Foto - Aníbal C. Pires |
Nos últimos dias foram perpetrados ataques terroristas pelo DAESH (designação para “estado islâmico” da qual os jihadistas não gostam, ameaçam até cortar a língua a quem os designar dessa forma) no Líbano, na Síria e em Paris. Tendo estes atos de terror a mesma origem a sua condenação e a consternação assumiram, porém, dimensões diferentes. Nada de novo. Em Abril passado todos foram Charlie e poucos foram quenianos. É a proximidade, sem dúvida. Mas é sobretudo a falta de informação e a formatação da comunicação que induz estes comportamentos de cidadania que diferenciam o valor da vida. Mas essas análises deixo-as para a psicologia social que, seguramente, encontrará as explicações para este fenómeno que aos meus olhos configuram, tantas e tantas vezes, puros exercícios de hipocrisia.
Falamos de terror e de terrorismo quando são ceifadas vidas inocentes com recurso à violência armada, seja disparando indiscriminadamente sobre a população, seja com atentados à bomba com viaturas armadilhadas ou ainda quando alguém se faz explodir a si próprio em locais de grande concentração de pessoas. Mas o que dizer, como adjetivar os motivos que estão na origem das crianças que desde que está a ler este texto já morreram com fome e subnutrição. Que dizer e como adjetivar os motivos que estão na origem das pessoas que desde que está a ler este texto já morreram devido a doenças provocadas pela falta de água potável, saneamento básico e higiene. Não será isto terror, Não será isto terrorismo.
Foto retirada da internet |
O terrorismo assuma ele a forma da fome, da desigualdade ou dos atentados violentos, ou quaisquer que sejam as suas causas e objetivos proclamados, serve sempre os interesses dos donos do Mundo, o capital financeiro. A resposta mais eficaz ao terrorismo passa necessariamente pelo combate às suas raízes, sejam elas políticas, económicas e sociais, e pela defesa e afirmação dos valores da liberdade, da democracia, da soberania e independência dos Estados.
Ponta Delgada, 15 de Novembro de 2015
Aníbal C. Pires, In Jornal Diário e Azores Digital, 16 de Novembro de 2015
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