Foto by Madalena Pires |
Hoje fica o texto com que iniciei esta nova experiência radiofónica
Crónica radiofónica n.º1 - Introdução à função
Sejam bem-vindos, sou o Aníbal Pires e é um prazer estar aqui consigo.
Pode até não parecer, mas esta é a primeira vez. E como qualquer primeira vez estou assim sem saber muito bem por onde começar. Embora não seja virgem nestas andanças da rádio, mas em boa verdade é a primeira vez que estou sem interlocutor e isto de não ter ninguém a dar o tema ou a colocar-me questões, não é bem a mesma coisa.
Espero que passado estes instantes iniciais e, afastados que estejam os naturais receios da primeira vez, consiga tal como anunciei no promocional, falar de alguma coisa que lhe interesse, alguma coisa que mexa consigo.
Ao longo destas crónicas radiofónicas não vou, nem quero, ficar confinado apenas ao que se passa nos Açores, nem me vou cingir apenas à análise política. Pretendo trazer a este espaço assuntos tão diversos quão diversa é a audiência da 105 FM.
Nesta crónica a que, para mim mesmo, designei como introdução à função vou abordar dois temas que sendo muito diferentes me interessam particularmente, a aviação e a poesia.
A Associação dos Pilotos Portugueses de Linha Aérea (APPLA), promoveu no passado dia 7 de Outubro, em Ponta Delgada, a entrega dos prémios APPLA 2017. Um dos prémios da APPLA é ele próprio um reconhecimento a um dos pioneiros da aviação civil comercial em Portugal, trata-se de Carlos Bleck o primeiro piloto português com licença civil. Pois bem o prémio Carlos Bleck 2017 foi atribuído ao Comandante Francisco da Encarnação Afonso, conhecido e reconhecido por algumas gerações de açorianos.
Com a atribuição do Prémio “Carlos Bleck” foi lançado o livro “Voando… a unir o que o mar separa”, de Ermelindo Peixoto, obra biográfica que para além de descrever o percurso de Francisco Afonso na aviação militar e comercial constitui, também, um importante contributo para a história da aviação em Portugal e, em particular, da Região Autónoma dos Açores. Grande parte do percurso profissional do Comandante Francisco Afonso foi feito ao serviço da SATA e, por vezes, a história deste piloto confunde-se com história da transportadora aérea regional. “Voando… a unir o que o mar separa” é, também, uma parte da história da SATA.
Em Ponta Delgada termina hoje o 1º. Encontro Internacional de Poesia. Este encontro de poetas e a condição de ilhéu trouxe à cidade de Ponta Delgada poetas de todas as nossas ilhas, mas também de outras ilhas, de outros mares, Madeira, Canárias, Cabo Verde, Itália e Canadá fazem-se representar por poetas que têm em comum a sua condição de ilhéus e sua poesia.
Lançamento de livros, painéis de debate, encontro dos poetas com alunos do ensino secundário, recitais de poesia e alguns apontamentos musicais fazem antever um final de semana a não perder por quem gosta de poesia. Desde logo para quem a escreve, mas sobretudo para quem a lê no sossego da sua intimidade, viaja e sonha com ela ou, para quem a promove em tertúlias, encontros e recitais. Dir-me-ão que é uma iniciativa ousada e que não terá sido fácil a sua realização, Concordo mas se o fosse dispensavam-se estas iniciativas. Fica um reconhecimento público pela ousadia dos promotores desta iniciativa cultural.
Fique bem, fique com este fragmento de um poema que fala, disso mesmo, fala da condição de ilhéu:
(…)
E somos nós, ilhéus atlantes e este mar
A viver o tempo, neste lugar, neste instante
E o mar, o mar presente, o mar imenso
Este mar de abaladas e regressos
Este mar de saudades
Saudade que nem sempre é dor
Mas é sempre, sempre, Amor (…)
Ponta Delgada, 14 de Outubro de 2017
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