CDS/PP, a referenciar a abstenção dos eurodeputados do PCP na votação do referido Relatório sem que, porém, tivesse referido os aspetos que levaram a tal tomada de posição.
Quem terá de explicar ao Povo Açoriano a aprovação acrítica do Relatório, do eurodeputado Nuno Teixeira do PSD, será o CDS/PP pois, como se pode constatar pela declaração de voto dos eurodeputados do PCP apesar, dos aspetos positivos do Relatório ficaram por acautelar questões tão importantes como: a salvaguarda da produção regional, designadamente a fileira do leite e a reivindicação regional da gestão dos mares dos Açores.
Para o PCP a defesa da autonomia e a defesa dos interesses dos Açores não se constituem como uma corrida, são um imperativo regional assumido por quem não se verga a imposições externas.
O PCP Açores ao contrário do que Nuno Melo afirmou não reclama estar "na linha da frente da defesa da região autónoma", o PCP Açores assume a defesa da autonomia regional como um desígnio nacional que a Revolução de Abril consagrou e não troca a sua sustentabilidade política e económica por um punhado de amendoins.
O eurodeputado do CDS/PP, Nuno Melo, veio aos Açores cometer um pecado por omissão. Pecados são pecados e tratando-se de um “democrata cristão” é caso para dizer que a penitência terá de ser, forçosamente, redobrada e que dificilmente conseguirá ser absolvido pelo Povo Açoriano.
Ponta Delgada, 24 de abril de 2012

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 25 de abril de 2012, Angra do Heroísmo 

1 comentário:

MILHAFRE disse...

De facto o actual PP (o CDS já não existe) é o cavalo de troyka na estratégia centralista de Lisboa para pôr os Açores de joelho.

Para além de cavaquistas, são um partido verdadeiramente anti-social!