Foto - Aníbal C. Pires (2016) |
Não sou tão conservador quanto as minhas últimas palavras podem levar a crer, mas o desconhecimento e o esquecimento destas ilhas, pulverizadas numa vasta área do umbigo do Atlântico Norte, permanece. Estas ilhas continuam esquecidas e desconhecidas, em particular, nos centros decisores que nos são exógenos.
Mas falava eu, logo nas primeiras frases, em constatações que se podem fazer passados que são mais de 40 anos de Autonomia, desde logo transformações sociais e económicas que alteraram substantivamente o viver insular e arquipelágico. Sem dúvida que sim e isso deve-se a esta forma especial de organização do Estado que consagrou constitucionalmente as autonomias regionais. Se estou satisfeito com os resultados alcançados ao fim destes 40 anos de autonomia, Não.
E não o estou apenas por que sim. Não estou satisfeito porque a economia regional, tal como desde os primórdios do povoamento, continua débil e fortemente dependente do exterior, não estou satisfeito porque a fome, a subnutrição e a pobreza nunca foram erradicadas, não estou satisfeito porque a emigração, após um período de estagnação, é para muitos açorianos a única solução de poder garantir trabalho e continuar a sonhar com um futuro diferente.
Foto - Aníbal C. Pires |
Será inevitável este fado, Não. Não é uma fatalidade, mas esta sorte irá perpetuar-se até que não se reconheça a falência das opções políticas e económicas e se altere a rota. Governar para hoje é o mesmo que navegar à vista, ou seja sem ambição nem coragem para rumar a novas utopias.
Ponta Delgada, 15 de Janeiro de 2017
Aníbal C. Pires, In Jornal Diário e Azores Digital, 16 de Janeiro de 2017
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