Foto - Aníbal Pires |
Visão divina
Cresci crendo na linearidade das coisas,
Da vida imutável,
Do que sempre foi assim e sempre assim será
Por isso, talvez por isso raramente saia da severidade da
esquadria,
Da inflexibilidade da reta
Por isso, talvez por isso admire enlevadamente a sinuosidade
das curvas
Visão divina, num corpo de mulher madura
Adivinho cada depressão, cada elevação,
Interpreto cada marca do tempo no olhar efémero com que te
toco
Percorro a orografia do teu corpo
Na transparência da textura que cobre intangíveis anseios
Olho-te, sem máscara
Toco-te com o meu olhar,
Desnudo-te, lentamente
Desejo-te.
Desejo-te.
Ponta Delgada, 29 de Abril de 2013
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