Foto by Aníbal C. Pires |
Nem sindicatos, nem comissões de trabalhadores, Nada. Nem uma palavra sobre este processo que, segundo o que se ouve por aí na toada da terra e dos céus, estará para ser concluído sem muitas demoras. Adivinha-se quem é o parceiro, aliás dificilmente poderia ser outro e, os crentes da inevitabilidade sempre poderão dizer, Do mal o menos.
Não quero crer que eu seja o único cidadão, e não serei, a surpreender-me com a anuência tácita dos trabalhadores à privatização parcial daquela empresa do Grupo SATA, não só os trabalhadores da SATA Internacional/Azores Airlines, mas também todos os outros pois, ninguém tenha dúvidas que o processo vai trazer alterações no seio das restantes empresas do Grupo.
O facto de estar desenhado um parceiro que é simpático aos olhos dos trabalhadores da SATA Internacional/Azores Airlines, diria mesmo desejado e, mesmo não conhecendo o caderno de encargos, nem outros compromissos que informalmente já possam ter sido assumidos pelas partes, e que garantam que não vai haver despedimentos, reduções salariais e outros direitos, consagrados, ou não no acordo de empresa, a história diz-nos que a privatização da coisa pública é sempre, mais tarde ou mais cedo, prejudicial para os trabalhadores, mas também para o interesse público. Exemplos, Bem exemplos temos aí para todos os gostos, o BCA, os CTT, a REN, a EDP, à, pois a TAP. A TAP ia ficando esquecida, o que no presente caso seria imperdoável. Os exemplos podem não ser muitos, mas são suficientemente exemplificativos de quanto a privatização foi perniciosa para o interesse público e para a destruição de postos de trabalho e, por aqui me fico. Embora a lista das perdas para os trabalhadores e para o interesse publico seja bem mais extensa.
Foto by Aníbal C. Pires |
À medida que as palavras vão brotando surgem novos motivos para dar continuidade a este escrito que não sendo um requiem sobre a SATA Internacional/Azores Airlines, será pelo menos sobre o fim próximo de um projeto que teve autores e decisores e, sobretudo, uma finalidade inserida numa estratégia de desenvolvimento regional e de afirmação dos Açores no exterior. Com a alienação de uma parte do capital social da SATA Internacional/Azores Airlines pode afirmar-se que vamos assistir à derrota desse objetivo.
Foto by Aníbal C. Pires |
Essa alternativa foi colocada recentemente em coluna de opinião pelo Dr. Pedro Gomes, solução que eu subscrevo sem reservas, e que passo a transcrever. “(…) O Governo Regional parece já ter desistido de negociar com a Comissão Europeia - invocando os princípios da continuidade territorial e da modulação do mercado único nas regiões ultraperiféricas e o conceito das “auto-estradas do ar” - uma solução que lhe permitisse aumentar o capital social da Azores Airlines, saneando-a financeiramente, sem sujeição às regras de auxílio de Estado ou a severas medidas de reestruturação empresarial, como foi imposto em processos de aumento de capitais públicos noutras companhias aéreas europeias. (…). Estamos de acordo caro Dr. Pedro Gomes, nem tudo foi feito, ou melhor ainda, Nada foi feito para garantir o interesse público regional, no que à SATA Internacional/Azores Airlines diz respeito.
Ponta Delgada, 10 de Dezembro de 2017
Aníbal C. Pires, In Azores Digital, 11 de Dezembro de 2017
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