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O coro está afinado. É bom para o próprio e prestigiante para Portugal, dizem-nos. Pois que seja. Já assistimos a outros momentos, não muito distantes, de exaltação nacional com a ascensão de alguns portugueses a altos cargos no estrangeiro. Nunca me entusiasmei nem fiquei embebido de sentimentos patrióticos por tais acontecimentos, prefiro homenagear os emigrantes anónimos espalhados pelo Mundo, esses sim são motivo de orgulho e têm toda a minha admiração.
Em Julho de 2004 numa crónica, a que dei o título “O momento português”, referi-me à irrelevância, para Portugal, de ter Durão Barroso na presidência da Comissão Europeia. Se foi bom para o próprio, Sem dúvida. Se foi bom ou prestigiante para Portugal, Não me parece, a não ser o facto de ter deixado de ser o primeiro ministro de um governo de má memória. Durão Barroso é atualmente o presidente do Banco Goldman Sachs International, e isto sim terá algum significado.
Um outro “momento português” que, como o anterior, também uniu o coro do centro político nacional foi a nomeação, em 2010, de Vítor Constâncio para Vice-governador do Banco Central Europeu(BCE). Também sobre esse “momento português” escrevi e publiquei um texto, em Fevereiro de 2010, no qual tornava clara a minha posição de alheamento face ao contentamento generalizado da nomeação do então Governador do Banco de Portugal para a vice-presidência do BCE, tendo-lhe sido atribuídas responsabilidades pelas áreas de investigação e de supervisão e estabilidade financeira dos mercados dando corpo à ideia, da Comissão Europeia, de reforço e vigilância do sector financeiro e bancário com o objetivo de prevenir novas crises, Pois.
Neste caso nem a sua saída do cargo que ocupava, apesar das responsabilidades de Vítor Constâncio no caso do BCP, do BPN e do BPP, me mereceu nenhum registo de satisfação.
Vítor Constâncio tinha uma vasta experiência ancorada no erro e na sua grande capacidade de prever quando a realidade já estava instalada, por conseguinte, reunia as melhores condições para assumir o papel de marioneta ao serviço dos interesses da alta finança europeia e mundial. E assim tem sido, nem mais nem menos. Se foi bom para o próprio, Sem dúvida. Se foi bom e prestigiante para Portugal, Não me parece.
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Quanto a Mário Centeno e à sua hipotética ida para a presidência do Eurogrupo direi que me é indiferente e não alinho com o habitual coro de satisfação perante mais este “momento português”. Se vai ou não ser prestigiante e bom para Portugal, Não me parece. Se vai ser bom para o próprio, Sem dúvida.
Há quem me diga que face ao desempenho económico e financeiro de Portugal, ao qual Mário Centeno não terá sido alheio, a União Europeia estaria à procura de uma resolução para por, de novo, este pequeno país do Sul periférico nos carris das políticas de austeridade. A resolução terá sido tomada considerando as caraterísticas dos portugueses, assim o diretório da União Europeia concluiu que a melhor forma de o conseguir seria colocar na presidência do Eurogrupo um português.
O parágrafo anterior mais não é do que a tradução de uma conversa de café entre dois amigos a brincar com coisas sérias. Que ideia mais estapafúrdia a deste meu amigo. Vejam só, um português na presidência do Eurogrupo para colocar Portugal nos eixos. Ele há coisas do arco-da-velha.
Ponta Delgada, 03 de Dezembro de 2017
Aníbal C. Pires, In Azores Digital, 04 de Dezembro de 2017
(*) Mário Centeno foi hoje eleito para a presidência do Eurogrupo
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