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Associado ao desemprego está também a precariedade laboral que induz a insegurança e o medo. O medo de que não seja renovado o contrato, o medo do despedimento porque trabalha a recibo verde, a incerteza quanto ao futuro de milhares e milhares de estagiários, a incerteza quanto ao futuro de milhares e milhares de “beneficiários” dos programas ocupacionais.
A elevada taxa de desemprego, a precariedade e o expediente dos estágios e dos programas ocupacionais para ofuscar a realidade da situação social e económica se, em boa verdade, atingem os cidadãos que assim se veem privados do direito ao trabalho e à remuneração, não será menos verdade que este é um sinal inequívoco de uma sociedade doente, um sinal de que a democracia portuguesa está debilitada porque não garante aos cidadãos direitos básicos, como é o direito ao trabalho.
A precariedade tornou-se uma situação completamente generalizada. Na nossa Região, é possível calcular que nos novos contratos de trabalho, só 1 em cada 10, não corresponde a contratos a termo certo. E também na questão do vínculo, não apenas na questão das remunerações, se mantém uma profunda desigualdade de género pois, para as mulheres, só um em cada 20 contratos correspondem a contratos sem termo.
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Na nossa Região, existem pessoas que sobrevivem há anos neste autêntico carrossel da precariedade. Ele são os estágios não remunerados, os cursos de formação profissional, os estágios profissionais, os programas e programinhas ocupacionais… Este já não é só um problema de direitos laborais, é já um problema de direitos humanos. A precariedade laboral é um vergonhoso atentado aos direitos básicos, um vergonhoso flagelo, uma infame praga social que atinge atualmente, na Região, milhares de trabalhadores, sobretudo jovens e mulheres.
A precariedade dos contratos de trabalho e dos vínculos vai muito para além da questão laboral. É a precariedade da família, é a precariedade da vida, mas é igualmente a precariedade da formação, das qualificações e da experiência profissional, é a precariedade do perfil produtivo e da produtividade do trabalho. A precariedade laboral é portanto um fator de instabilidade e injustiça social que urge resolver.
Horta, 03 de Novembro de 2015
Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 04 de Novembro de 2015
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