No dia 3 de Janeiro morreu Manuel Medeiros Ferreira autor da canção “Ilhas de Bruma”, canção de que o Povo açoriano se apropriou como um hino, hoje dia 5 de Janeiro foi Eusébio da Silva Ferreira quem nos deixou, para além do apelido comum estes dois Homens partilhavam qualidades que os projetam para além da vida. Humildes, simples e reservados. Do Manuel ficam as palavras que os açorianos cantam em todos os rincões do Mundo, do Eusébio ficaram-nos as qualidades atléticas traduzidas nos poderosos arranques do meio campo que só finalizavam na baliza dos adversários para alegria de todos os portugueses, gostassem ou não de futebol.
O mediatismo do futebol deu a Eusébio uma projeção mundial, projeção que o Manuel nunca teve mas, quer um quer outro não deixaram que os seus êxitos lhes toldassem a personalidade, mantiveram-se iguais a si próprios, Homens bons. E, os Homens bons não partem, ficam sempre connosco.
Esta crónica não é, nem pretende ser, um obituário mas não podia deixar de referir estes Homens, no primeiro texto que publico em 2014, pela admiração que por eles nutro e pelo respeito que me merecem.
Todos os homens, é certo que uns mais do que outros, me merecem respeito, mas nem todos granjeiam a minha admiração, apenas um número muito reduzido me maravilha. Tenho, por outro lado, um número assinalável de personalidades sobre as quais alimento uma certa abominação, podia até tornar público alguns dos nomes dessa minha lista, não o farei. Não por pudor, não por medo, não para ser politicamente correto, mas porque não é verdadeiramente importante. Não o faço, desde logo, porque é uma questão pessoal, mas também porque este não é o espaço indicado para isso e, sobretudo, não o faço por ser irrelevante.
Estamos no início de um novo ciclo de temporal, mais um ano que há poucos dias se iniciou. Os desejos e premonições para 2014 estão feitos e, passados que foram os dias em que todos, cada um à sua medida, se apartou da dura realidade e mergulhou no Mundo encantado dos sonhos, para nós, para todos nós, é tempo de continuar em frente, em frente com o sonho, o sonho que visa conferir dignidade à humanidade, o sonho que nos faz acreditar e caminhar, afinal é para isso que serve o sonho, para caminhar, para avançar. Assim o dizem os poetas, e eu acredito nos poetas. Não fossem eles, os poetas e o Mundo seria ainda mais baço que o nosso pardo presente. E, porque é necessário colorir o presente para que o futuro possa brilhar nos sonhos das nossas crianças e jovens, o tempo é de combate. Sim, 2014 tem de ser, vai ser um ano de luta contra a barbárie, um tempo de luta pela civilização.
Ponta Delgada, 05 de Janeiro de 2014
Aníbal C. Pires, In Jornal Diário et Azores Digital, 06 de Janeiro de 2014
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